Sem resposta, comunidade ameaça trancar estradas

Infraestrutura rodoviária

Sem resposta, comunidade ameaça trancar estradas

Executivo gaúcho anuncia mais de R$ 60 milhões para recuperação de rodovias e deixa vias da região alta do Vale de fora. Em agosto, entidades de Ilópolis, Arvorezinha, Nova Bréscia, Encantado e Putinga apresentaram um levantamento sobre a precariedade do asfalto

Sem resposta, comunidade ameaça trancar estradas
Trechos mais críticos são entre Encantado e Arvorezinha, em Nova Bréscia, de Ilópolis a Putinga e no acesso a Anta Gorda. Foto: Divulgação
Vale do Taquari

A falta de uma resposta do Executivo gaúcho quanto ao cronograma de recuperação de estradas na parte alta do Vale provoca reação. Líderes comunitários e empresariais estudam manifestações e não descartam trancar as estradas em sinal de protesto pela ausência de investimentos.

Essa posição tem dois motivos. Primeiro o silêncio da Secretaria Estadual de Transportes frente ao pedido expresso em uma carta de manutenção das estradas. O segundo parte do anúncio de R$ 65 milhões em investimentos nas rodovias, sem prever nenhuma ação na região alta.

Em agosto, as associações empresariais junto com a Câmara da Indústria e Comércio da região (CIC-VT) fizeram um levantamento sobre as condições das estradas. Em seguida, apresentou as conclusões ao Estado.

“Recebemos a informação dos investimentos com muita atenção, pois vem ao encontro de uma espera”, conta o presidente da CIC, Ivandro Rosa. “Para nossa surpresa, toda a região alta ficou de fora. Não há nenhuma previsão de melhorias, nem de tapa-buracos.”

A partir disso, líderes comunitários, agentes políticos dos municípios e integrantes das entidades de classe articulam protestos. Essas manifestações começam com a comunicação de repúdio frente à falta de resposta da Secretaria de Transportes, passa por ações pontuais com motoristas e caminhoneiros que transitam pelos trechos e, por fim, até mesmo protestos com bloqueios das pistas.

“Estamos avaliando até interdição das estradas. Não vamos descansar enquanto o governo do Estado não perceber que a região alta está abandonada e com problemas sérios devido à precariedade das rodovias”, afirma Rosa.

Os trechos com mais problemas são: ERS-332 (entre Encantado e Arvorezinha); ERS-425 (Encantado e Nova Bréscia); ERS-435 (Ilópolis e Putinga); e no acesso a Anta Gorda (ERS-432).

Custo da logística interfere na economia

Segundo o presidente da Associação Comercial de Arvorezinha, Fabiano Basso, a precariedade das estradas provoca prejuízos às empresas e à comunidade. “Os custos da nossa produção são mais elevados.”

Outro impacto é sobre o turismo. “O Estado faz uma campanha de turismo, mas a condição das estradas interfere nisso. O visitante não vem pelo risco que corre nas estradas não vale a pena para passar alguns dias na nossa região.”

A ideia é iniciar manifestações já na próxima semana. “Já estivemos com o secretário de Transportes, e não houve nenhuma ação contundente para resolver os problemas.”

A região alta é o polo ervateiro do RS. São mais de 22 mil hectares destinados a cultivar o insumo base do chimarrão. Além disso, há muita participação também na cadeia de proteína animal, com criações de frangos, suínos e produção de leite.

Colinas a Estrela: único trecho do Vale

A enchente de julho causou avarias na ERS-129, entre Colinas e Estrela. Esse foi o único trecho da região que terá investimentos do Estado. O anúncio foi feito nessa segunda-feira pelo governador Eduardo Leite, acompanhado pelo secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella.

Do total de recursos, serão R$ 23,1 milhões para pavimentação de estradas, R$ 28,25 milhões para recuperação de trechos, R$ 7 milhões para convênios com municípios e R$ 2,3 milhões para projetos e estudos de futuras obras. Serão pelo menos 28 rodovias que receberão intervenções, como obras de acessos asfálticos, conservação da pista, pavimentação e recuperação.

Futuro da EGR

A região também cobra mais detalhes sobre o andamento do plano de concessões das rodovias hoje administradas pela EGR. As ERSs 129, 130 e 453 passariam para a gestão privada, pois foram incluídas no plano de concessões. O modelo de transferência é elaborado pelo BNDES.

Antes da chegada da covid-19, havia a perspectiva de lançar os projetos executivos neste ano, inclusive com abertura dos leilões. O avanço da doença obrigou uma revisão nos prazos. A expectativa é que esse estudo seja apresentado à comunidade entre janeiro e fevereiro de 2021.

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