Mais de 85% da população brasileira vive em centros urbanos. Em todo o território, existem 36 cidades com mais de 500 mil habitantes na rede urbana brasileira, além de quarenta regiões metropolitanas já estabelecidas, nas quais vivem mais de 80 milhões de brasileiro. Ou seja, o assunto “mobilidade urbana” precisa ser pauta permanente nas mesas dos nossos gestores. E precisa, acima de tudo, ser debatido com inteligência e coragem. Inteligência para não repetir erros do passado. E coragem para enfrentar o barulho dos mais resistentes.
Mobilidade Urbana II
Erramos no passado. A falta de um planejamento de cidade mais voltada aos ônibus, pedestres e ciclistas nos levou aos problemas e gargalos enfrentados diariamente por quem precisa se locomover pela nossa malha urbana. Lajeado possui 84 mil habitantes e mais de 71 mil veículos. É quase um veículo por habitante. E isso não é normal. Ao menos, não deveria ser tão naturalizado. Somos uma cidade média no Estado, mas enfrentamos os mesmos graves problemas das cidades grandes. Em suma, engarrafamentos, estresse e riscos. Muitos riscos.
Mobilidade Urbana III
Outro aspecto importante que precisa ser levado em conta é a forma excludente como as cidades crescem, com a ocupação das áreas mais periféricas pelos mais pobres. São eles os principais usuários do transporte coletivo no país. E com as distâncias cada vez maiores entre os centros comerciais e as periferias, o custo do transporte segue aumentando na mesma medida em que essas fronteiras urbanas se expandem. O desafio é trazer para mais próximo da “cidade” esses empreendimentos populares e redistribuir as atividades econômicas.
Mobilidade Urbana IV
A nossa mobilidade urbana segue uma lógica individualista. E as políticas públicas, por óbvio, não devem ser individualistas. As políticas públicas precisam adotar medidas de barateamento e estímulo ao uso do transporte público, por exemplo. Entre essas, a implantação de corredores exclusivos para ônibus e formas de redução do custo. As políticas públicas precisam fomentar o uso de modais sustentáveis em detrimento ao que já está posto. Mesmo que isso resulte em menos votos. E mesmo que, inicialmente, sejam pautas impopulares.
Mobilidade Urbana V
Eu não poderia deixar passar em branco o dia de hoje. Há exatos sete anos, no dia 10 de setembro de 2013, a Câmara de Vereadores de Lajeado aprovou uma lei que autoriza o estacionamento de veículos sobre as ciclovias – ou ciclofaixas – durante o horário comercial. É um exemplo clássico de gestores e legisladores que sucumbiram ao barulho de quem não compreende a necessidade de mudarmos a nossa lógica individualista. Muitas dessas faixas foram mal projetadas, eu sei. Mas os vereadores, infelizmente, optaram pelo fim precoce.
Plano de Carreira do MP
Nessa terça-feira, o governador do Estado, Eduardo Leite, sancionou o projeto de lei que estabelece o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) dos servidores do MPRS. Entre outras mudanças, a lei cria 381 cargos no Ministério Público: 191 para analista e 190 para técnico. As remunerações podem chegar a R$ 14.348,76 e R$ 7.308,86, respectivamente. Há também a previsão de extinção e reclassificação de cargos dentro dos planos de carreira do órgão.
Na assembleia legislativa, apenas oito parlamentares votaram contra a matéria. Entre eles, Fábio Ostermann, do Partido Novo. “Nós deveríamos discutir a redução das despesas e não o aumento delas, principalmente envolvendo um dos órgãos que possui os maiores salários do Estado”, sustentou. Os efeitos financeiros de aumento inicial das despesas com pessoal foram protelados para janeiro 2022, com impactos superiores a R$ 10 milhões.
Em suma, o plano reduz salários iniciais e aumenta a remuneração final a ser obtida pelos servidores do MP. O plano também acaba com as mais de 30 carreiras do MP, criando apenas duas: uma de nível médio e outra de nível superior. Sobre isso, a Associação dos Oficiais do MP do RS defende a readequação dos percentuais existentes entre esses cargos de nível médio e nível superior. Hoje, a diferença remuneratória atinge 135,1% nos salários básicos.
Campanha inundada
A enchente histórica do dia 9 de julho ainda é utilizada como palanque por alguns agentes públicos em busca de reeleição. Ora, anunciar possível repasse de recursos “da câmara” – o dinheiro é sempre do contribuinte, lembre-se – em meio ao período eleitoral é uma afronta à democracia. É brincar com a inteligência do Ministério Público e da Justiça Eleitoral.
E a Oposição em Lajeado?
No sábado, o MDB realiza sua convenção em Lajeado, entre 8h e 11h, na Associação Atlética Municipal. Será chapa pura. São pelo menos três nomes em análise para ocupar a vaga de pré-candidato a vice-prefeito – Márcia Scherer é a pré-candidata a prefeita. A disputa sadia ocorre entre os vereadores Carlos Ranzi e Paulo Tóri, e também o ex-vereador Antônio Scheffer.