Escola de Relvado tem o melhor desempenho do Vale

Ideb Ensino Médio

Escola de Relvado tem o melhor desempenho do Vale

O 3º ano do Ensino Médio do colégio José Plácido de Castro obteve média de 5.6 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2019. Superou a média prevista para o ano passado e também o esperado para 2021. Na outra ponta, escola de Roca Sales teve pior desempenho da região. Entre 391 instituições gaúchas que participaram da avaliação, ficou em 355º lugar

Escola de Relvado tem o melhor desempenho do Vale
Participação das famílias é um dos diferenciais apontados pela direção da escola José Plácido de Castro, de Relvado
Vale do Taquari

Com muita festa e orgulho. Foi assim que professores e alunos da escola estadual José Plácido de Castro, de Relvado, receberam o resultado do Ideb 2019. A nota de 5.6 obtida pelo 3º ano do Ensino Médio supera inclusive a meta de 2021.

Deixa bem para trás a nota nacional e estadual. “Isso se deve ao trabalho comprometido de todos. Dos professores, do envolvimento dos alunos e da participação das famílias”, resume a diretora Jacinta Ana dos Santos Cagliari.

Os alunos que prestaram o exame já se formaram. “Lembro que quando foram selecionados, nos reunimos e conversamos. Falamos que não era só um resultado para a escola, mas para eles. Pedimos para fazerem o melhor que podiam, para mostrar toda a capacidade que eles têm, pois é isso que a vida espera de nós”, conta a diretora.

O colégio tem 135 alunos, dos anos finais do Ensino Fundamental e Médio. São 16 professores e seis funcionários. Uma escola pequena, em comparação coma as das maiores cidades do Vale. Justo por isso, acredita Jacinta, se tem um grande envolvimento de toda a comunidade escolar.

A participação das famílias nas atividades é um fator positivo da instituição, realça. De acordo com a diretora, há muito diálogo entre professores e famílias. “Quando um aluno não está bem, está faltando ou com notas baixas, chamamos os pais e eles sempre ajudam. Esse comparecimento é fundamental e ajuda muito para termos bons resultados.”

Para chegar ao desempenho das redes, a metodologia do Ideb estabelece dois cálculos: taxa de rendimento escolar (aprovação e evasão) e a média das notas dos alunos nos exames padrão do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

A pesquisa avalia em uma escala de zero a dez. A série de resultados iniciou em 2005, quando foram estabelecidas as metas bienais de qualidade. Os objetivos do índice são feitos de acordo com a realidade de cada rede de ensino, município e escola. A partir das notas prévias são determinados os percentuais desejados a cada dois anos.

Baixo desempenho e muita preocupação

O colégio Padre Fernando, de Roca Sales, teve uma nota inferior a média estadual e nacional. Ficou com 3.4 pontos. Foi a primeira vez que a instituição teve avaliação do 3º ano do Ensino Médio, por isso não havia estabelecido uma métrica para alcançar em 2019.

Ainda assim, a nota traz muita preocupação, reconhece a diretora Bernadete Maria Vuaden Severico. “Tínhamos alguns indicativos. Pouco interesse dos alunos, professores desanimados e famílias distantes da escola. O resultado comprovou isso”, admite.

Para ela, esse baixo desempenho traz a necessidade de repensar diversos aspectos da escola. “Nós, da equipe diretiva, coordenação pedagógica e professores, conversamos muito para encontrar formas de reverter essas dificuldades.”

Investir na formação dos docentes, melhorar os ambientes para que o aluno goste da escola e elaborar projetos para facilitar a aprendizagem são algumas alternativas. Ainda assim, Bernadete realça a necessidade de um esforço coletivo em prol da educação e do conhecimento. Na avaliação dela, a escola não é a única responsável por esse baixo desempenho. “Vamos insistir sempre para melhorar. Estamos nos perguntando muito o porquê dessa nota baixa. Temos algumas sugestões, mas precisamos de engajamento de toda a comunidade escolar.”

A Escola Padre Fernando é a única da rede estadual de Roca Sales. Tem cerca de 330 alunos, com aulas nos três turnos. Atende do 3º ano do Fundamental até o último ano do Ensino Médio.


ENTREVISTA

“Desenvolver a autonomia de pensamento não se opõe à importância de preparar os estudantes à atuação profissional”

• Das 45 escolas com terceiros anos da região, 26 tiveram avaliação do Ideb. Apenas quatro ficaram na média ou abaixo do resultado estadual. O restante teve notas superiores. Como podemos avaliar esse desempenho?

Maria Elisabete Bersch – O objetivo dessas avaliações deve ser a qualificação do ensino. Nesse sentido, os dados devem apontar os avanços alcançados e indicar aspectos a serem qualificados. É importante entender que os instrumentos empregados avaliam aspectos da educação que são comuns em todo o país. No entanto, o currículo das escolas é configurado pela articulação do que está proposto na Base Nacional Comum Curricular, com as especificidades de cada região, município e comunidade.

Dessa forma, as avaliações externas apontam indicadores muito importantes, mas não conseguem dar conta de toda a complexidade da educação. Entendo que temos que comemorar as conquistas, mas também aquelas que decorrem da adequação da escola ao contexto em que se insere e precisam ser observadas no trabalho cotidiano. É a articulação desses dois olhares que aponta para ações que possam vir a qualificar o ensino.

• Quais os principais desafios para evoluir em qualidade no Ensino Médio?
Maria – Precisamos enfrentar algumas questões estruturais. Uma delas se refere a superar a descontinuidade das políticas públicas. Além disso, se faz necessário maior investimento na qualificação das escolas, tanto no que se refere à estrutura, seja laboratórios, bibliotecas e espaços de aprendizagem diversificados, quanto no que se refere ao quadro funcional. Por fim, faz-se necessária também uma política de valorização dos professores e demais profissionais que atuam na educação e na formação continuada desses profissionais.

• De um lado, há quem defenda revisão nos conteúdos, para apresentar atividades práticas e assim formar melhor mão de obra. Por outro, uma análise de que é necessária uma formação intelectual para que os alunos sejam capazes de pensar por si próprio. Como equilibrar essas duas vertentes?
Maria – Talvez um dos grandes problemas que vivenciamos é justamente essa polarização. Desenvolver a autonomia de pensamento, a criação e a criticidade não se opõem à importância de preparar os estudantes para a atuação profissional. Pelo contrário, as experiências de pensamento nos possibilitam ampliar a compreensão de mundo, possibilitando a identificação de problemas sociais e a emergência de novas possibilidades para superar desafios.

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