Consumo excessivo de álcool na pandemia preocupa especialistas

Conversa Franca

Consumo excessivo de álcool na pandemia preocupa especialistas

Em painel promovido pelo CRON, profissionais alertam que ingestão exagerada de bebidas pode ampliar crises de ansiedade e ser um dos agravadores à violência doméstica

Consumo excessivo de álcool na pandemia preocupa especialistas
Conduzido pelo diretor técnico do CRON, Hugo Schünemann (no centro), debate teve a participação da delegada Márcia Colembergue e do médico psiquiatra Olivan Morais. Foto: Jéssica R. Mallman
Vale do Taquari

“A pandemia e o consumo de bebidas alcoólicas” foi o tema do painel Conversa Franca, do Centro Regional de Oncologia (CRON), realizado nessa quarta-feira, 9. Na ocasião, a delegada de polícia da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Lajeado, Márcia Colembergue, e o médico psiquiatra Olivan Morais alertaram para o aumento do consumo de álcool durante o isolamento social e as consequências da mudança de comportamento da população neste período. O debate foi transmitido ao vivo na Rádio A Hora 102.9 e no Facebook do Grupo A Hora.

Durante a pandemia, a venda de bebidas alcoólicas cresceu cerca de 50%, segundo o psiquiatra. Ainda que o dado não comprove diretamente o maior consumo de álcool, Morais alerta que, historicamente, estar diante de uma situação adversa, como a gerada pelo novo coronavirus, propicia a ingestão das bebidas como estratégia de fuga emocional.

Segundo o médico, o álcool é classificado como uma droga liberadora. “Ele consegue, em um primeiro momento, liberar capacidades que as pessoas não teriam normalmente”, explica. “A longo prazo, no entanto, em pacientes ansiosos e fóbicos a bebida pode agravar as crises ou desencadear novas”.

Outra consequência do álcool é a violência, principalmente em ambientes familiares não favoráveis, o que, segundo a delegada, pode gerar fatalidades. Normalmente as agressões físicas e verbais são direcionadas às mulheres. Por causa dos filhos, Márcia explica que muitas mães acabam se calando e suportando as agressões. “Temos percebido que elas procuram a polícia somente quando os caras começam a agredir os filhos”. Atingi-los é o limite de violência.

“O problema é cultuar a bebida”

Questionado sobre o índice de consumo de bebidas pelos brasileiros, o psiquiatra revelou que cerca de 14% da população é considerada dependente químico de álcool. Parte desta realidade se deve ao ato de cultuar a bebida. “A sociedade em algum momento se perdeu nessa relação. Hoje quando a gente vai conversar com alguém sobre álcool, todo mundo parte da premissa de que bebe socialmente. A questão é que não estamos conseguindo nos dar limites”.

Para a delegada “o grande problema é cultuar a bebida”, e encarar o vício com normalidade, assim como as agressões. O momento exige cuidados redobrados e a busca por outras alternativas, que não o consumo de álcool, para aliviar o estresse do dia a dia.

Ouça o debate na íntegra:

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