Saúde, educação e segurança: as prioridades dos eleitores

Esperança depositada na urna

Saúde, educação e segurança: as prioridades dos eleitores

Os eleitos desse domingo assumem no dia 1º de janeiro de 2021 com a responsabilidade de atender os anseios da comunidade. Olhar mais humano para os problemas da população, manter a ética no exercício das funções públicas e cumprir com as promessas de campanha estão na base daquilo que os eleitores desejam

Saúde, educação e segurança: as prioridades dos eleitores
Na maior sessão eleitoral de Santa Clara do Sul, o movimento foi intenso no início da manhã. Do total de 5.219 eleitores da cidade, 1.967 votam no local (Foto: Filipe Faleiro)
Vale do Taquari
oktober-2024

“A gente sempre vota esperando que as coisas melhorem”. As palavras de João Alfredo Lehnen, de Lajeado, 62, resume o sentimento dos eleitores. O aposentado foi o primeiro a chegar no maior colégio eleitoral de Lajeado, o Colégio Castelo Branco. Eram 6h

São 3.250 eleitores, divididos em dez sessões eleitorais. “Para mim, votar é mais do que uma obrigação. É a forma de contribuir com a comunidade.” Logo atrás dele, a segunda na fila de votação, Lili Mattes, 63, concorda e acrescenta: “votar é a esperança de uma sociedade melhor. Por isso acordei cedo e muito animada.”

Quando perguntados sobre as prioridades para a gestão pública, a resposta parece uníssona. “Saúde e educação. Isso é que precisamos melhor.”

Junto dessas duas áreas, soma-se ainda a segurança, o trabalho e renda, além das obras de infraestrutura urbana.

Ao longo de toda a votação de ontem, a reportagem do A Hora percorreu dezenas de zonas eleitorais em mais de 40 cidades nas regiões dos vales do Taquari e Rio Pardo. Nas conversas com os eleitores, se percebe a esperança por dias melhores e também a necessidade de políticas públicas sobre serviços básicos.

As prioridades apontadas pelos eleitores João Lehnen e Lili Mattes, estão no cerne das preocupações de muitos eleitores. Aos políticos que assumem os governos municipais e as câmaras de vereadores a partir do dia 1º de janeiro, a cobrança social recaí sobre garantir uma educação pública de qualidade, ter um atendimento em saúde mais ágil e mais resolutivo. Junta-se a isso, ainda que não seja uma obrigação dos municípios, a preocupação com o avanço da criminalidade.

Nas consultas aos eleitores, aparecem temas também voltados ao desenvolvimento econômico, em especial no trabalho e renda, além da zeladoria da cidade, com obras de infraestrutura, cuidado com espaços públicos, como calçadas e praças.

“Votamos para dar exemplo”

Pelos corredores do Colégio Castelo Branco, o caminhar lento e muitos bons dias. O casal Gladis, 80, e Olivo Zagonel, 85, chamam atenção por onde passam. O voto deles é facultativo. Não precisariam ir até a sessão eleitoral. Mesmo assim, não deixam de comparecer.

“Queremos o melhor para a nossa cidade e para o nosso país”, afirma Olivo. A esposa complementa: “Também votamos para dar o exemplo. Para nossa família e para os mais jovens valorizarem esse momento.”

Diante da descrença de muitos eleitores, do aumento das abstenções, dos votos em branco e nulo, enaltecem: “é preciso participar. Escolher bem, pesquisar e sempre acreditar que é possível melhorar”, ensinam.

As palavras de Gladis e Olivo vão ao encontro do que pensa Maria Inês Steves. Com 71 anos, o voto dela também é facultativo. “Continuo votando e vou votar até quando conseguir. Participar é muito bom. Para todos que não acreditam, em especial os jovens, estou aqui para mostrar que temos de confiar na nossa democracia.”

A aposentada mora em Lajeado faz 40 anos. Relembra os anos de Regime Militar e toda a mobilização em torno das Diretas Já, entre 1983/84. “Vivi um período que não havia o voto. Agora, temos de confiar na escolha das pessoas. O jovem precisa aprender com a história e usar todo o conhecimento, as tecnologias, para fazer coisas boas”, ensina.

De Santa Clara do Sul, Roberto Renner, 62, destaca: “acredito na nossa democracia.” Para essa máxima, relembra o período de criança e adolescente. “A cidade melhorou muito. Essa escola que estamos não existia.”
Ele votou pela manhã, na Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara. “Minhas netas estudaram aqui.

Quando eu era novo, era muito difícil. Não tínhamos o acesso a educação que se tem hoje.” Por esse histórico, realça a necessidade da participação da sociedade. “É por esse modelo que podemos fazer a nossa cidade ser cada vez melhor.”

“Maturidade democrática”

Roberto Renner aposta na política como meio de melhorar a vida das pessoas (Foto: Filipe Faleiro)

Em meio a votação no Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), o promotor de Justiça, Sérgio Diefenbach, chega com a família. Com 30 anos acompanhando eleições, foi promotor eleitoral em 2014.

“Algumas coisas permanecem muito iguais e outras tantas melhoraram. Percebo um ambiente muito mais pacífico no dia da eleição.” Ainda assim, a véspera é intensa, em especial nos anos de escolha dos agentes municipais, realça o promotor.

Apesar do voto facultativo, Maria Inês Steves fez questão de participar (Foto: Filipe Faleiro)

“O momento é de superação e demonstração de uma maturidade democrática que o país persegue. Temos conseguido seguir adiante apesar das adversidades e das divergências.” Para ele, é preciso ter em mente que as melhorias sociais só são possíveis a partir da escolha coletiva. “Às vezes, as pessoas se desesperam e buscam soluções mágicas. Isso não existe. A solução está dentro de nós mesmos, pelas nossas decisões, pela escolha democrática, onde o voto meu é igual aos demais.”

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