Faz quase oito meses que inundamos num mar de incertezas nunca antes vivido pelas nossas gerações. Como é comum em situações similares, a sensação inicial foi de medo e precaução. Com exageros de um lado, se impuseram os céticos do outro, quase que numa tentativa de “grenalizar” a doença.
Muita “água rolou por debaixo da ponte” desde março de 2020. De repente, descobrimos que certas atividades, comportamentos, preocupações, prioridades ou formatos não eram tão úteis, necessários ou mesmo dispensáveis. A pandemia chegou para nos dar um “choque digital”. De uma hora para a outra tivemos de aprender a comprar, vender, estudar e a nos comunicar apenas pelas plataformas digitais, à distância.
Aos poucos, nosso medo foi substituído por experimentos mais sensatos, inclusive, com aprendizagens e quebra de alguns paradigmas cotidianos. Também desnudamos nosso comportamento robótico que revelou nossa falta de empatia e despreocupação com o entorno.
A pandemia trouxe grandes lições, para o bem e para o mal. Os mais resilientes absorveram melhor, preferindo uma compreensão mais equilibrada e menos extremista.
Certo ou errado, cada um fez escolhas: alguns negaram, outros enrijeceram e muitos se informaram, ao menos tentaram.
Agora, estamos a menos de três meses do fim do ano. A maioria das escolas seguem fechadas. Como sempre ocorre, os setores produtivos pressionaram para restabelecer o trabalho e a renda. Fôssemos seguir as normas de algumas autoridades mais extremadas, talvez estaríamos todos na fila da Caixa Econômica Federal pedindo 300 pila. Do outro lado, tivéssemos ignorado a doença, talvez faltasse local para sepultar as vítimas.
Repito: certo ou errado, não importa. Todos fizemos escolhas, cada um do seu jeito, na tentativa de acertar.
E daqui para frente?
Não podemos fechar os olhos e fingir que tudo passou. Nem a doença está eliminada, nem a economia garantida. As incertezas ainda pairam sobre vários setores econômicos e sociais. Apesar do otimismo e esperança que todos tentamos incentivar para uma virada, o cenário de incertezas nos ronda. Inclusive, com a ameaça de uma segunda onda da doença.
Tenho refletido, sistematicamente, como fazer ou evitar que minha mente se contamine com este cenário incerto ou duvidoso. Ainda mais, quando olhamos para alguns setores, literalmente, dilacerados pela pandemia. Cito o setor de eventos, para lembrar de apenas um. São milhares de pessoas, aqui na região que, de um dia para a noite, ficaram sem trabalho, sem renda e sem perspectivas de reversão, ao menos no curto prazo.
O Governo Federal foi cirúrgico. Apesar de alguns não reconhecerem, o poder central de Brasília fez a diferença nas empresas e aos trabalhadores – por meio da suspensão de contratos, redução de jornadas e programas de financiamentos. Aliás, segue colocando a mão no bolso – que é nosso – para financiar o tamanho do buraco que só aumenta.
E no nosso quintal, o que esperar?
Já citamos em outras oportunidades. O Vale do Taquari sente menos o baque da crise. Ainda assim, não está imune e, apesar de sua matriz econômica diversificada, sentirá os reflexos globais com os aumentos dos preços em setores estratégicos. A falta de material na construção civil é uma mostra de que o país e o mundo não estavam preparados para aderir à paralisação proposta por alguns. Muito menos um lockdown.
Aqui na região seremos impactados, menos, é verdade. Nossa economia pouco parou. Mas o estrago já sentimos no bolso, diante das gôndolas e prateleiras dos supermercados, dos serviços e em setores como a construção civil, vital para a retomada econômica.
Porém, existe luz no fim do túnel. Se voltarmos os olhos às oportunidades regionais nas áreas de inovação, saúde, tecnologia e alimentos, teremos bons motivos para comemorar e nos preparar para 2021.
Aqui no Grupo A Hora aproveitamos a reta final de 2020 para trabalhar muito, estabelecer e solidificar parcerias, e planejar 2021, com os olhos muito abertos para as oportunidades que se multiplicam em formatos, locais e jeitos cada vez mais diferentes.
Portanto, se o seu negócio está em crise, saiba que na vida fazemos escolhas. Tenha, no mínimo, três, como recomendam os especialistas em estratégia. Você haverá de encontrar uma alternativa, ainda mais em uma região como a nossa, onde quem trabalha consegue prosperar, seja no ramo que for.
Talvez, para alguns, este fim de 2020 sirva para ensaiar um novo negócio, ajustar radicalmente, ou partir para um ramo que ainda não existe. Por que não?