Ano atípico por conta da pandemia e descrença da população com a política e os partidos. Estes argumentos são as principais causas, para especialistas, dos altos índices de abstenção registrados pelo país no primeiro turno das eleições municipais. O fenômeno, ocorrido principalmente nos grandes centros, não passou batido no Vale do Taquari.
Se em 2016 apenas 9,86% do eleitorado apto optou por não escolher os representantes dos municípios, em 2020 esse percentual disparou, chegando a 15,36%, segundo levantamento feito pela reportagem. Uma alta de 63,25%. Ao todo, 44 mil dos 286,5 mil eleitores da região não compareceram às urnas.
Dos 38 municípios da região, conforme o levantamento, apenas três registraram queda na abstenção na comparação com 2016: Putinga – que havia registrado proporcionalmente a maior ausência de eleitores no último pleito -, Roca Sales e Westfália. Nos demais, verificou-se o mesmo fenômeno do país, com aumento dos ausentes.
Em alguns municípios, o número de abstenções pode ter sido decisivo para o resultado do pleito. Em Colinas, por exemplo, Sandro Herrmann (PP) foi reeleito com uma diferença de seis votos para Beto Frielink (MDB). Já em Pouso Novo, a vitória de Moacir Severgnini (PDT) sobre Aloísio Brock (PTB) foi consolidada com vantagem de apenas nove votos.
Lajeado puxa lista
Maior eleitorado do Vale do Taquari, com 60,9 mil eleitores, Lajeado registrou a maior abstenção da região, tanto numericamente quanto proporcionalmente. Ao todo, 14.332 cidadãos deixaram de comparecer às urnas no último domingo, o que representa 23,5%, quase um quarto do eleitorado do município.
Estrela também superou os 20% de abstenção, já que 5.295 eleitores não votaram no domingo. O número é maior do que a votação de seis dos sete candidatos a prefeito. Taquari, com 18,93%, e Encantado, com 18,88%, também estão entre as maiores abstenções da região.
Paverama, que tem 5,8 mil eleitores, também teve um número considerável de abstenções: foram 771 ausentes no pleito.
Entre as menores do país
Embora tenham registrado aumento na abstenção em 2020 na comparação com o pleito passado, três municípios do Vale ganharam destaque nacional, estando entre as dez menores abstenções registradas no país nas eleições de domingo.
Capitão, com um índice de 3,36% de ausentes, teve a segunda menor abstenção do Brasil, sendo superado apenas por Marema (SC), que registrou um percentual de 2,94%. Dos 2.730 eleitores aptos no município do Vale, 2.638 compareceram às urnas.
Além de Capitão, estão no “top 10” os municípios de Vespasiano Correa (4,01%) e Canudos do Vale (4,21%). Em comum, o fato de todos contarem com populações pequenas, entre 2 mil e 3 mil habitantes.
Brancos e nulos
Já o total de votos em branco ou nulo na região foi de 26 mil. Na disputa majoritária, foram 6,6 mil votos em branco e 6,9 mil nulos. Já no pleito legislativo, os eleitores que votaram em branco é maior: 6,9 mil, mas os que optaram pelo voto nulo é menor: 5,5 mil.
Proporcionalmente,Lajeado também teve o maior percentual, ficando na casa dos 5% de votos em branco e quase 4% de nulos, nos pleitos para prefeito e vereador.
33% de ausência na capital
- A abstenção registrada no primeiro turno das eleições no país é a maior em 20 anos. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 23,1% dos eleitores não compareceram às urnas. Em 2016, por exemplo, havia sido de 17,6%.
- Entre as capitais, Porto Alegre se destaca negativamente. É a que registrou a maior abstenção, com 33,08% de ausentes, o equivalente a 358,2 mil eleitores. A soma dos votos brancos, nulos e abstenções é de 436,9 mil eleitores, superior aos votos recebidos dos dois candidatos que disputam o segundo turno, Sebastião Melo (MDB) e Manuela D’Ávila (PCdoB).