A responsabilidade como princípio ético

Opinião

Caroline Lima Silva

Caroline Lima Silva

Assuntos e temas do cotidiano

A responsabilidade como princípio ético

Lajeado

O mundo está mudando. Um novo modo de viver está se configurando e, com ele, a necessidade de nos transformarmos. A pandemia ainda nos afeta, não apenas no aspecto relativo à saúde e às medidas de segurança, mas também no que tange aos valores humanos. Se não tínhamos uma consciência coletiva para além de nós mesmos até então, agora somos exigidos a repensar nossos atos instintivos e egoístas para atitudes que beneficiem a todos. Nesse contexto, a responsabilidade é um dos valores mais necessários. Talvez o mais importante, que torna o ser humano protagonista de sua história, emocionalmente amadurecido em relação às suas escolhas.

Jean-Paul Sartre foi um filósofo, escritor e representante do existencialismo, uma das mais importantes escolas do pensamento francês, sobretudo nas décadas de 1950 e 1960, com forte repercussão na filosofia, na literatura, no teatro e no cinema. Segundo ele, o ser humano é um tipo diferente de ser, pois pode pensar sobre a própria consciência e sobre o mundo ao seu redor. A partir dessa consciência, reside sua liberdade, consequência básica dessa constatação, conduzindo-o a um senso de responsabilidade perante o que faz. Assim, a responsabilidade acaba por ser um princípio ético, como condição básica no mundo.

Entretanto, o que vemos, não raras vezes, é a terceirização da responsabilidade, aquela velha noção de que a culpa é do outro, do sistema, do governo, do chefe, enfim. Estamos acostumados a uma ação reativa, uma defensiva reação ao nos eximirmos da nossa parcela de compromisso na vida. Assumir a responsabilidade exige uma forte e profunda noção ética, a partir do desenvolvimento da maturidade psíquica no reconhecimento da falibilidade humana, sem desespero e ataques aos outros. Sim, somos falhos e em constante evolução, do início ao fim da nossa permanência neste mundo. Reconhecer isso não é somente responsabilidade individual, mas coletiva para nos tornarmos pessoas menos arrogantes, mas centradas na real dimensão que temos na grande perspectiva do Universo. É um longo caminho de autoconhecimento, um dever, que nos delimita naquilo que é nosso, e o que é dos outros. Assim, mais do que nunca, precisamos de crescimento interno, ético e comportamental. Não há mais tempo para retrocessos, porque nossa sociedade anseia por bons exemplos. Exemplos que entendam que nossa responsabilidade é muito maior do que imaginamos, por abranger toda a humanidade.

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