O governo estadual decidiu na semana passada pelo fim das restrições à volta das atividades presenciais nas escolas. Os detalhes foram publicados em decreto nesse sábado. Ainda assim, o debate acerca dessa decisão está longe do fim.
Primeiro com os prefeitos, responsáveis por determinar o modelo de retorno às creches. No Vale do Taquari, das seis maiores cidades, apenas Lajeado definiu seu calendário. Estrela, Teutônia e Taquari não cogitam a retomada pela Educação Infantil.
O Ensino Médio, obrigação do Estado, fica para o dia 21 de setembro (rede privada), enquanto nas escolas públicas, a previsão aponta para 13 de outubro. Essa diferença de 24 dias se explica pela necessidade de melhorias estruturais nas instituições do Estado, contratação de professores e adaptação das equipes de servidores de higienização.
Frente a essa previsão, o Cpers, com apoio do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), promoveu um estudo sobre as condições dos colégios públicos durante a pandemia.
Mais de 3,4 mil questionários foram analisados. No que se refere à presença do vírus, foi estimado que 142 escolas públicas da rede estadual em 76 cidades tiveram casos de servidores contaminados. O montante representa 16,2% de todos os colégios da rede estadual.
Sem máscara e sem álcool gel
O estudo também captou as medidas adotadas pelas Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) após a confirmação dos casos. Para 75,5% dos entrevistados, a mantenedora não providenciou a pronta higienização do espaço escolar.
Conforme o coordenador do núcleo do Cpers da região, Gerson Johann, apesar das aulas estarem suspensas, funcionários e professores das escolas atuam em regime de plantão presencial. O serviço visa atender familiares e alunos com dificuldade em acompanhar as atividades remotas.
“Não foram disponibilizadas nem máscaras e nem álcool gel. O Estado não consegue garantir a segurança da comunidade escolar para prever retorno às aulas”, critica Johann.
Conforme a pesquisa Cpers\Dieese, das 142 escolas com contágios confirmados entre os servidores, em 49% houve alteração das CREs no regime de trabalho, com encerramento dos plantões presenciais ou redução de períodos.
Dos entrevistados entre professores, 67% responderam que se sentem em risco quando precisam frequentar o ambiente escolar. Apenas 12% disseram não ter medo e 21% não vão à escola ou não sabem responder.
“Podemos garantir uma volta segura”
A coordenadora regional de Educação, Cássia Benini, reconhece que houve contágios por covid-19 entre o quadro estadual das escolas da região. “Nossa orientação foi de isolar esse servidor e todos que tiveram contato com ele. Outra medida foi a sanitização dos ambientes das escolas”, afirma.
De acordo com ela a estratégia regional foi de estipular um dia por semana para atendimento ao público. Com relação à falta de equipamentos de proteção individual, como máscaras e álcool gel, a coordenadora regional explica que as direções das escolas têm uma receita própria, em que pode movimentar para a compra desses itens.
Sobre essa renda de autonomia das escolas, na primeira etapa da pesquisa Cpers\Dieese, foi apontado que 60% das escolas estavam em atraso com o envio dessas receitas. Cássia confirma essa informação. Por outro lado, afirma que o Estado fez o depósito da parcela de julho.
Para ela, ainda que esteja em atraso o mês de agosto, as escolas têm dinheiro em caixa, pois não há gastos adicionais devido à suspensão das aulas presenciais desde março. “Esse não é um argumento. Há como as direções disponibilizarem os equipamentos de proteção.”
Com relação à volta em outubro, afirma que foi enviado ao Estado a lista de servidores dos grupos de risco da região e que todos os protocolos serão cumpridos. “Podemos garantir uma volta segura”, frisa Cássia.
Detalhes da pesquisa:
• 44% dos servidores estaduais da educação responderam ser pertencente ao grupo de risco;
• 57% dos funcionários das escolas afirmaram que faltam materiais de limpeza suficiente para a desinfecção dos ambientes;
• Em 71% dos colégios não são fornecidos equipamentos de produção individual para os períodos de plantão presencial;
• 70% dos entrevistados disseram que a escola não tem espaço físico adequado para manter o distanciamento entre alunos.
Quadro funcional
• 81% das direções declararam que a escola não tem número adequado de profissionais de limpeza para a higienização necessária quando há atividades presenciais;
• 40,5% das direções informaram que faltam professores.