Inter, Coudet e a realidade do futebol brasileiro

Opinião

Caetano Pretto

Caetano Pretto

Jornalista

Colunista esportivo.

Inter, Coudet e a realidade do futebol brasileiro

Brasil

Quando parecia que o Internacional possuía um projeto promissor, estruturado, e que daria retorno no médio ou longo prazo, o mundo girou e a realidade do futebol brasileiro veio à tona. A segunda-feira foi nebulosa para o torcedor colorado.

O Inter tinha um bom plano. Foi buscar Eduardo Coudet no Racing ainda antes da temporada passada acabar. Apostou tanto no argentino que terminou o ano com um técnico tampão, Zé Ricardo. Foram feitas muitas promessas ao treinador. Tantas, que o clube não conseguiu arcar com a palavra.

Era evidente o descontentamento de Coudet com a direção. Seja pela política que insiste em entrar no vestiário colorado. Seja pelo projeto que lhe foi prometido e não foi cumprido. Claro que a pandemia contribuiu para isso. Prometeram um “super Inter” ao comandante. Chacho constantemente falava no elenco curto que possuía.

Sabemos que o Inter não nada em dinheiro. Bem pelo contrário. O clube nos últimos anos alimenta uma grande dívida, e até por isso errou em prometer reforços pomposos ao treinador. Mesmo sem a pandemia era grande a chance do clube não arcar com a promessa.

Coudet preferiu não esperar para ver. A saída para o Celta de Vigo pode ser vista por vários lados. Eu escolhi ver pelo lado da consequência. A proposta da Espanha não foi a causa da saída. Foi a consequência. O Celta também não é uma máquina. Briga contra o rebaixamento em La Liga. Não tem dinheiro para fazer altos investimentos. E mesmo assim o treinador preferiu ir para lá. Isso mostra que o clima no Beira-Rio está longe de ser positivo.

Na dúvida? Chama o Abel

Não há convicção alguma por parte dos clubes brasileiros. O Internacional tinha Coudet, agora tem Abel. O clube aposta na fórmula mágica pela sétima vez. Na dúvida? Chama o Abel. Esse parece ser o sentimento nos corredores do Beira-Rio.

Vejo esta troca como um retrocesso nos planos colorados. Como bem disse Abel Braga em sua coletiva de apresentação, ele sequer terá tempo para treinar a equipe. Por isso, não deve ter tempo hábil para mexer na boa estrutura criada por Coudet.

Abel está longe de ser um treinador ruim. Tem suas virtudes. É um paizão, sabe lidar com os jogadores, com a direção e com a imprensa. Mas não apresenta boas perspectivas futuras. Aos 68 anos, está ultrapassado. Faz tempo que não entrega um bom trabalho. Ano passado teve o Flamengo em mãos e não o fez render.

Dificilmente trará rendimento melhor ou igual ao que o Inter tem apresentado até aqui em 2020.

Da esperança ao rotineiro

Duas semanas atrás o empate em 2 a 2 entre Internacional e Flamengo era apontado como a melhor partida do mundo no fim de semana. Fim de semana esse que também teve rodada nas principais ligas da Europa, inclusive com o clássico entre Barcelona e Real Madrid.

Menos de vinte dias depois, os dois times estão com novos técnicos. Coudet pediu o boné no Inter. O Rubro-Negro Carioca foi ainda mais drástico, mandou embora Domenèc Torrent. Para seu lugar contratou o promissor Rogério Ceni. Nada representa mais o futebol brasileiro do que isso.

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