Agosto confirma retomada da empregabilidade no Vale

Mercado de trabalho

Agosto confirma retomada da empregabilidade no Vale

Pela primeira vez desde abril, região fechou mês com saldo positivo. Agosto registra 380 vagas de trabalho criadas. Analistas apontam que pior da crise causada pelo coronavírus já passou e que tendência para os próximos meses é de continuidade na geração de empregos formais. Setores de alimentos e de construção civil puxam arrancada, enquanto o segmento calçadista amarga maiores perdas

Agosto confirma retomada da empregabilidade no Vale
Setores da construção civil e da indústria da alimentação são os responsáveis por puxar a arrancada na geração de empregos no Vale do Taquari
Vale do Taquari
oktober-2024

Aos poucos, a economia regional deixa para trás o abismo provocado pela pandemia. Se pegar o recorte dos meses de junho, julho e agosto, se percebe que após a queda, a curva começa a subir. Dados do Cadastro Geral de Empregos (Caged), do Ministério da Economia, indicam que pela primeira vez desde abril, a região fechou um mês positivo. Em agosto foram criados 380 novos postos de trabalho.

No acumulado do ano, de janeiro a agosto, ainda há muito para se avançar, pois o Vale do Taquari está com saldo negativo na empregabilidade. Nos 38 municípios, foram extintos 2.757 postos de trabalho com carteira assinada.

Teutônia e Mato Leitão representam 54% de todas as vagas fechadas. A similaridade entre as duas cidades está o ramo da indústria calçadista. A pandemia forçou a queda na produção e também resultou em menos exportações.

A economista e presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Codevat), Cintia Agostini, destaca que, frente ao cenário gaúcho e nacional, o Vale do Taquari ter indicadores positivos na empregabilidade demonstra que a região se recupera da crise com mais rapidez do que outras localidades.

“Se formos analisar o acumulado dos últimos três meses, temos bons resultados. Em que pese o maior número de demissões no setor calçadista, temos outros segmentos que absorvem essa mão de obra.”

Em agosto, dos 38 municípios, 22 tiveram saldo positivo na geração de empregos. No acumulado do ano, dez cidades tiveram mais admissões do que demissões. O pior resultado foi em março e abril.

Os meses foram marcados pelo início da pandemia e pelas maiores restrições nas atividades econômicas, iniciadas no Vale no dia 20 de março. Nesses dois meses, o total de postos extintos alcançou 3.439.

Entre as seis maiores cidades da região, de janeiro a agosto, Encantado e Arroio do Meio tiveram saldo positivo. Destaque para Arroio do Meio, com 292 vagas criadas. O setor responsável por isso é a indústria alimentícia, aponta o Caged. Já Encantado criou 95 postos. Na outra ponta, Teutônia (-836), Lajeado (-597), Estrela (-218) e Taquari (-66) fecharam os primeiros oito meses do ano com mais demissões.

Aposta da construção civil

Segmento da economia que movimenta 92 atividades, a construção civil é uma das propulsoras na abertura de novas vagas de trabalho. “O setor está apostando no futuro. Os juros baixos fazem com que as pessoas procurem por imóveis”, diz o vice-presidente do Sindicato das Construtoras do Vale do Taquari (Sinduscon-VT), Jairo Valandro.

De acordo com ele, os meses de junho, julho e agosto foram de aumento na procura por trabalhadores, justo para atender a demanda crescente por imóveis e também reformas. Dados nacionais também indicam essa tendência, diz Valandro.

“Em agosto, o setor abriu 109 mil vagas com carteira assinada. No mês anterior foram 50 mil. As construtoras precisam de muita mão de obra. As empresas estão acreditando nessa retomada e esse é o momento de contratar.”


ENTREVISTA

Ivandro Rosa, Presidente da Câmara da Indústria e Comércio da região (CIC-VT)
• Passados os três meses de insegurança devido aos impactos da pandemia, empresas apostam em um cenário mais positivo para os próximos meses, afirma o presidente da CIC. De acordo com ele, é a volta dos empregos que garantirá melhores condições econômicas à região.

“Só teremos uma retomada consistente com salário”

• Após cinco meses de fechamentos de postos de trabalho, agosto teve saldo positivo de 380. A que se deve esse movimento na visão da CIC?
Ivandro Rosa – É uma retomada previsível. Desde abril, nas reuniões da CIC, estimávamos que o setor de alimentos seria fundamental para a volta da empregabilidade, em especial pelo potencial da região neste segmento.

Junto disso, a construção civil vive uma retomada da confiança. Primeiro pela estabilidade da pandemia e também pela baixa dos juros, pois abre uma boa condição de investimento. No geral, vemos que essa retomada do emprego é um fator muito importante à economia regional.

• No ano, o Vale acumula mais de 2,7 mil postos fechados. Em julho, o semestre havia fechado em 3,1 mil negativo. O que isso representa?
Ivandro – A extinção de vagas é desigual na região. Há cidades, como Teutônia, em que uma empresa fecha, e 400 pessoas perdem o emprego. Essa é uma avaliação complexa, pois alguns setores terão mais agilidade nesta retomada. É muito difícil nivelar, pois não será igual para todos.

• Como as empresas locais se organizaram para evitar desligamentos? Os auxílios ajudaram? Quanto?
Ivandro – Sem dúvida foram medidas importantes. A suspensão dos contratos, redução da carga horária e antecipações de férias deram condições para muitas empresas manterem os trabalhadores.

Os auxílios emergenciais para os autônomos também tiveram um efeito positivo. Além de garantir dignidade, também movimentou a economia. Representou o gasto no mercado, nas contas básicas, de água e luz, por exemplo.

Só teremos uma retomada consistente com salário. Dados do Sebrae mostram que a renda média do trabalhador na região é de um salário mínimo e meio. O auxílio emergencial é 30% disso.


O ano em números

Conforme os dados do Caged, o Vale do Taquari fechou agosto com 96.746 trabalhadores  com carteira assinada.

• Janeiro foi de aumento, com 747 postos criados;

• Fevereiro manteve essa tendência, com saldo positivo de 1.046;

• A partir de março começou a cair. Foram fechados 556 postos.

• Abril foi recorde negativo, com -2.883.

• Em maio essa retração foi de -1.348.

• Junho o desemprego perdeu força, com fechamento de 271 postos.

• Julho esse resultado negativo foi quase nulo. Com apenas 8 postos fechados.

• Agosto é o primeiro mês com saldo positivo desde março. Foram abertas 380 vagas.

Detalhes dos maiores municípios

As seis maiores cidades (Lajeado, Estrela, Teutônia, Encantado, Arroio do Meio e Taquari) representam 72,7% de todo o trabalho formal da região, composta por 38 municípios

• Conforme o Caged, Lajeado contabilizava até agosto 31.932 trabalhadores com carteira assinada. O que representa 33% de todo o emprego formal em 38 cidades da região;

• Estrela é a segunda. Eram 9.864 carteiras assinadas até agosto (10,1% da região);

• Teutônia aparece em seguida. Nos primeiros cinco meses, tinha 9.619 trabalhadores formais, ou 9,9% do total na região;

• Encantado contabilizava 7.641 trabalhadores formais, com participação de 7,8% no total do Vale;

• Arroio do Meio na quinta posição em empregos gerados, com 6.984 de janeiro a agosto. Significa 7,2% do total;

• Taquari somava até agosto 4.623 trabalhadores formais. A participação é de 4,7% dos empregos na região.

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