Rodrigo Müller Marques, 27 , é graduado em História e Mestre em Ambiente e Desenvolvimento pela Univates. Atua na escola Frei Vicente Kunrath, em Canudos do Vale, e no Colégio Teutônia. Inspirado em Paulo Freire, acredita que ensinar e aprender é um ato de amor.
Por que escolheu essa área?
Sempre fui inquieto e curioso com as relações entre as diferentes áreas do conhecimento e como podemos transcender algumas “amarras” disciplinares, por isso pensar nas relações entre indivíduo, sociedade e natureza me seduziu e ainda me seduz. Além disso, posso citar duas influências que potencializaram meu caminho em direção à área ambiental: a minha relação com a terra, pois venho de uma família ligada à agricultura, e o trabalho conjunto com minha orientadora, a Dra. Jane M. Mazzarino, que coordena um projeto lindo do qual eu faço parte chamado Comunicação, Educação Ambiental e Intervenções (CEAMI).
Por que cursar história?
Desde pequeno ficava “entrevistando” minha avó para saber das histórias do seu passado e conforme cresci, sempre me indaguei sobre os motivos do mundo ser como ele está sendo. Por que vivemos desse modo? O que nos levou até essas lógicas de pensamento e de ação? Acho até que uma das perguntas mais simples, daquelas que fazemos desde muito pequenos é o que me levou a cursar história: Por que? Mal sabia eu que após cursar história descobriria que tal pergunta deve ser feita no plural e dificilmente terá respostas rápidas e certeiras.
Apesar de alguns desvios no percurso, a inquietação sobre o que acontece conosco e com o mundo me levaram até a História e então encontrei uma área viva e pulsante, recheada de diferentes traços que foram compostos no passado,
mas ainda compõem o presente e serão “notas das sinfonias futuras”. Hoje, falando em perspectiva histórica, cursar história foi a realização da vontade de saber mais e de ampliar horizontes a fim de tentar ajudar na construção de realidades futuras inclusivas, diversas, plurais e vivas.
Como se sente fazendo parte desse processo de formação do ser humano?
Ser docente, na minha concepção, é transitar por coexistências sensíveis, pois no cotidiano convivo com frustrações e alegrias, tropeços e avanços, desilusões e muita paixão por aprender e ensinar. Acredito que temos muito o que melhorar em diferentes aspectos, como na remuneração, na formação inicial e continuada, nas condições de trabalho e no reconhecimento social, dentre outros pontos. Nesse sentido me considero privilegiado, pois trabalho em duas instituições fantásticas, uma pública e outra privada e sou, na maior parte do tempo, feliz com o que faço.
Creio que sentir seja a palavra-chave, pois ser professor é sentir amor pelo outro e pelo ato de ensinar e de aprender. Amor do tipo que Humberto Maturana fala, que reconhece o outro como legítimo e com ele coopera na construção de diferentes saberes. Ser professor é amar, pois como diria Paulo Freire, lido com gente, gente que sente e eu, sendo gente também, sinto que ser professor é mais do que formar, é transformar e deixar-se transformar nas relações que tecemos com nossos estudantes, colegas e com o mundo que nos cerca a fim de transformá-lo em um lugar melhor para se viver.