“O rock gaúcho iniciou junto comigo”

Abre aspas

“O rock gaúcho iniciou junto comigo”

Mais conhecido como Kina, Paulo Kuhn tem 63 anos e trabalha com sonorização desde os 13. Foi um dos precursores no estado. Tocou em festas e boates da região, atuou no surgimento da geração do rock gaúcho, nos anos 80. Com 50 anos de carreira, projeta os próximos passos sem pensar em parar.

“O rock gaúcho iniciou junto comigo”
Vale do Taquari

Como iniciou no mercado de sonorização?
Nessa época, a gente fazia discoteca. Trabalhamos muitos anos com a fita cassete, depois eu parti pro disco. Hoje em dia, o DJ quase não existe mais. Tem colocador de som. DJ, com disco, tem poucos.
Comecei aos 13 anos, quando eu trabalhava no Imec, era auxiliar de caixa. Comecei a mexer, montar caixas de som, coisas pequenas. Não foi nada profissional, era algo que eu gostava. Ali pelos 15 anos, conheci o Ernani [Caye], ele também fazia som na época. Ele me procurou e disse que eu estava tirando os clientes dele. Depois ficamos sócios. Com a nossa junção, ficou um pouco maior e começou a surgir a ideia do Mirage. Nessa época, a gente fazia discoteca. Trabalhamos muitos anos com a fita cassete, depois eu parti pro disco. Hoje em dia, o DJ quase não existe mais. Tem colocador de som. DJ, com disco, tem poucos. Chegamos a ter três equipamentos simultaneamente. Nós fomos os maiores do estado, os precursores.

Você fez bastante sonorização de bandas também?
Antes de parar o Mirage, saiu o Ernani, fez o Som Universal. Aí o Arnulfo Bender ficou fazendo som mecânico e eu fui fazer shows. TNT, Engenheiros do Hawaii, Cascavelletes, Bandaliera. O rock gaúcho iniciou junto comigo. Entrei junto. As bandas Astaroth e Valhala que me botaram nesse mercado. Eu nem sabia o que era fazer um show, era algo totalmente novo. Comecei a pesquisar tudo sozinho. Não tinha muita informação, tinha que inventar. Hoje em dia é fácil, te informa, vai lá e compra.

Quais shows que você trabalhou e te marcaram?
Lembro de dois grandes shows internacionais. A banda Kreator, da Alemanha, tocou no Araújo Viana [Porto Alegre]. Nós fomos dois dias antes montar o som, era uma parede. Levei tudo o que eu tinha, um troço absurdo! Foi um show de outro mundo. Do Araújo, se escutava na Rua da Praia, o auditório não tinha cobertura. O outro foi a banda The Commitments, que fez show na reitoria da UFRGS. Veio uma banda muito grande, 16 integrantes no palco. Montei o equipamento, não operei. Foi um ícone de aprendizado.

Após tanto tempo trabalhando em eventos. Tem graça ir a eventos como lazer?
Olha, sou franco em dizer que é difícil eu ir a eventos. Vou pela curiosidade às vezes. Mas é raro, praticamente não vou. Como estou dentro da coisa, não me atrai.
Já vi muita coisa bem ruim ser feita com equipamento superior ao meu. E tem uma galera bacana de Lajeado, Bico Fino [Brothers Band], La Roots, tem bandas boas. Mas estou acostumado a fazer o show.

O que te motiva a seguir trabalhando?
Isso é uma cachaça, uma paixão.

O que planeja para o futuro? Pensa em parar?
Não tenho vontade de parar. Até os 65, vou com certeza. Depois, vou mudar para alguma coisa mais leve. Inclusive já estou mudando as caixas grandes por menores. Já me ofereceram para fazer programa em rádio web. Não tenho prática nessa parte, mas tudo se aprende.

Acompanhe
nossas
redes sociais