O crescimento de Lajeado no começo do século XX teve o rio Taquari como protagonista. Foi às suas margens que surgiram as primeiras edificações no município. Com o tempo, o município se verticalizou, indo em direção a áreas antes de características rurais e o chamado Centro Histórico foi se deteriorando.
A história por trás de cada edificação desperta curiosidades. Principalmente de estudiosos e pesquisadores, como é o caso da arquiteta e urbanista lajeadense Fernanda Pramio Thomas. Sua dissertação de mestrado em Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), focava justamente na história do Centro Histórico do município.
O trabalho foi aprovado pela banca nessa semana e Fernanda tem planos de levar o projeto adiante. Ela propõe a atualização do Inventário Cultural do município, que foi implantado em 1992, e realizado pela última vez em 2011. Detalha cinco edificações, todas construídas entre os anos de 1900 e 1940.
“Este é o período que marca o desenvolvimento de Lajeado, por isto fizemos este recorte. São prédios de arquitetura eclética, com a mistura de estilos. Todos ficam na rua Borges de Medeiros”, explica.
Só um possui proteção estadual
Fernanda visitou os imóveis em 2019 e fez registros fotográficos, também tirou as medidas de cada edificação, além de fazer a modelagem tridimensional de todos.
Nenhuma das edificações encontra-se em desuso, sendo que duas delas – Casa de Cultura e Secretaria de Educação – pertencem ao município. A primeira, por sinal, é a única que possui proteção estadual (tombamento), enquanto as demais foram inventariadas na última pesquisa.
Conforme Fernanda, o inventário atualizado das cinco edificações, com todas as informações históricas e levantamentos arquitetônicos, servirá de apoio ao poder público para ações relacionadas a preservação e conservação dos bens.
“Eram 23 edificações no inventário em 2011, certamente deve ter diminuído em 2020. Na pesquisa, me foquei nestas casas. Acredito que este trabalho também possa ajudar em um futuro projeto de revitalização do Centro Histórico”, afirma.
Exposições
Para tornar o conteúdo acessível à população, Fernanda desenvolveu pranchas no formato A3, com uma síntese do material pesquisado. A ideia é que sejam realizadas exposições em espaços públicos que se interessarem pelo resultado e importância das pesquisas.
“A intenção é fazer exposições no Shopping Lajeado, na Prefeitura e na Univates. Quero disseminar estas informações para ajuda a valorizar ainda mais estas edificações históricas. Hoje, as pessoas estão de costas para o Centro Histórico”, ressalta Fernanda, que também pretende apresentar o seu trabalho ao Comitê do Centro Histórico, do qual atua como voluntária.
Além disso, ela pretende criar uma página no Instagram, com o mesmo propósito de disseminar informações sobre as edificações.
Espaço da Casa Born
O interesse de Fernanda pelo Centro Histórico não é de hoje. Uma das edificações mais antigas da cidade, a Casa Born, foi tema de sua pesquisa no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), aprovado em 2018.
O trabalho visava o restauro do imóvel e a ocupação dos prédios vizinhos para abrigar a construção do Born 793 Centro Cultural. O projeto também preserva a originalidade das construções antigas, sugerindo a integração do espaço com o rio Taquari.
Além disso, Fernanda realizou uma pesquisa online, coletando opiniões sobre as possibilidades de ocupação da Casa Born e sua nova edificação. Foram citados café/restaurante (o mais votado), espaço para exposições, museu, bares, biblioteca, cinema, coworking, auditório, comércio/lojas e apartamentos.
