O pior da pandemia às atividades econômicas do RS ficou para trás. Pelo menos é o que indica análise setorial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Depois de a pandemia trazer muitas incertezas aos negócios, os serviços, a produção industrial e o consumo no varejo demonstram retomada.
Março e abril foram meses de retração. No mês subsequente, o movimento começou a ser ascendente. Ainda que o primeiro semestre de 2020 tenha tido indicadores positivos de maio a julho, o impacto da pandemia sobre a economia foi grande, tanto que a retração acumulada superou os 14%.
“As pessoas se retraíram em respeito ao isolamento. Em casa, gastaram menos. Agora há mais segurança e uma volta do otimismo, o que trouxe aumento no consumo”, avalia o economista e professor da Univates, Eloni José Salvi.
Na opinião dele, há uma tendência de retomada em “V” (crescimento rápido após uma queda vertiginosa). “Em alguns setores isso já é percebido. As compras no comércio cresceram 5% em julho. O resultado geral já foi maior do que o mesmo mês do ano passado.”
Esse comportamento tem relação com o ânimo dos consumidores, diz Salvi. De acordo com ele, as pessoas economizaram quando estavam reclusas e essa renda represada volta rapidamente a circular.
Em termos gerais, os indicadores do IBGE mostram que o setor de serviços é o que mais sente os efeitos da pandemia. No comércio varejista, a queda foi menor do que o esperado. Em seis meses, o acumulado foi de 2,1%.
Neste segmento, chama atenção os resultados de produtos farmacêuticos (avanço de 16,% no ano) e também no ramo dos supermercados (alta de superior a 7%). Já vestuário, tecidos, papelaria e calçados a retração se aproxima dos 40%.
Retomada depende das políticas governamentais
Para a professora e economista Fernanda Sindelar, as políticas públicas, como suspensão de contratos, redução de carga horária, e os auxílios emergenciais tanto para o autônomo quanto às empresas ajudou para que o comércio registrasse crescimento.
Daqui para frente, diz, a retomada consistente da economia vai depender da continuidade desses repasses. “Com a pandemia muitos perderam empregos ou fontes de renda, e acredito que ainda vai levar algum tempo para que a economia retome o círculo vicioso da renda.
De mais empregos, o que geram renda e aumentam a demanda. Exigindo das empresas maior produção, para isso geram mais empregos e assim sucessivamente.
Como o Vale pode ser um propulsor econômico?
Dinâmica produtiva, perfil empreendedor da população e a característica de polo alimentício. Economistas e líder empresarial avaliam como a região pode ser uma força propulsora da economia gaúcha nos próximos meses.
“O Vale terá o papel que sempre teve. De provedor de produtos e serviços, principalmente nos alimentos. Temos uma máxima, de que os alimentos, em especial de proteína animal, é o último setor a entrar em crise e o primeiro a sair. Se formos ver, mesmo na pandemia, nem entrou. Pelo contrário, foi beneficiado”, Eloni José Salvi, economista e professor.
“Mesmo durante a pandemia, muitos setores praticamente não pararam, ao contrário do que ocorreu em outras regiões. Aqui, algumas empresas conseguiram até aumentar as exportações.”, Fernanda Sindelar, economista e professora
“O Vale tem um grande potencial de transformação dos alimentos. Produtos que podem ser exportados, tanto o leite, as carnes e outros produtos. Graças à articulação de diferentes segmentos da sociedade, conseguimos manter a atividade industrial durante a pandemia, e o prejuízo foi menor”, Ivandro Rosa, Presidente da Câmara da Indústria e Comércio da Região (CIC-VT).
Na manhã desta quinta, 17, Rosa esteve na Rádio A Hora 102.9, durante o programa Frente e Verso. Acompanhe a entrevista na íntegra: