Haiti Futebol Clube

Time de imigrantes

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Em busca de mais espaço e com a ambição de disputar competições no Vale, imigrantes criam a Associação Haitiana de Futebol de Arroio do Meio

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A relação esportiva entre o Brasil e o Haiti teve o seu ápice no ano de 2004, quando ocorreu o Jogo da Paz. Na ocasião, a Seleção Brasileira, recém campeã do mundo, foi até o Caribe realizar um amistoso com a Seleção Haitiana. O jogo mobilizou todo o país. Milhões de pessoas foram às ruas para ver Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Roberto Carlos e companhia. Em campo, vitória do Brasil por 6 a 0.

Com o passar dos anos, e com o país caribenho sofrendo cada vez mais com problemas políticos e fenômenos naturais, a relação entre o Haiti e o Brasil foi aumentando. Hoje, o nosso país é um dos principais destinos da população haitiana. Imigrantes chegam todos os dias, inclusive aqui no Vale do Taquari.

Com a comunidade crescendo no Vale, um grupo de imigrantes decidiu se unir e criar um time feito exclusivamente de haitianos. Foi assim que recentemente surgiu a equipe da Associação Haitiana de Futebol de Arroio do Meio.

Bachemy François é o grande idealizador da equipe

Idealizador e presidente

Nascido em Gonaïves, Bachemy François, 28, chegou à Arroio do Meio em 2014. Veio inicialmente sozinho, mas hoje mora com a esposa, Darline Pierre François, com quem se casou em 2018.

François é o grande idealizador da equipe, na qual é também o presidente. Ele conta que no seu país natal já trabalhava com o futebol. Tinha uma escolinha. Seis anos atrás emigrou para o nosso país em busca de mais oportunidades.

Inicialmente o time de Arroio do Meio jogava amistosos com equipes de outras cidades, ainda sem um nome. “Decidimos criar um time mais estruturado. Antes jogávamos amistosos, agora queremos participar de competições. Treinamos a preparação física e técnica para isso, para conseguir disputar campeonatos.”

Ele conta que para criar o time, procurou os outros haitianos que moram em Arroio do Meio. Após dar a ideia e ela sair do papel, foi atrás de uniformes e de equipes para enfrentar. O primeiro jogo foi contra um time de Encantado. Vitória por 4 a 3.

Hoje a equipe possui vinte jogadores e treina todos os domingos. No mesmo dia, costuma realizar amistosos. A meta da equipe é participar de competições. Está nos planos jogar a próxima Copa Pituca, em Arroio do Meio.

Equipe treina todos os domingos. No mesmo dia realiza amistosos

Diferenças entre o Haiti e o Brasil

François conta que sempre gostou de futebol. Costumava jogar de goleiro, mas como a equipe possui outros dois jogadores para a posição, passou a atuar apenas como presidente. “Quando começamos o time não era muito bom. Estávamos fracos, recém começando. Agora o time está melhor preparado”, avalia.

O presidente da Associação diz que não vê muitas diferenças entre o futebol jogado no Brasil e no Haiti. As maiores diferenças estão fora de campo. “No Brasil o esporte tem mais garantias. Se alguém se destaca no Haiti, não tem para onde ir. Muito dificilmente sairá da sua região ou do país. No Haiti o futebol não tem visibilidade.”

Para mim é tudo novo”

Coordenador da escolinha Pratas da Casa, Emerson Neves foi convidado para se juntar ao projeto da Associação Haitiana. Faz duas semanas que ele auxilia a equipe na preparação física e técnica. “Me procuraram para ser o treinador, para ajudar principalmente na parte técnica e tática”, comenta.

A equipe treina sempre aos domingos pela manhã. O treinador relata que a experiência é nova, principalmente pela diferença cultural. “É um idioma diferente. Ideias diferentes. Para mim é tudo novo, mas é um projeto muito legal.”

Como trabalha há mais de 11 anos com o futebol, Neves consegue ver algumas diferenças entre o estilo de jogo brasileiro e o haitiano. “Eles gostam de jogar. Têm muita força de vontade, só precisam corrigir alguns detalhes técnicos e táticos”, avalia.

O técnico ainda comenta que um fato que chamou muito a sua atenção foi a organização da equipe. “Todos têm as suas garrafas personalizadas. Os seus coletes personalizados. São muito organizados.”

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