Dejetos suínos transformados em renda no interior de Progresso

Rural

Dejetos suínos transformados em renda no interior de Progresso

Compostagem reduz impactos ambientais e gera renda em propriedade no interior de Progresso

Dejetos suínos transformados em renda no interior de Progresso
Valdir Trombini, 56, produtor rural de Progresso, investiu R$ 140 mil na unidade de compostagem mecânica, transformando dejetos suínos em composto orgânico (Foto: Felipe Neitzke)
Vale do Taquari

O dejeto de suínos – motivo de preocupação ambiental – é convertido em renda na propriedade rural de Valdir Trombini, 56, em Barrinha, no interior de Progresso.

Desde 2008 no setor de suínos, Trombini percebeu a necessidade em tornar a propriedade sustentável, tanto no aspecto econômico, quanto ambiental. Atualmente aloja 1,8 mil suínos, sendo a maior parte produção integrada à terminação, com ciclo de 90 dias.

“Tenho ainda um chiqueiro destinado para creche, esse com ciclo de 45 dias, quando transfiro os suínos para as outras duas estruturas destinadas para terminação”, explica.

Trombini teve experiências no setor comercial e industrial, mas foi no agronegócio que percebeu um futuro promissor. Para dar destinação correta aos dejetos suínos e gerar receita, investiu R$ 140 mil.

“Fiz a implantação da unidade de compostagem mecânica ainda em 2016. Até hoje não obtive lucro com a venda do composto, mas sei da importância em tratar os dejetos evitando a contaminação do solo e água”, destaca Valdir.

Até então, Trombini comercializava o composto apenas em sua propriedade, principalmente para vizinhos e produtores do setor de hortifrutigranjeiros. “É um excelente fertilizante, não tem cheiro algum, parece terra de mato”, comenta o produtor.

Com apoio da Emater/RS-Ascar, o agricultor encaminhou documentação para vender o composto fora do município. Com marca própria, o objetivo é agregar valor e tornar o investimento lucrativo.

“Todo o licenciamento ambiental já fiz logo quando implantei a estrutura. Agora estamos legalizando para ter uma marca e colocar o fertilizante no mercado”, projeta Trombini.

Uma das únicas composteiras mecânicas da região

Conforme a extensionista rural da Emater/RS-Acar de Progresso, Simone Wobeto, o agricultor é um visionário e empreendedor. “É uma das poucas composteiras mecânicas da região. Em breve vai poder comercializar com valor agregado e disponibilizando um produto que não agride o meio ambiente”, comenta.

Os dejetos suínos são armazenados nas pocilgas. Dos reservatórios é feito o bombeamento até a composteira com serragem, utilizada como suporte na mistura com os dejetos. “A cura leva cerca de oito meses, sendo que a pilha deve ser revolvida com intervalo de 2 a 3 dias. Durante esse processo o calor é liberado em forma de vapor e ar novo é introduzido”, explica o agricultor.

Compostagem é método alternativo

Conforme o engenheiro agrônomo da Emater, Marcos Antonio Bender, a compostagem de dejetos suínos é um método alternativo de manejo, com melhor composição agronômica podendo ser utilizada tanto em lavouras, quanto para cultivo de hortaliças e em jardins domésticos.

A compostagem de dejetos suínos tem melhor composição agronômica podendo ser utilizada tanto em lavouras, quanto para cultivo de hortaliças e em jardins domésticos.

“Não apresenta cheiro como o dejeto líquido, uma vez que a fermentação ocorre de forma lenta e assim apresenta melhor controle de patógenos que podem estar presentes no dejeto”, observa. Ainda de acordo com Bender, o composto é de fácil armazenamento, sendo viável mesmo em pequenas propriedades.

“Devido às suas características, o fertilizante orgânico é comercializado e utilizado fora da propriedade, o que é muito mais difícil no caso de dejetos líquidos, devido ao elevado custo de distribuição, pois acaba transportando muita água”, ressalta.

O agrônomo aponta outra vantagem no composto orgânico. “A compostagem evita a super adubação de algumas áreas como ocorre no sistema tradicional, onde os agricultores colocam os dejetos em lavouras mais próximas as pocilgas, para diminuir o custo de transporte dos dejetos, o que pode acabar transferindo parte dos nutrientes para os mananciais hídricos”, reitera Bender.

Acompanhe
nossas
redes sociais