“A pandemia e o consumo de bebidas alcoólicas” foi o tema do painel Conversa Franca, do Centro Regional de Oncologia (CRON), realizado nessa quarta-feira, 9. Na ocasião, a delegada de polícia da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Lajeado, Márcia Colembergue, e o médico psiquiatra Olivan Morais alertaram para o aumento do consumo de álcool durante o isolamento social e as consequências da mudança de comportamento da população neste período. O debate foi transmitido ao vivo na Rádio A Hora 102.9 e no Facebook do Grupo A Hora.
Durante a pandemia, a venda de bebidas alcoólicas cresceu cerca de 50%, segundo o psiquiatra. Ainda que o dado não comprove diretamente o maior consumo de álcool, Morais alerta que, historicamente, estar diante de uma situação adversa, como a gerada pelo novo coronavirus, propicia a ingestão das bebidas como estratégia de fuga emocional.
Segundo o médico, o álcool é classificado como uma droga liberadora. “Ele consegue, em um primeiro momento, liberar capacidades que as pessoas não teriam normalmente”, explica. “A longo prazo, no entanto, em pacientes ansiosos e fóbicos a bebida pode agravar as crises ou desencadear novas”.
Outra consequência do álcool é a violência, principalmente em ambientes familiares não favoráveis, o que, segundo a delegada, pode gerar fatalidades. Normalmente as agressões físicas e verbais são direcionadas às mulheres. Por causa dos filhos, Márcia explica que muitas mães acabam se calando e suportando as agressões. “Temos percebido que elas procuram a polícia somente quando os caras começam a agredir os filhos”. Atingi-los é o limite de violência.
“O problema é cultuar a bebida”
Questionado sobre o índice de consumo de bebidas pelos brasileiros, o psiquiatra revelou que cerca de 14% da população é considerada dependente químico de álcool. Parte desta realidade se deve ao ato de cultuar a bebida. “A sociedade em algum momento se perdeu nessa relação. Hoje quando a gente vai conversar com alguém sobre álcool, todo mundo parte da premissa de que bebe socialmente. A questão é que não estamos conseguindo nos dar limites”.
Para a delegada “o grande problema é cultuar a bebida”, e encarar o vício com normalidade, assim como as agressões. O momento exige cuidados redobrados e a busca por outras alternativas, que não o consumo de álcool, para aliviar o estresse do dia a dia.
Ouça o debate na íntegra: