“Onde existe vida, existe necessidade de socorro”

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“Onde existe vida, existe necessidade de socorro”

O argentino Marcelo Ceppo, 49, foi um dos fundadores dos Bombeiros Voluntários Imicol. No dia 26 de setembro, ele deixa a corporação que atende Colinas e Imigrante após auxiliar em cerca de 400 ocorrências em 9 anos

“Onde existe vida, existe necessidade de socorro”
Vale do Taquari

• Por que ajudou a criar os Bombeiros Imicol?

Surgiu pela necessidade. As cidades não tinham nada, não tinham bombeiros. Dependiam de Estrela ou Lajeado. Na época da enchente, quando fechava o acesso, a chegada dos bombeiros era difícil. Então surgiu a ideia minha e mais algumas pessoas de criar os bombeiros voluntários.

• Já tinha experiência como bombeiro voluntário?

Quatro anos antes, havia criado a associação de bombeiros voluntários em Arvorezinha. Além disso, fui bombeiro voluntário desde os 13 anos. Comecei nos bombeiros mirins, na Argentina.

• Por que essa área lhe interessou desde a infância?

Quando tinha 13 anos, a diversão não era celulares como hoje. Erara alguma atividade na rua. Entre essas atividades estavam os bombeiros, que era quase um grupo de escoteiros. Comecei lá como bombeiro mirim e não abandonei mais.

• Qual a importância do trabalho do bombeiro?

Quem de nós não gostaria de ajuda caso necessita. Se tivermos com nossa casa pegando fogo, queremos ajuda. Se estamos atirados na rua, queremos que alguém venha nos socorrer. Esse desejo de todo mundo de ser socorrido leva a necessidade desse grupo de bombeiros.

• Foi muito difícil criar a Imicol?

Foi sim, pois as pessoas achavam que não tinha necessidade. Até um prefeito falou que nunca pega fogo nada lá (Colinas e Imigrante). Mas bombeiro não é só para o fogo. Depois de três anos, paramos pois ninguém queria ajudar. Um ano depois, pediram para a gente voltar e hoje somos uma das instituições que mais presta serviços a toda comunidade. Somos 22 voluntários e fazemos cerca de 25 atendimentos por mês.

• Além de incêndios, o que mais vocês atendem?

O que a gente faz é atender uma lacuna desses municípios. Por exemplos, ajudamos em acidentes já que os municípios não têm atendimento da Samu. Também ajudamos na retirada de abelhas, sinalização de postes caídos e tudo o mais. Em nove anos, foram mais de 440 ocorrências. Dessas, devo ter ajudo em, no mínimo, umas 400.

• Teve alguma ocorrência que lhe marcou?

Teve sim, a gente estava fazendo o resgate de uma criança que havia perdido parte do dedo. A 200 metros da corporação, a viatura estragou. Tive que sair correndo, buscar o caminhão e transportar a criança de caminhão até Estrela. Isso marca até pela dificuldade que passamos na corporação para fazer nosso trabalho.

• Qual legado que deixa após nove anos de bombeiro voluntário?

Como foram nove anos complicados, deixaria dois legados. Primeiro: onde existe vida, existe necessidade de socorro. Segundo: o mais importante de tudo não é ter retorno financeiro.

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