Guerra Fria em Lajeado

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Guerra Fria em Lajeado

Vale do Taquari

Guerra Fria aconteceu oficialmente entre os anos de 1947 e 1991 e marcou a polarização do mundo em dois blocos, liderados pelos norte-americanos e pelos soviéticos. O evento mundial foi um derradeiro conflito político-i­deológico entre as duas principais potências mundiais do período pós-segunda guerra mundial, e cuja repercussão bélica ocorreu em outras partes do mundo. Uma batalha econômica, diplomática, tecnológica e social. E com um instigante reflexo junto ao viaduto da Rua Bento Rosa, em Lajeado, às margens da BR-386.

O combate ao avanço do comunismo na Europa, instigado pelos EUA, foi o estopim para a Guerra Fria. No Brasil, o conflito ideológico teve forte influência sobre diversas decisões políticas, com destaque para o golpe militar – ou “revolução”, dependendo do seu lado nesta história – de 1964. E, segundo nos contam os histo­riadores, essa batalha ideológica terminou em 1991, junto com a dissolução da União Soviética (URSS), em 26 de dezembro. Mas os vestígios da batalha permane­cem vivos junto ao viaduto da Rua Bento Rosa, em Lajeado.

Eu explico. Recentemente um grupo de artistas venceu um con­curso de arte urbana em Lajeado. E entre os pontos escolhidos para as intervenções artísticas está o entroncamento entre a Rua Bento Rosa e as al­ças de acesso à BR-386. Ocorre que a pintura do viaduto gerou reper­cussão negativa entre muitos lajeadenses que ainda vivem sob o temor de uma nova Guerra Fria. Essencialmente, essa pequena parcela da população ficou incomo­dada com a imagem de alguns punhos cerrados. Para eles, é uma alusão ao comunismo soviético.

Não bastasse isso, e em um terreno localizado a poucos metros das imagens dos punhos cerrados, será construída uma unidade da midiática Lojas Havan, com a famosa réplica da Estátua da Liberdade, o símbolo máximo dos norte-americanos. E isso também gerou histeria – do lado “comunis­ta”, claro. Enfim, brincadeiras à parte, e na minha humilde opinião, os dois objetos deste artigo se tra­tam apenas de uma obra de arte e de uma nova loja com boas oportuni­dades de emprego e renda para os lajeadenses. E vida que segue!


Cartas de Compromissos

As eleições em Lajeado ganham uma nova característica: as Cartas de Compromisso. Em 2016, o então candidato e hoje prefeito Marcelo Caumo prometeu não concorrer à reeleição. Essa era a “carta na manga” do representan­te do PP, utilizada para mascarar a ausência inicial de projetos mais audaciosos à cidade. Em 2020, é a vez da candidata Márcia Scherer (MDB) apostar neste verdadeiro mecanismo: ela promete abrir mão do salário de R$ 24,2 mil.

Cartas de Compromissos II

Rejeitar salário é algo perigoso para a Democracia. Afinal, nem todos possuem condições para abrir mão de salários durante quatro anos – o candidato a vice-prefeito também abrirá mão do salário? E qual o exemplo que deixamos? Só pessoas bem afortunadas podem entrar na política? Só pessoas resolvidas fi­nanceiramente assumirão os cargos públicos? Os mais humildes ficam de fora? Isso é saudável? Não estaría­mos, assim, “elitizando” a política?

Cartas de Compromissos III

Tal como a Carta de Compro­misso assinada – e descumprida – por Marcelo Caumo em 2016, o compromisso de Márcia Scherer é oco. Sinceramente, as caracterís­ticas que eu espero de um gestor passam longe desses dois compro­missos. Não vejo grandes vanta­gens em quem dispensa a reeleição ou menospreza salário – ainda mais quando citam isso durante a campanha. Eu busco candidatos qualificados para gerenciar um orçamento de R$ 360 milhões.

Cartas de Compromissos IV

Mas claro. Ainda é cedo e a esperança é de que novas propostas e promessas surjam ao longo da campanha. Foi assim com Marcelo Caumo, em 2016, e certamente será assim com a candidata Márcia Scherer, em 2020 – e também com o novo oponente, o advogado Daniel Fontana (PSB). São três candi­datos com currículo e inteligência suficientes para apresentarem bem mais do que simples “Cartas de Compromisso” populistas. Eu estou certo disso!


Testes na educação em Lajeado

A testagem de servidores públicos da área da educação deu o que falar durante o fim de semana. Tudo porque, segundo as más línguas, o governo de Lajeado demorou um tempo a mais para divulgar o resultado. Pura histeria. Na segunda-feira, o secretário de Saúde Cláudio Klein falou tranquilamente sobre o tema, durante entrevista concedida ao Frente e Verso, na Rádio A Hora 102.9. Entre os 481 testados, 77 positivaram para o temido e novo coronavírus.

Os servidores voltam nesta semana ao trabalho presencial. E a primeira amostra de testagem mostra que, mesmo trabalhan­do em casa, cerca de 16% dos profissionais teve algum tipo de contato com o vírus. Isso não significa que é mais seguro ir para a escola, claro. Mas demonstra que o #fiqueemcasa, por si só, não garante 100% de imunidade para essa classe trabalhadora tão espe­cial. Aliás, é assim com qualquer classe. Afinal, nós estamos todos no mesmo barco.

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