Luiz Darde, 66 anos, é natural de Porto Alegre e um dos pioneiros na publicidade no Vale do Taquari. Com mais de quatro décadas de atuação, é fundador da agência mais antiga de Lajeado, que serviu de inspiração para o surgimento de outras empresas do ramo. Ao longo dos anos, acompanhou todas as transformações de uma das profissões mais dinâmicas.
• Desde a adolescência, você gostava de desenhar. De onde surgiu esse dom para desenhos?
Sempre me interessei pelas artes desde pequeno. Para desenhar, me inspirava nos gibis e personagens da Disney. Mas queria ter meu próprio traço. Então, comecei a produzir painéis com ilustrações próprias para decorar reuniões dançantes (boates), pintar faixas e vitrines, caricaturas para uma coluna do Jornal Informativo, isso com 13 anos. Creio que o “dom” esteja no sangue mesmo, pois lembro de admirar os desenhos de minha tia Zuleida Darde, de Uruguaiana. Também admirava a professora Marlene, do Castelinho, que lecionava desenho.
• Como você foi parar na publicidade?
Aos 14 anos, já trabalhava no departamento de RP da Polar em Estrela, mostrando a fábrica para visitantes e excursões. Nas horas vagas, acompanhava o pessoal do Departamento de Arte, que desenhava os rótulos das faixas promocionais. Mais uma escola. Da Polar, fui parar na Certel de Lajeado, como caixa e, logo o Célio Horst viu que eu estava no lugar errado e me transferiu para o Departamento Técnico em Teutônia, como desenhista de projetos elétricos.
• Você foi premiado num concurso nacional ainda jovem. Como foi a experiência?
Ainda na Certel, um belo dia, vi que tinha um concurso de cartazes sobre segurança do trabalho do Ministério do Trabalho. Desenhei o cartaz em nankin e acabei ganhando o terceiro lugar nacional e um cheque das mãos do Ministro do Trabalho, numa solenidade em Porto Alegre. Foi então que decidi virar publicitário e meu primeiro cliente, foi justamente a Certel, isso em 1978.
• Com todas as novas tecnologias disponíveis, trabalhar com publicidade se tornou mais acessível?
Nem se compara. No início a gente rabiscava o layout, saia correndo para Santa Cruz do Sul compor os textos e voltava de madrugada com a arte pronta dos anúncios e outras artes. Hoje, com texto, foto ou ilustração pronta, um anúncio basicão é feito em 15 minutos. Lógico que peças mais elaboradas levam mais tempo. Uma história: em 1991 eu dava assessoria para uma gráfica local, com ilustrações. Quando apareceram os primeiros computadores, eles adquiriram e o encarregado me dispensou, pois usariam cliparts do Corel. Um dia, me chamaram para desenhar para um cliente deles. Agradeci, mandei ele sentar na frente do computador e dar a ordem: “Desenha aí, PC”.
• As transformações do setor foram inúmeras ao longo dos anos. Hoje, o publicitário possui um papel mais relevante do que no período em que você começou a trabalhar?
Claro que sim. Hoje, como existem mais profissionais da publicidade e clientes mais exigentes, todos devem ser especialistas no envolvimento, na criação, e também produzir com uma maior agilidade.