Era 2 de agosto de 1965 quando um fenômeno chamou a atenção de quem olhava para o céu de Taquari. Pelo menos três pessoas disseram ter visto um objeto voador não identificado, que se assemelhava a “um charuto de várias cores”.
Funcionários da Estação Experimental de Pomicultora foram os primeiros a ver o suposto óvni, poucos minutos depois das 8h. Conforme relato de Edgar Delgado Pacheco (in memoriam), ele se movia em grande velocidade e tinha cores “de arco-íris”.
Às 8h20min, Alberto Lengler (in memoriam) teria avistado o mesmo objeto quando saia da residência na rua Campo Romero (em frente à Sociedade União Taquariense). Dez minutos depois, ex-subprefeito de Bom Retiro do Sul, Mucio Mena Barreto (in memoriam) afirmou tê-lo visto no Passo da Aldeia.
Ambos apresentaram relatos semelhantes. Segundo eles, o objeto era silencioso, tinha cores que mudavam dependendo da posição vista e se deslocava lentamente até desaparecer atrás de eucaliptos.
O fato foi eternizado pelo Jornal O Taquaryense no dia 11 de setembro de 1965. Em matéria de capa, o redator Pery Saraiva (in memoriam) destacou ser “a primeira vez que se pôde afirmar, baseado em testemunha, a visita à cidade de objeto aéreo não identificado”.
Pesquisa meio século depois
Mesmo passado 55 anos, o fenômeno ainda gera interesse. Em abril desde ano, o ufólogo Márcio Parussini entrou em contato com O Taquaryense em busca dos relatos do dia 2 de agosto de 1965.
Morador de Porto Alegre, Parussini integra o grupo de Estudo de Ufologia Científica do Rio Grande do Sul. Desde 2011, ele pesquisa sobre a casuística ufológica no estado, contabilizando mais de 1,2 mil registros (quatro deles na região).
Conforme Parussini, os testemunhos semelhantes dão credibilidade ao fenômeno de Taquari. Cita ainda a inexistência de obras de ficção científica que pudessem aguçar o imaginário da população. “Esses assuntos eram levados a sério. A pessoa não teria motivo para se expor ao ridículo e brincar com isso”, argumenta.
Além da matéria do O Taquaryense, o fenômeno foi citado em um artigo em inglês. Entretanto, as informações eram semelhantes ao do jornal
97% têm explicação
Pelo menos outros três fenômenos ufológicos já foram registrados no Vale do Taquari (veja no quadro fechado). Na avaliação de Parussini, a ocorrência de tantos relatos indica presenças estranhas nos céus. “Não é perguntar se existe ou não existe. É perguntar o que é”, defende.
O pesquisador reconhece que a grande maioria dos fenômenos têm explicação lógica. Inclusive, objetivo dos ufólogos é identificar esses possíveis equívocos. “Somos muito céticos com qualquer relato até para combater mentiras que podem diminuir a credibilidade das pesquisas”, ressalta.
Parussini cita avanço da tecnologia (sondas meteorológicas, satélites e até drones) e fenômenos astronômicos (aparição de um planeta no céu) como situações mais comuns que fazem pessoas imaginarem óvnis.
OUTROS FENÔMENOS UFOLÓGICOS NO VALE
9 de dezembro de 1954
Agricultor de Venâncio Aires, Olmiro da Costa afirmou ter feito contato com tripulantes de um objeto voador desconhecido. Eles teriam observado as ovelhas e levado junto um pé de milho e outro de feijão. Jornal o Cruzeiro noticiou o suposto fato em janeiro de 1955.
19 de dezembro de 1971
Arroio do Meio estava entre as mais de 50 cidades gaúchas que registraram um suposto objeto voador sobrevoando os céus em baixa altura. Matéria do Jornal O Globo noticiou o fenômeno conhecido como “Onda de 1971”.
15 de abril de 2019
O empresário de Lajeado, Jacir Martini filmou e fotografou luzes pairando sobre o bairro
Montanha. Tratava-se de três luzes oscilantes que flutuavam por volta da 1h. O fato foi
abordado em matéria do A Hora de 16 de abril do ano passado.