“Dirigir caminhão proporciona uma sensação de liberdade”

Abre aspas

“Dirigir caminhão proporciona uma sensação de liberdade”

Bruna Barbosa de Oliveira, 21, é caminhoneira e teve seu pai como inspiração para escolher a profissão. Em uma carreira incomum para mulheres, ela coleciona histórias na estrada. Natural de Caeté, em Minas Gerais, atualmente ela mora Cruzeiro do Sul e se sente realizada ao dirigir seu veículo. Ao mesmo tempo, enfrenta represálias por trabalhar com um caminhão guincho

“Dirigir caminhão proporciona uma sensação de liberdade”
Vale do Taquari

• Como surgiu sua admiração pelos caminhões?

Minha admiração pela estrada e por caminhões surgiu por influência do meu pai, que também é caminhoneiro. Ele sempre teve caminhão e desde criança eu o acompanhava para ajudar. Com ele também aprendi a dirigir e foi quando me apaixonei. Dirigir caminhão proporciona uma sensação de liberdade. A sensação de estar sempre viajando, conhecendo lugares e pessoas diferentes é inexplicável.

• Já sofreu alguma discriminação por ser mulher e motorista de caminhão?

Trabalho com caminhão guincho e, sim, já passei por diversas situações de preconceito. Em uma ocasião eu cheguei sozinha para guinchar um caminhão e o proprietário me perguntou ‘Cadê o guincheiro?’. Respondi com orgulho que era eu! Escutar frases do tipo “Isso não é pra mulher” e “Mulher nasceu pra dirigir fogão” infelizmente ainda são ouvidas no meio.

• Qual história mais marcante das estradas?

Foi na minha primeira viagem sozinha. No caminho, o caminhão quebrou e precisei arrumar. Era feriado de carnaval e não encontrei um mecânico para me ajudar. Passei um dia inteiro tentando, pois um filtro de óleo diesel estava entupido. Consertei sozinha, mas logo após dois pneus furaram. Precisei chamar um borracheiro e eu estava parada no acostamento de uma rodovia de pista simples, há cerca de 400 quilômetros de casa.

O borracheiro conseguiu montar apenas uma roda e eu conduzi o caminhão com pneu estourado do lado de dentro até em casa. Apesar de todo aperto, descobri que o borracheiro conhecia o meu pai e, por isso, não me cobrou nada. Foi uma aventura que me marcou bastante.

• Te imagina em outra profissão?

Quero cursar pedagogia para ficar mais próxima do meu filho, quero acompanhar seu crescimento e estar presente nas descobertas dele. Quando ele crescer, quero voltar para o guincho e comprar o meu caminhão. Nunca é tarde para realizar um sonho.

• Qual mensagem deixa para inspirar outras mulheres a seguirem a profissão que gostam?

Eu acredito que todos são capazes de realizar o seu sonho, mesmo que a profissão não seja tão comum. Muitos podem dizer que não sou capaz, mas estou realizando meu sonho de trabalhar com caminhão. Espero que as mulheres devem ter fé e lutar pelos seus objetivos. Todas podemos alcançar nossos sonhos. Todos preconceitos, comentários negativos e obstáculos eu utilizo como inspiração.

Acompanhe
nossas
redes sociais