Em todo canto cresce a ideia do protagonismo em nosso meio social. Muito se diz da sua importância e da ideia de que está em “suas mãos a oportunidade que faltava” para sua tomada de decisão, o seu levante frente às dificuldades da falta de dinheiro, da falta de oportunidade, da retomada. Óbvio, nunca antes em nossa história recente, o protagonismo foi tão valioso como neste momento. Desde a criação do teatro, com a tragédia grega, o protagonista é a figura central de dramas, comédias e do enfrentamento que leva o ator à superação, ou ao desespero e à loucura – desfechos comuns à Tragédia.
Ao ler Mark Mannson, em sua “A sutil arte de ligar o f*da-se”, me deparei com um pensamento que há tempos não via expresso e que se refere justamente à responsabilidade que cada um de nós tem diante das coisas que acontecem em nossa vida. Assumir a responsabilidade pelos erros é a ideia central desse modelo, que não tem necessariamente a ver com a jornada do herói, de Campbell, mas, sim, com o processo de encarar sua realidade com a crueza necessária para a mudança de posicionamento e direção, quando necessário.
Em artigo da Época Negócios deste mês, o jornalista Luiz Maciel traça a persona do matemático Richard Zhang, fundador da FAIL!, e estampa o pensamento do empreendedor: “É assustador falhar. O fracasso faz você duvidar da sua habilidade, do seu valor e da sua inteligência, mas não é motivo para parar de tentar”. Refletir sobre os erros que cometeu e aprender com eles é o mantra que melhor se encaixa nos tempos atuais.
Mas, independentemente da individualidade de cada um e sua forma de encarar os problemas, gestores, líderes e empresários, continuam tendo sua importante parcela de contribuição no processo de recuperação das pessoas, principalmente na retomada que esperamos levar adiante daqui pra frente, mantendo-se níveis baixos de contaminação da Covid e a manutenção dos protocolos sanitários, até a chegada da vacina.
A desestruturação pessoal e financeira está aí presente para uma parcela da população que não teve condições de passar incólume por 2020. Entender as forças que atuam sobre nosso cenário pode nos auxiliar na reprogramação do cérebro pós-pandemia. Nas organizações, além de metas, devem ser redefinidos também os propósitos que norteiam seus negócios. Mais do que nunca será necessário criar ambientes que favoreçam o sentimento de contribuição e realização das pessoas, pois o engajamento das equipes será chave para a virada.
Em se tratando do setor público, os desafios tornam-se ainda maiores, decorrente da perda de arrecadação e compromissos assumidos, que transformarão 2021 em um verdadeiro decatlo para os gestores. Quem conquistar os eleitores e sair vencedor das urnas terá pela frente uma esteira interminável de tarefas a cumprir. O protagonismo é uma via de mão dupla. De uma lado a complexa figura da sociedade e seus instrumentos de gestão e produção, o Estado e a Empresa, com todo o seu poder de decisão. Do outro lado, o cidadão, protagonista de suas conquistas e tragédias. Muitas vezes ávido por apoio e impulso e, outras vezes, completamente alheio ao que passa ao seu redor.
Dia 15 de novembro, é uma boa oportunidade para todos testarem seu protagonismo. De um lado, os candidatos, na expectativa de que suas propostas convençam. Do outro, os eleitores com o poder de decidir. Basta confirmar.