De abril até julho, escolas da rede estadual começaram a receber menos entregas das atividades remotas. É o que afirma a coordenadora Regional de Educação (CRE), Cássia Benini.
Os números tabulados pelas direções são analisados a cada dois meses. Em abril e maio, a participação dos alunos foi maior do que em junho e julho. “Temos uma oscilação muito grande, inclusive na comparação entre escolas. Algumas conseguiram 100% das atividades, outras não chegaram a 40%”, conta Cássia.
A 3ª CRE atua em uma área de 32 cidades do Vale do Taquari. Frente a queda das devolutivas, a coordenadora alerta para a necessidade dos pais e responsáveis acompanharem a vida escolar dos filhos. “As escolas e as famílias tem obrigações. Enquanto um precisa disponibilizar os conteúdos, seja na forma digital ou física, os pais também tem que acompanhar os filhos e cobrar para eles fazerem as atividades.”
Diante dessas responsabilidades a coordenadoria organizou uma transmissão virtual para hoje. O tema do debate é: “Família e Escolas unidas pelo desafio do ensino híbrido.”
O evento pode ser acompanhado pelo youtube e também pelo blog da CRE a partir das 19h de hoje. Estão confirmadas a presença da coordenadora de Educação, da promotora de Justiça, responsável pela promotoria de Educação (Preduc) Vanessa Saldanha de Vargas e da assessora do Cipave, Jilvane Ghol.
Alunos trabalhadores
Conforme Cássia, as maiores dificuldades são nas instituições de ensino com aulas noturnas e na Educação de Jovens e Adultos. “Se tratam de alunos que já trabalham. Nosso temor é que essas restrições devido à pandemia afastem ainda mais esses jovens das escolas e que isso faça com que eles desistam dos estudos.”
A coordenadora reconhece que as condições sociais interferem na relação aluno e escola. Ainda assim, ressalta que é preciso comprometimento também dos pais em cobrar dos filhos o estudo e a entrega das atividades. “Antes da pandemia essa presença dos pais já era importante. Agora virou imprescindível.”
Dados de julho apontavam que dos mais de 20 mil alunos da rede estadual da região, 77% estavam cadastrados na plataforma digital criada pelo governo. Essa adesão é maior do que a média estadual.
“Sabemos que chegar aos 100% dos alunos é impossível, mesmo com a internet patrocinada pelo Estado. Temos localidades aqui no Vale em que não há sinal de internet nem de celular”, diz.
LIVE SOBRE O TEMA
O que: a responsabilidade da escola e dos pais no ensino remoto
Quando: Hoje, a partir das 19h
Como acompanhar: a transmissão será ao vivo pelo Youtube e pelo blog da 3ª CRE
ENTREVISTA
Vanessa de Vargas, Promotora de Educação
Seis meses de aulas presenciais suspensas e o impacto disso sobre a educação. Para a promotora Vanessa de Vargas, o impacto desse período só será conhecido nos próximos meses. Para ela, o papel do professor na retomada das atividades presenciais será ainda mais importante.
“Há um risco muito grande de jovens abandonarem as escolas”
• Como é possível fazer com que os números de entrega das atividades seja maior?
Vanessa de Vargas – Precisamos chamar atenção das famílias diante deste momento que vivemos. Sempre digo, a escola tem sua responsabilidade e os pais também. Enquanto os colégios precisam fazer com que o conteúdo chegue ao maior número possível de estudantes, os pais devem acompanhar se os filhos estão cumprindo com isso. Já era assim antes da pandemia e agora é muito mais.
• Na sua avaliação, por que está caindo o percentual das devolutivas?
Já há um pouco de cansaço. Imagina, são seis meses sem aulas presenciais. Mesmo assim, isso não é justificativa. É preciso um esforço ainda maior das famílias em relação aos filhos.
• Esse período de aulas remotas pode ocasionar em mais evasão escolar?
Sem dúvida. Há um risco muito grande de jovens abandonarem as escolas. Com a dificuldade de acesso aos materiais, a distância física, isso pode resultar em abandono. Para evitar isso, é preciso que as escolas tenham busca ativa desses alunos. Atuo em 55 municípios dos vales do Rio Pardo e Taquari e percebo um esforço muito grande dos professores e das escolas.