Tecnologia mantém viva a tradição de badalar o sino

Santa Clara do Sul

Tecnologia mantém viva a tradição de badalar o sino

Paróquia de São Francisco Xavier investiu R$ 25,2 mil para automatizar sino que já toca em Santa Clara do Sul faz mais de 90 anos

Tecnologia mantém viva a tradição de badalar o sino
Automatização do sino ocorreu na semana passada e substitui trabalho braçal feito desde o início do século passado Foto: Fábio Kuhn
Vale do Taquari
oktober-2024

Tocar o sino na Paróquia de São Francisco Xavier agora é função das máquinas. Desde a semana passada, o serviço que por mais de nove décadas foi feito por funcionários ou voluntários passou a ser automatizado.

O investimento, que chegou a R$ 25,2 mil, se mostrou necessário com o passar dos anos e a dificuldade de encontrar pessoas disponíveis para badalar o sino. Na pandemia, alguns funcionários da paróquia foram afastados, situação que prejudicou ainda mais o trabalho.

Conforme o representante da Paróquia, Charles Thomas, outra vantagem da substituição do trabalho braçal é a padronização do toque do sino. As variações do som indicam se o sino está marcando um horário (6h, 11h30min e 18h), informando um falecimento ou alertando para algum fato marcante.

Charles Thomas herdou do pai a função de dar corda ao relógio da igreja. Foto: Fábio Kuhn

Tradição quase centenária

A igreja matriz de Santa Clara do Sul foi construída entre 1913 e 1916. Estima-se que os sinos foram instalados logo depois, no fim da década de 20. Em 1951, a igreja ganhou o relógio da torre, que pesa cerca de 700 quilos – doação de Cecília Anschau.

Por mais de 40 anos, Heitor Thomas (pai de Charles), foi responsável por dar corda no relógio. A função passou para Charles em 2018. Ele a realiza sagradamente toda a terça-feira de cada semana. “Faço porque gosto, é uma forma de se sentir útil”, resume.

Embora o relógio de pulso e o celular tenham substituído a necessidade de olhar o horário na torre ou do sino badalar a hora, Charles comenta que muitas pessoas ainda mantém o costume de se guiar por esses instrumentos. “O relógio e o sino só deixam de funcionar quando estão em manutenção e muitos percebem”, reforça.

Para o pároco de Santa Clara do Sul, Ênio Orlando Griebeler, o toque do sino também representa um “sinal de fé” e serve para reforçar a devoção da comunidade.

As badaladas marcantes

Griebeler lembra também que, no passado, o sino servia como canal de comunicação, informando para a comunidade fatos marcantes que estavam acontecendo naquele momento.

Entre essas situações históricas, Charles se recorda de dois incêndios que destruíram estruturas da Fábrica de Calçados Andreza e o Centro de Reservistas de Santa Clara do Sul. “Esses sinístros aconteceram na noite e madrugada, então o som do sino chamou muito atenção das pessoas”, recorda.

De fato positivo, Charles lembra das badaladas no centenário da paróquia, celebrado no dia 12 de outubro de 2016. Outro fator marcante onde o sino foi usado ocorreu durante a ordenação do bispo João Inácio Muller, em 2013.

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