“Se perguntar quem é o Ferreiro de Marques, todo mundo sabe que sou eu”

Abre Aspas

“Se perguntar quem é o Ferreiro de Marques, todo mundo sabe que sou eu”

Natural de Progresso, Edacir Antonio Agostini, de 68 anos, é mais conhecido como “Ferreiro”

“Se perguntar quem é o Ferreiro de Marques, todo mundo sabe que sou eu”
Vale do Taquari

Natural de Progresso, Edacir Antonio Agostini, de 68 anos, é mais conhecido como “Ferreiro”. Ele realiza o serviço em Marques de Souza há cerca de 45 anos. No município de origem, aprendeu o ofício com seu irmão e ensinou ao filho que o ajuda a manter o negócio da família.

• O senhor que é o “Ferreiro”?

Eu sou Edacir Antonio Agostini. Em Progresso me conhecem como Quinho. Aqui eu sou o “Ferreiro”. Se perguntar por aí se conhecem o Edacir, ninguém sabe quem é. Se perguntar quem é o Ferreiro de Marques, todo mundo sabe que sou eu.

• O que é importante para ser ferreiro?

É uma profissão que não é muito fácil! A única coisa que o ferreiro tem que cuidar é a temperatura. O resto qualquer um faz, é um trabalho braçal. O aço mais duro se esquenta menos porque se esquentar muito ele quebra. O mais mole se esquenta bem. Daí tem que saber temperar. Mas o mais importante é se dar bem com as pessoas. Todos os dias passa um monte de gente por aqui. Não consigo ficar dois dias sem vir.

• O que te motiva na profissão de ferreiro?

Primeiro que eu fui bem. Foi a profissão que eu aprendi com meu irmão e ensinei para o meu filho. Eu tenho 15 irmãos, oito mulheres e sete homens, três foram para ferraria. Eu conheço os ferreiros de toda a região. Da nova geração, é só o Cristiano (filho). Na solda não chego nem nos pés dele. Trabalho mais com fogo e ferramentas.

• Como você conseguiu o respeito da comunidade?

Honestidade e respeito para mim são fundamentais. Ninguém pode nos cobrar uma coisa no comércio. Aprendi com o meu irmão a fazer a coisa certa. Quando eu cheguei, não sabia falar alemão, até entendia alguma coisa mas não sabia falar. Sou italiano puro. Os agricultores vinham, me mostravam a ferramenta estragada e o dinheiro. Eu dizia “foi tanto”, e contava na frente deles.

• Quando o senhor veio para Marques?

Era 1975, ou 1976. Primeiro eu vim para o centro de Marques de Souza. Quando eu cheguei aqui tinha só uma casa onde hoje é o cartório e outra onde hoje é o STR, o resto era banhado e capoeira. Vieram eu, minha mulher, uns móveis velhos e uma máquina de costura. Minha mulher faz artesanato até hoje. Na época, ela me ajudou muito como costureira. Aí eu comprei fiado o terreno onde hoje é minha casa, fiz um galpão e um puxadinho de madeira atrás. Na época, o antigo ferreiro Guildo Richt ia se aposentar.

• Fora a Ferraria, o que o senhor gosta de fazer?

Antes da pandemia, toda semana eu e minha esposa íamos no baile da 3ª idade. E o futebol de veterano. O time de veterano existe há 22 anos. Foi na época da emancipação. Inauguraram o ginásio e no mesmo dia eu peguei uma folha para anotar os nomes de quem queria fazer o futebol. Também fui 28 anos tesoureiro da Igreja. Nos reunimos para fazer a Igreja e aqueles ali formaram a diretoria. Veio o falecido padre Vinibaldo Backes apontou para mim e disse “esse gringuinho aqui é o tesoureiro”, foi bem assim.

Acompanhe
nossas
redes sociais