Onde foram parar as moedas?

Dinheiro

Onde foram parar as moedas?

Menor circulação de pessoas acentua problema crônico. Fenômeno também tem relação com hábito de guardar moedas em cofrinhos

Onde foram parar as moedas?
No caixa da farmácia, faltam trocos para pagar produtos de valor “quebrado” (Foto: Matheus Chaparini)
Lajeado

A cada cliente que se aproxima do caixa para pagar a fatura e retirar os medicamentos, a atendente repete, sem muita esperança a mesma pergunta: tem troco? A resposta é quase sempre negativa.

“A maioria dos produtos tem valores quebrados e a gente trabalha com muito desconto, então nosso troco sempre é quebrado”, afirma a gerente de uma farmácia no Centro de Lajeado, Frans Silva. Para garantir o troco, a equipe busca moedas em outros estabelecimentos. O estacionamento rotativo é fonte frequente dos procurados níqueis.

A falta de troco, e principalmente de moedas, é um problema crônico no comércio. As farmácias estão entre os estabelecimentos que mais sofrem com esta situação.

Circulação diminui em meio à pandemia (Foto: Matheus Chaparini)

Menor circulação

A redução na circulação de pessoas e o crescimento das compras on-line em função da pandemia são um fator apontado por comerciantes para um agravamento da escassez nos últimos meses.

“Principalmente agora, que deu uma travada na economia, o pessoal está guardando mais em casa mais. Voltou aquele velho costume de guardar em um cofrinho.”, avalia o presidente da CDL Lajeado, Aquiles Mallmann.

Sem poder dar o troco exato, muitas vezes é preciso arredondar o valor para baixo. No fim do dia, a diferença é percebida na hora de fechar o caixa.

Em falta também nos bancos

Gestor de numerários de uma agência bancária da região, Fábio Kremer tem a tarefa de garantir notas e moedas. Ele afirma que, mesmo para os bancos, não está fácil.

“Isso é uma demanda geral, de Boqueirão do Leão a Cruzeiro do Sul. Todas as unidades têm essa necessidade. Questionei a maioria das agências e todas estão com falta, têm só para o uso do dia”, afirma Kremer.

Ele explica que a distribuição do dinheiro de papel e de metal é feita pelo Banco do Brasil. O Vale do Taquari é atendida pela central de Santa Cruz do Sul.

Para encomendar moedas, é exigido um pedido mínimo e o transporte envolve uso de carros fortes. “Para valer a pena, acaba sendo um volume alto. Às vezes, eles mesmos não têm”, diz.

“Errado é guardar no porquinho e esquecer que ele existe”

Carlos Giasson, economista e professor da Univates
• Economista defende que é possível manter hábito de economizar pequenos valores sem reter moedas nos cofrinhos.

• Por que faltam moedas no comércio?
Esse hábito que as pessoa têm de guardar elas, de não colocá-las em circulação explica um pouco. A facilidade da nota acaba fazendo que, de tempos em tempos, ocorra essa acumulação de moedas de metal. Outra situação é que desde o início do Plano Real, temos processo inflacionário e o dinheiro vai perdendo valor. Aquela moeda acaba valendo menos é menos interessante ainda de levarmos ela conosco. Acaba ocorrendo a falta. Ainda, o custo de produção às vezes é maior que o valor da moeda de fato. A Casa da Moeda produz muito pouco, apenas para repor o que foi perdido.

• Que impacto o hábito de reter moedas no “porquinho” tem na economia geral?
O principal impacto é a redução da moeda em circulação. Agora, não é errado guardar, o errado é guardar no porquinho e esquecer que ele existe. O interessante seria de tempos em tempos levar até um local e trocar, no banco ou no comércio.

• Quais outras saídas para economia de pequenos valores?
Uma das soluções seria botar um limite. Por exemplo, junta R$ 10 e deposita. Não espera juntar R$ 50 ou R$ 100, se não fica muito tempo parado. Outra alternativa seria fazer uma poupança programada e deixar as moedinhas para quando vai comprar o pão, vai ao mercadinho. E manter elas sempre visíveis para não esquecer que existem.

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