Falta de chuva atinge lavouras e Estado busca apoio da União

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Falta de chuva atinge lavouras e Estado busca apoio da União

Secretaria Estadual de Agricultura já contabiliza R$ 500 milhões de perdas na safra de milho. Intempéries climáticas começaram com geada e granizo em agosto. Agora passa por escassez de água. Governo gaúcho busca ajuda federal para liberação de milho

Falta de chuva atinge lavouras e Estado busca apoio da União
Foto: Arquivo A Hora
Estado
oktober-2024

A chuva dessa segunda e de ontem não foi suficiente para repor a umidade necessária ao solo. Com a confirmação de que o ano será de La Niña, com precipitações abaixo da média histórica, já se vislumbra uma nova estiagem com impacto sobre a capacidade produtiva do agronegócio gaúcho.

Mesmo antes do período mais crítico, a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento já confirma os primeiros prejuízos para o campo. Com os episódios de geada e granizo em agosto, agora com semanas de tempo seco, já são contabilizados prejuízos nas lavouras.

A cultura mais afetada neste momento é o milho. Pela análise técnica da secretaria, as intempéries dos últimos três meses resultaram em perdas na ordem de R$ 500 milhões na lavoura do cereal. As regiões mais atingidas são o Norte e o Nordeste gaúcho.

Usado para a alimentação animal, em especial à pecuária de leite, a pouca oferta da silagem faz com que o agricultor precise buscar ração no mercado. Como consequência, há um aumento no custo de produção.

Como forma de se antecipar, a Secretaria Estadual de Agricultura busca apoio do governo federal. A ideia é fazer com que o Ministério da Agricultura libere 100 mil toneladas de milho para o RS.

Além disso, também estão previstas políticas públicas para abertura de açudes em propriedades da agricultura familiar. A escola dos locais considera as regiões mais atingidas pela seca da safra 2019\20.

Plantio antecipado traz bons resultados

De acordo com o gerente adjunto da Regional Emater\Ascar-RS, Carlos Lagemann, o inverno foi de chuvas dentro da média no Vale do Taquari. “Agricultores aproveitaram a umidade do solo e anteciparam o plantio do milho. A planta se desenvolveu bem e essa colheita será boa.”

No entanto, alerta: “a segunda safra, pelo jeito, ficará comprometida. Ao que tudo indica, teremos irregularidade no ciclo da chuva para os próximos meses.” Como dica ao produtor que fará um novo plantio do milho, realça a importância de se fazer um seguro agrícola. “No caso de uma quebra na colheita, pelo menos o agricultor não perde o que investiu. Não terá lucro, mas empata.”

Institutos meteorológicos confirmam a incidência de La Niña para a primavera e verão. Com isso, os próximos meses serão de precipitações abaixo da média. O motivo é resfriamento das águas do Oceano Pacífico, que altera as correntes de umidade e todo o hemisfério sul tem mudança no ciclo das chuvas.

As imagens dos satélites comprovam que o fenômeno será severo, com efeitos previstos até abril de 2021.

Menos R$ 36 bilhões na economia

A falta da chuva de outubro de 2019 até março deste ano repercutiu em toda cadeia econômica gaúcha, aponta diagnóstico da Farsul. As perdas nas lavouras e nas atividades relacionadas ao agronegócio representam menos R$ 36,2 bilhões em circulação no RS. Esse total representa 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado.

Os números comparam os resultados de 2019 e mais a projeção de crescimento para este ano. Em dezembro, havia uma expectativa de que a colheita de grãos injetasse R$ 42,7 bilhões na economia gaúcha, um crescimento de 33%. A frustração devido à seca anulou essa projeção e ainda trouxe um declínio de pouco mais de 1% com relação ao período anterior.

Esse percentual só não foi maior devido à alta na cotação do dólar, que trouxe bons resultados na exportação dos grãos gaúchos.

No Vale do Taquari, conforme a Emater\Ascar-RS, as perdas em decorrência dos meses com chuva abaixo da média ultrapassaram R$ 256 milhões. Para chegar neste valor, foram considerados indicadores sobre as áreas cultivadas e nas que deixaram de ser plantadas em função da estiagem, tendo como base a cotação dos grãos no mercado. O cultivo da soja, por exemplo, teve uma quebra de 47%. Já no milho, 41% da lavoura foi perdida.

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