Nesta semana tive a oportunidade de participar de um evento do curso de Arquitetura da Univates e nosso tema era As novas relações na cidade: espaço público, mobilidade e tecnologia, com o foco na dimensão do convívio. Um evento com a participação de pessoas com formações e percepções diversas, mas que concordam que esses meses de pandemia trouxeram inúmeras provocações, várias transformações e obviamente, muitas contradições.
Do pânico inicial entre os meses de março e abril, vinculado ao desconhecido e as perdas de muitas vidas mundo afora, se conformam ao longo dos meses processos de adaptação, de inovação, de convivência e de tentativas de minimizar os impactos pessoais, sociais e econômicos vinculados à pandemia.
Bem, estamos a oito meses vivendo pandemia e tentando conviver com familiares, amigos, colegas de trabalho e com aqueles que nem conhecemos. Percebe-se no momento uma tentativa de apropriação dos espaços públicos das mais variadas formas, uma tentativa de convivência em ambientes abertos e em locais que possuem menor concentração populacional.
Ficam claras algumas alterações dos parâmetros de consumo e apropriação do território, desde consumo mais sustentável até passeios e turismo regionalizados. Esses movimentos promovem o fortalecimento da solidariedade e do coletivo, em função da percepção das necessidades dos outros decorrente da pandemia.
Dessa forma, o que parece ficar para o pós pandemia: as tecnologias da informação serão muito mais incorporadas por todos nós pessoalmente e profissionalmente, desde a utilização de aplicativos para as mais diversas questões, até o uso das redes sociais para trocar, para conviver com as famílias e para interagir com os temas que nos interessam; a vida híbrida deverá permanecer, talvez um pouco mais presencial e um pouco menos virtual, ou o inverso, mas fato é que iremos conviver presencial e virtual em nossas relações de consumo, de oferta de produtos e serviços e nas nossas relações pessoais; regras deverão permanecer, ou seja, distanciamento, usos de máscara e álcool gel, restrições e condicionantes para algumas atividades continuarão por muito tempo e quiçá algumas delas aproveitaremos para aprender a constituir espaços públicos mais higienizados, com regras de convivência claras e respeitadas por todos; percebe-se, como escrevi acima, o fortalecimento do território, do comprar local, do consumir produtos e serviços de pessoas locais, mas, além disso, do conviver e viver mais o território e esse é um aspecto que pode e seria muito salutar se ficasse, ou seja, vamos conviver e nos relacionar em nossos territórios; outro aspecto que foi fundamental e continuará sendo, é a inovação, seja esta no pensar em algo novo ou renovado para nós mesmos, para nossas relações, como também, para nossos negócios; por fim, o isolamento fez com que nós ficássemos inicialmente somente com aqueles mais próximos, agora, nossas redes de relacionamento se redesenham, sejam estas virtuais ou presenciais.
Que usemos a pandemia para fortalecer nossas relações, nossa empatia, que continuemos inovando e que levemos a sério a nossa responsabilidade para com os outros e nossa vida cidadã.