Fundada no dia 15 de outubro de 1945, a Motomecânica nasceu para dar suporte ao crescimento do número de veículos em circulação em Lajeado. A empresa foi criada por três amigos, o contador Erny Stahlschmidt e os mecânicos Pascoal Ferrari e Assis Duarte Pereira, com o nome de Mecânica Central.
A oficina inciou suas atividades na esquina da ruas Júlio de Castilhos e Saldanha Marinho, onde hoje fica a Caixa Econômica Federal. Na mesma época, chegavam ao Brasil as primeiras fábricas da indústria de automóvel.
De acordo com o diretor comercial da Motomecânica, Rogério Wink, a primeira fábrica da Volkswagen foi criada em São Bernardo do Campo, onde começou a ser produzida a Kombi e dois anos depois o fusca. “Contrataram um representante alemão e viajaram o Brasil para procurar famílias de origem alemã, que fossem comerciantes, para vender carros da marca Volkswagen.”
Em Lajeado, os representantes da empresa encontraram Erny Stahlschmidt e ofereceram a representação da marca. “Em 1957 a Motomecânica tornou-se uma empresa S.A. e uma das primeiras concessionárias Volkswagem no Brasil, com o número 83 de registro.”
Na década de 70 a empresa saiu do centro da cidade para o endereço atual, no bairro Florestal, próximo ao trevo da BR-386. “Estamos em uma localização privilegiada, porque ao mesmo tempo em que todo o movimento da região passa na nossa porta, estamos dentro da cidade.”
Conforme Wink, a Motomecânica hoje une a experiência e tradição de mais de sete décadas de trabalho, com a inovação e velocidade necessária diante do avanço da sociedade digital. Segundo ele, o sucesso é fruto de uma equipe de pessoas preparadas, trabalhando com humildade, processos, método e uso da tecnologia.
“Temos na nossa equipe pessoas com o Rogério Kappler, com 65 anos de empresa, muitas histórias para contar, uma gurizada nova que nos conecta com o consumidor da era digital”, destaca. Para Wink, a união entre a juventude e a experiência traçam o futuro da empresa.
ENTREVISTA
“Temos um futuro brilhante pela frente”
– Quando começa a sua história na Motomecânica?
Rogério Kappler – Ingressei na empresa em Janeiro de 1955, como aprendiz e frentista. Abastecia os carros, enchia pneus, limpava parabrisas, verificava nível de óleo, água do radiador e carga da bateria. Eu atendia esse posto e o número de carros era pequeno na cidade, então eu também me encarregava da limpeza da loja, que era muito simples. Aos poucos, eles foram descobrindo minha vontade de trabalhar e de crescer, então me transferiram para o setor de peça, onde fui muito bem. Depois, fui recepcionista e com o tempo passei a chefe da oficina.
– Como o senhor evoluiu junto com a empresa?
Kappler – A empresa nasce como Mecânica Central, depois foi Mecânica Ferrari. Em 1957 ela se tornou uma S.A. para representar a Volkswagen, e me convidaram para integrar a sociedade. Eu tinha um dinheiro que guardei e comprei na época 200 ações da empresa. Logo depois, me promoveram para ser o intermediário entre a empresa e a fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Capo, São Paulo. Antes da Volkswagen éramos uma oficina de serviços.
– De que forma chegaram os primeiros veículos Volkswagem ao Vale do Taquari?
Kappler – Os fuscas nós despachávamos na Cruzeiro Aviação em São Paulo, até Porto Alegre. De Porto Alegre trazíamos rodando até Lajeado. Já as Kombis não cabiam no avião, então tinham que vir rodando. Naquela época eram 1,7 mil quilômetros daqui até São Paulo, sendo que só 102 quilômetros de asfalto, o resto era estrada de chão. As vezes levávamos três dias e meio em uma viagem. Lembro que fiz amizade com um cara que fabricava acessórios para Kombi, então comprei uma Kombi cheia de acessórios, com 90 dias de carência. A primeira carga que eu trouxe, meu chefe reclamou porque achou não iríamos vender. Mas, em 27 dias vendi tudo, com uma boa margem de lucro. Aquilo nos trouxe o capital de giro necessário para que pudéssemos comprar mais automóveis.
– O que representa para o senhor vivenciar os 75 anos da Motomecânica?
Kappler – Vai fazer 66 anos que estou na empresa. Passamos por crises e dificuldades, mas com muita luta e colaboração dos funcionários e da fábrica, hoje somos uma organização sólida, muito bem vista na comunidade e também na Volkswagen. Temos um futuro brilhante pela frente.