Preço das carnes puxa alta da inflação

Churrasco salgado

Preço das carnes puxa alta da inflação

Cortes bovinos aumentam mais de 30% e o IPCA fecha outubro com alta de 0,86%, maior patamar desde 2002. Por setores, alimentos, transporte e eletrônicos contribuem com a elevação

Preço das carnes puxa alta da inflação
Preço das carnes tem elevações constantes. Exportação em alta faz com que oferta no mercado interno seja menor. Foto: Filipe Faleiro
Vale do Taquari
oktober-2024

“Tivemos sete aumentos em um mês. Sempre vem, são R$ 0,20, depois R$ 0,40 e no último passou dos R$ 0,80”, conta a proprietária de um açougue no bairro São Cristóvão, em Lajeado, Adriana Schoulten.

A negociação com os fornecedores de carne também está mais difícil. “Agora o prazo de pagamento são de sete dias. Estou reduzindo as compras em tudo para sempre ter uma carne de qualidade no açougue”, relata.

Esse aumento se explica por diversos fatores. Para Adriana, o fornecedor cita a grande demanda pela exportação. Com o dólar em alta, muito do produto nacional vai para o exterior. Com menos oferta no mercado interno, o impacto recaí sobre os consumidores daqui.

“Estamos segurando o que dá para não aumentar para os nossos clientes. Reduzimos nossa margem, mas está cada vez mais complicado”, diz a comerciante.

Essa realidade no comércio local se confirma na cotação do boi gordo. A arroba passou de R$ 200 para mais de R$ 270 em 15 dias. Como resultado, o principal ingrediente para o churrasco do gaúcho fica mais salgado. Para se ter uma ideia, o quilo do coxão de dentro saltou de R$ 23 para mais de R$ 30.

Pela tabela dos frigoríficos, a comparação do preço de julho para outubro, os reajustes superaram 30%. Fatores como a alta no preço dos insumos para alimentação dos animais é parte dessa elevação. Junto com isso, ainda há menor oferta do produto para o mercado interno devido a exportação.

Não só a carne bovina teve elevação. Frango e suínos também acompanham a alta. A desvalorização do real interfere no poder de compra. No caso da produção de suínos, o preço subiu 18,5% de janeiro a outubro. No acumulado dos últimos 12 meses chega a 30,8%. Na cadeia avícola de corte, o percentual é ainda maior, passado dos 40% no acumulado de outubro 2019 até o mês passado.

Nova alta da inflação

Esses movimentos no preço dos alimentos ficam claros a partir da análise do IBGE. O preço das carnes aparecem como resultado do maior Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para outubro desde 2002.

A inflação oficial do país fechou o mês passado com aumento de 0,86%. Dezoito anos atrás, o indicador alcançou 1,3%. Os dados foram apresentados nessa sexta-feira e reforçam o impacto dos alimentos no custo de vida da população. Se trata do segmento com maior variação nos preços. Pela análise do IBGE, as famílias gastaram 1,9% a mais com alimentação em outubro.

O percentual é menor do que em setembro, quando o consumo domiciliar teve incremento de 2,5%. Essa redução é observada devido a desaceleração nos preços do arroz (13,3% em outubro, ante 19,9% em setembro) e do óleo de soja (17,4% em outubro para 27,7% em setembro).

Por outro lado, o tomate subiu 18,6% (com 11,7% em setembro). Itens que haviam reduzido no mês anterior também tiveram aumentos, como as frutas (2,5%) e a batata inglesa (17%).

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