Carla Schroeder é coordenadora da Casa do Museu de Arroio do Meio. Atuando no museu faz 12 anos, destaca a importância do local para a preservação histórica do município.
Como chegou até o Museu Público de Arroio do Meio?
Minha história no museu começou sendo integrante da Comissão Pró-Museu, em 2008. Essa comissão era formada por membros da comunidade que tinham o desejo de concretizar um museu em Arroio do Meio, pauta que se falava desde a década de 1970. No ano de 2008 o prédio foi afetado para fins de museu e em 2009, como professora municipal da área de história, fui designada para trabalhar junto ao museu, por quatro horas semanais.
Como era o local 10 anos atrás?
No início foi necessário legitimar o Museu, buscando a identificação da comunidade com o espaço. A primeira exposição, ainda em 2008, foi “Visconde do Rio Branco, 604, uma história memorável” que tratou da história do prédio, proprietários, moradores, diferentes usos e fatos marcantes da trajetória da casa. Em 2011, sete projetos de todo o Brasil foram contemplados no Programa Mais Museu e um deles foi de Arroio do Meio. O museu foi oficializado em novembro de 2013.
Para você, qual o item mais curioso em exposição no museu atualmente?
O museu conta com mais de dez mil itens no acervo. Como nossas exposições são temporárias, a maioria dos itens não está em exposição. No entanto, dos que estão, os itens de cerâmica indígena chamam a atenção bem como a tesoura usada para cortar a fita de inauguração da Ponte de Ferro, em 1939.
O que te chama atenção na história de Arroio do Meio?
Pode-se ressaltar um fato que ainda muitas pessoas desconhecem, de jesuítas e bandeirantes terem tido contato com os indígenas que nessas terras viviam. Em 1633, um grupo de jesuítas passou por aqui, buscando tribos indígenas para catequizar. Nessa mesma época, exatamente no ano de 1636, outro grupo, os bandeirantes também percorreram esse território, buscando metais preciosos e indígenas, que capturavam e levavam até as fazendas portuguesas de São Paulo, onde trabalhariam em regime de escravidão. Existem documentos comprovando essas expedições. Pelo que se tem conhecimento, é o primeiro momento em que este território foi explorado pelos europeus.
Recentemente, o museu criou um canal no You Tube. Por que surgiu essa iniciativa?
Em tempos de pandemia, o museu está fechado para visitação, porém, as pesquisas continuam e nos deparamos com um desafio, o de produzir conteúdo virtual para facilitar o acesso ao museu. O canal apresenta o projeto “Descobrindo a história de Arroio do Meio”, uma seleção de 10 vídeos que conta episódios da história do município. A produção dos vídeos enriquece a proposta pedagógica, já que os professores terão à sua disposição um recurso a mais para ser utilizado em sala de aula.
Por que é importante preservar a história?
A história nos possibilita compreender quem somos e de onde viemos. Remete-nos ao passado, às nossas origens, com as quais estabelecemos relações de pertencimento e identidade, inclusive nos permite compreender nossas concepções de mundo, valores e ações. Portanto, são essas memórias que dão significado à nossa existência e daí decorre a importância da preservação da história, tendo os museus, papel fundamental nesse processo, como meio que abrem as portas e janelas que nos ligam a diferentes tempos, espaços e memórias.
