Covid vira gatilho para soluções e ilusões

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Covid vira gatilho para soluções e ilusões

As gerações mais novas nunca viveram uma guerra, ao menos no Brasil. Nem a covid-19 pode ser comparada a algo do gênero, ainda que o alvoroço inicial em março e abril soava como tal. Houve mortes, mas nada muito destoante de outras doenças como câncer, aids e a própria fome.

Sem entrar no mérito de quem tem razão, o alerta sobre o coronavírus criou paradoxos sociais e econômicos. Enquanto mandaram os pequenos comércios fecharem suas portas, players já robustos ficaram ainda mais poderosos e abocanharam espaço. O setor farmacêutico, varejo online e tecnologia nunca ganharam tanto dinheiro e mercado.

Basta analisar a lista das 10 companhias que mais cresceram durante a pandemia: Amazon, Microsoft e Apple adicionaram cifras acima de um trilhão de reais em seu valor de mercado, cada uma. Em seguida, a Tesla, Tencent, Facebook, Nvidia, Alphabet, PayPal e T-Mobile não ficaram muito para trás. A maioria sequer existia há alguns anos.

Fechando esses parênteses, retorno ao propósito da manchete. Com tamanha transformação em curso, o terreno fica fértil para inovação e criação de novos negócios. Junto, aparecem ideias e soluções milagrosas, muitas, espertamente estruturadas e atraentes, por vezes, capazes de seduzirem até mesmo os mais atentos.
Fato é que em terra arrasada qualquer vendedor de adubo faz dinheiro. O problema é o estrago que ele causa quando não aplicado na dose ou local certos. Às vezes, até a fórmula está equivocada porque faltou análise criteriosa de quem comprou ou só quis vender.

A linguagem metafórica acima tenta trazer a reflexão à realidade dos demais negócios. Afinal, sobram milagreiros que vendem até “curas de infelicidade”.

Com a população debilitada emocional e, psicologicamente, este tipo de prática avança fácil. Para citar um exemplo, analisemos as soluções de marketing, vendas e mídias “fáceis”. Muitas funcionam, mas também sobram ofertas de serviços mágicos sem resultados concretos. Ideias sedutoras, mas pouco estruturadas, são o que saltam em 9 de cada 10 propostas.

A área da comunicação é um terreno importante no atual contexto. Está nela uma grande chance de potencializar ou acabar com algum negócio ou estratégia. Na era da internet, ela ganhou dimensões nunca antes imaginadas. Uma marca sem expressão pode se tornar famosa, mundialmente, em questão de dias ou horas, assim como pode despencar na mesma velocidade. É a força e versatilidade da comunicação em escala como nunca.

Eis o perigo e a oportunidade. Então, como se preparar para este “mundo novo que tanto falam e do qual insistem que não podemos ficar de fora”?.

Todos lembram da “palavra de ordem” no começo da pandemia: proteja o caixa. Pois é! O estrago foi grande, e o desespero de quem já não tinha fluxo foi assistir os decretos públicos fecharem seus estabelecimentos. O dinheiro mudou de mãos, e muitos pequenos negócios sucumbiram por falta de fôlego e atividade. Ou seja, o que serve para um, não serve para o outro.

Como se blindar

Algumas reflexões e ações simples podem clarear nossas ideias e proteger nosso bolso de desilusões. Quem já não fez, deve tratar de cuidar logo da psique e das emoções. É passo inicial. Estamos em uma fase muito delicada no que tange ao comportamento humano, ainda mais com a onda de extremismos. Portanto, não adianta cuidarmos dos outros, se não cuidarmos de nós, os líderes do negócio.

As melhores decisões são tomadas com calma, após boas reflexões. Concentrar-se no próprio negócio ou marca, sem a ilusão de encontrar um consultor “salvador da pátria”, ainda que este possa ser útil em muitos casos.

Coisas aparentemente complexas podem ser mais simples. Montar uma loja virtual não é um bicho de sete cabeças, por exemplo. Difícil é construir uma marca. Então cuide dela, preserve sua reputação.
Analise seu negócio e otimize seus serviços de atendimento ao cliente, seja no meio físico ou online. Use corretamente as redes sociais e não de qualquer jeito. Afinal, sua marca exige posicionamento adequado. Tem gente boa no mercado para orientar, basta selecionar direito.

Ferramentas e estratégias de SEO são meios baratos para seus produtos serem encontrados na internet, por exemplo. Isso é algo que pode ser feito com a ajuda de ferramentas simples. Não precisa pagar uma fortuna para alguém fazer isso.

Reavaliar os gastos e lucros de cada unidade ou departamento do negócio é elementar. A melhor estratégia é aquela que ajuda a economizar – a fazer mais com menos. Aposte em parceiros leais e verdadeiros, que não queiram apenas o seu dinheiro.

Outra dica para não cair nos “contos digitais ou milagres” é apostar em um site ou blog. É a sua casa própria na internet, diferente de uma página nas redes sociais – também importantes – mas “alugadas”. Um site permite sua marca criar seu próprio banco de dados.

E, por último, concentre seus esforços e energia naquilo que importa. Consuma noticiários e notícias seletivas, capazes de oxigenarem suas ideias e entusiasmo, sem euforias nem alarmismos. Não seja refém de conteúdos sensacionalistas que apenas desejam vender audiência.

Blindado destes dissabores, é possível criar ambientes de trabalho mais orientados ao estímulo e à coragem, com mais criatividade e bem-estar à sua volta. E não serve apenas para os negócios, pode ser aplicado na vida privada.

Parece simples, mas não é. Pessoalmente, tento praticar e pautar minha rotina desta forma. Em meio ao tumultuado mundo que é um grupo de comunicação, isso é um enorme desafio. Mas funciona. Basta mudar alguns hábitos, crenças e comportamentos. E a pandemia me ajudou.

Bom fim de semana a todos!

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