As eleições, o esgoto e o vale tudo ao poder

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor editorial e de produtos

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

As eleições, o esgoto e o vale tudo ao poder

Lajeado

Lembram daquele discurso de sobriedade, empatia, solidariedade, etc., que viria a ser o legado da pandemia? Pois é, foi para o espaço. A disputa pelo cargo de prefeito virou uma “guerra”. Um jogo de vale tudo, sorrateiro, vil e banal. Lamentável. Lajeado e Estrela, que juntas formam uma grande cidade de mais de 120 mil habitantes, separados – ou unidos – apenas pelo Rio Taquari, deveriam ser a grande referência e o exemplo para os demais municípios da região.

Mas não, lideram uma corrida eleitoral tacanha, suja, de ataques e contra-ataques que não condizem com os anseios, muito menos com as necessidades de ambas as populações.

Está faltando “flagrol”. Senhores candidatos, por favor!

Márcia Scherer, do MDB de Lajeado, tirou a farda de delegada do armário e apelou para um vídeo pesado, no qual acusa Marcelo Caumo, do PP, de estar fazendo conluio com o crime organizado. Tão pesado, que o juiz eleitoral Marcelo da Silva Carvalho mandou tirar o vídeo do ar.

A propósito. Se Marcelo Caumo está – ou estaria – fazendo “pacto com o diabo” para ganhar a eleição, este não poderia virar trunfo da oposição para virar o jogo. Isso é – e continuará sendo – trabalho da polícia. Se aquele evento no qual participou o candidato em reeleição, Marcelo Caumo, tem elementos que configurem algum tipo de conluio com o crime organizado, que se investigue, apure e penalize. Mas jamais isso poderia virar tema para um debate eleitoral, a não ser depois de apurado, investigado e julgado.

Fato é. Marcia Scherer ataca e Marcelo Caumo se defende, enquanto Daniel Fontana tenta emplacar um discurso na base da “paz e amor” e da tecnologia. Estratégias a parte, está na hora de realinhar a campanha eleitoral em Lajeado.

ESTRELA. Sete candidatos. Não poderíamos esperar muita coisa diferente do que está ocorrendo, infelizmente. Lamentamos em escrever, mas a corrida ao poder em Estrela virou uma terra sem lei. Não tem vilão nem mocinho.

Aquele acordão de quase dez partidos, que elegeu e reelegeu Rafael Mallmann, se rachou em três coligações e, nem parece que algum dia todos aqueles já sentaram à mesma mesa e beberam do mesmo vinho.

Em Estrela, até fazer pesquisa eleitoral ficou difícil. O prefeito municipal grava áudio e orienta militância a monitorar os pesquisadores. Um péssimo exemplo de um gestor municipal que, continua sendo – mesmo que ele queira eleger seu sucessor – o prefeito de todos e representa o cargo máximo da cidade.

Chapas contrárias mandam militantes atrás dos pesquisadores também. Outros, pior posicionados nas pesquisas, tentam fazer de tudo para reunir argumentos e elementos jurídicos para tentar impugnar a publicação da pesquisa. Estrela não merece isso.

Sabe o que menos se faz em Estrela? Apresentar propostas concretas, amplas e planejadas. E falo de carteirinha: tive a oportunidade de ouvir cada um por pelo menos uma hora nos últimos dias. O discurso ufanista, inflamado e com frases de efeito, poderia ser trocado por algo mais palpável, concreto e promissor, capaz de estimular uma disputa mais sadia, menos ardilosa e sorrateira. Estrela não merece o que está acontecendo.

A disputa pelo cargo de prefeito virou uma “guerra”. Um jogo de vale tudo, sorrateiro, vil e banal. Lamentável.

AINDA TEMOS 19 DIAS ATÉ A ELEIÇÃO. Aqui no Grupo A Hora, continuamos empenhados numa grande cobertura. Só de Lajeado e Estrela, são dois debates com os candidatos a prefeito, um com os candidatos a vice de cada cidade, afora sabatinas de uma hora que já foram feitas com os dez postulantes ao cargo de prefeito. Montamos essa ampla cobertura tendo em vista o impacto da pandemia e o cenário atípico. No entanto, o velho jeito de pensar e fazer campanha eleitoral impera, infelizmente.

Discordar. Pensar diferente. Apresentar propostas conflitantes. Propor novas saídas para problemas antigos das cidades. Divergir. Sim, tudo isso faz parte de uma campanha eleitoral. Agora, apelar, mal-falar e “fuzilar” o adversário, não. Ainda tem tempo para repensar posturas e comportamentos. Não consigo imaginar que candidatos – especialmente os mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais – apostem no vale-tudo para chegar ao poder.

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