“Tive muita audácia e hoje fico feliz por ter assumido os riscos”

Abre Aspas

“Tive muita audácia e hoje fico feliz por ter assumido os riscos”

Produtor rural de Teutônia, Fábio Luiz Secchi, 32, apostou no conhecimento para tornar a propriedade sustentável. Natural de Capitão, morou em Lajeado com os pais, depois em Estrela. Até que decidiu vender as vacas leiteiras e ir para Santa Catarina estudar Tecnologia em Alimentos. Casado com Simone, pai de Luís Rafael, 3 anos, e de Elisa, 4 meses, foi corretor de imóveis e vendedor de implementos agrícolas. Foi nesta época em que o desejo de ser agricultor falou mais alto e ele retornou para o campo

“Tive muita audácia e hoje fico feliz por ter assumido os riscos”
Vale do Taquari

• Como foi sair do campo e buscar conhecimento?

Quando eu tinha dez anos, meus pais largaram a produção rural em Capitão e foram para a cidade. Viemos para Lajeado. Trabalharam durante cinco anos, até que meu pai comprou uma propriedade em Estrela. Passou a produzir leite e também aves. Quando eu fiz 18 anos, comecei a estudar na Uergs de Encantado. Pedi transferência para o Instituto Federal de Santa Catarina. Lá tive muitas oportunidades. Estagiei na Embrapa, no ramo de suínos e aves de Concórdia.

• E longe da agricultura, como foi o retorno?

Quando voltei de Santa Catarina, em 2011, fui corretor de imóveis e depois vendedor de implementos agrícolas. Ali voltei a me aproximar da produção rural. Via agricultores com muitas dificuldades e outros rindo a toa. Felizes e conseguindo bons resultados.

Comecei a estudar essas propriedades de sucesso. Visitei muitas pessoas e comecei, de certa forma, a estabelecer o que queria para minha vida. Então encontrei uma propriedade para alugar em Marques de Souza. Larguei o emprego na cidade, comprei umas vacas e voltei. Fui sozinho trabalhar. Foi muito difícil. Tive muita audácia e hoje fico feliz por ter assumido os riscos.

• O que representou esse movimento de buscar conhecimento para trazer à propriedade?

Hoje, pensando nisso, se eu não tivesse ido atrás, feito a faculdade, buscado cursos, assessorias, não estaria mais na agricultura. Não teria como me manter.

• Quais são os desafios para se manter na atividade primária?

São diversos. Talvez o principal seja conseguir fazer com que a propriedade tenha viabilidade econômica. É preciso investir, seja qual for o ramo de produção. E são investimentos pesados. É preciso ter uma gestão muito atuante. Produzir em volume e ao mesmo tempo errar o mínimo possível.

• O que mudou na atividade de hoje para o que era na época dos teus pais?

Mudou tanto na disponibilidade de tecnologias, algo que nem se imaginava na época em que eu era criança e adolescente. Dentro disso, também temos mais acesso ao conhecimento. Quem está ligado, que busca essas informações, tem como melhorar a propriedade.

Outro aspecto que mudou bastante foi linha de crédito. Quando fiz o meu primeiro Pronaf, meu limite foi R$ 7 mil. Com aquilo, consegui comprar duas vaquinhas. Foi bem naquela época que fui estudar. Tinha um plantel de dez animais, vendi e fui estudar. Quando voltei, anos depois, meu limite pulou para quase R$ 300 mil. Essa é uma mostra de como há oportunidades e ao mesmo tempo muitos riscos também.

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