Pesquisa revela vírus em 16% das escolas estaduais

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Pesquisa revela vírus em 16% das escolas estaduais

Diagnóstico feito por Dieese e Cpers afirma que 142 colégios estaduais em 76 cidades tiveram casos de servidores contaminados. No sábado, decreto do governo gaúcho retirou barreiras para municípios reabrirem instituições de Educação Infantil. No Vale, volta ainda é incerta

Pesquisa revela vírus em 16% das escolas estaduais
Na rede pública estadual, falta de estrutura e de professores são desafios para o governo gaúcho. Foto: Divulgação

O governo estadual decidiu na semana passada pelo fim das restrições à volta das atividades presenciais nas escolas. Os detalhes foram publicados em decreto nesse sábado. Ainda assim, o debate acerca dessa decisão está longe do fim.

Primeiro com os prefeitos, responsáveis por determinar o modelo de retorno às creches. No Vale do Taquari, das seis maiores cidades, apenas Lajeado definiu seu calendário. Estrela, Teutônia e Taquari não cogitam a retomada pela Educação Infantil.

O Ensino Médio, obrigação do Estado, fica para o dia 21 de setembro (rede privada), enquanto nas escolas públicas, a previsão aponta para 13 de outubro. Essa diferença de 24 dias se explica pela necessidade de melhorias estruturais nas instituições do Estado, contratação de professores e adaptação das equipes de servidores de higienização.

Frente a essa previsão, o Cpers, com apoio do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), promoveu um estudo sobre as condições dos colégios públicos durante a pandemia.
Mais de 3,4 mil questionários foram analisados. No que se refere à presença do vírus, foi estimado que 142 escolas públicas da rede estadual em 76 cidades tiveram casos de servidores contaminados. O montante representa 16,2% de todos os colégios da rede estadual.

Sem máscara e sem álcool gel

O estudo também captou as medidas adotadas pelas Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) após a confirmação dos casos. Para 75,5% dos entrevistados, a mantenedora não providenciou a pronta higienização do espaço escolar.

Conforme o coordenador do núcleo do Cpers da região, Gerson Johann, apesar das aulas estarem suspensas, funcionários e professores das escolas atuam em regime de plantão presencial. O serviço visa atender familiares e alunos com dificuldade em acompanhar as atividades remotas.

“Não foram disponibilizadas nem máscaras e nem álcool gel. O Estado não consegue garantir a segurança da comunidade escolar para prever retorno às aulas”, critica Johann.

Conforme a pesquisa Cpers\Dieese, das 142 escolas com contágios confirmados entre os servidores, em 49% houve alteração das CREs no regime de trabalho, com encerramento dos plantões presenciais ou redução de períodos.

Dos entrevistados entre professores, 67% responderam que se sentem em risco quando precisam frequentar o ambiente escolar. Apenas 12% disseram não ter medo e 21% não vão à escola ou não sabem responder.

“Podemos garantir uma volta segura”

A coordenadora regional de Educação, Cássia Benini, reconhece que houve contágios por covid-19 entre o quadro estadual das escolas da região. “Nossa orientação foi de isolar esse servidor e todos que tiveram contato com ele. Outra medida foi a sanitização dos ambientes das escolas”, afirma.

De acordo com ela a estratégia regional foi de estipular um dia por semana para atendimento ao público. Com relação à falta de equipamentos de proteção individual, como máscaras e álcool gel, a coordenadora regional explica que as direções das escolas têm uma receita própria, em que pode movimentar para a compra desses itens.

Sobre essa renda de autonomia das escolas, na primeira etapa da pesquisa Cpers\Dieese, foi apontado que 60% das escolas estavam em atraso com o envio dessas receitas. Cássia confirma essa informação. Por outro lado, afirma que o Estado fez o depósito da parcela de julho.

Para ela, ainda que esteja em atraso o mês de agosto, as escolas têm dinheiro em caixa, pois não há gastos adicionais devido à suspensão das aulas presenciais desde março. “Esse não é um argumento. Há como as direções disponibilizarem os equipamentos de proteção.”

Com relação à volta em outubro, afirma que foi enviado ao Estado a lista de servidores dos grupos de risco da região e que todos os protocolos serão cumpridos. “Podemos garantir uma volta segura”, frisa Cássia.


Detalhes da pesquisa:

• 44% dos servidores estaduais da educação responderam ser pertencente ao grupo de risco;

• 57% dos funcionários das escolas afirmaram que faltam materiais de limpeza suficiente para a desinfecção dos ambientes;

• Em 71% dos colégios não são fornecidos equipamentos de produção individual para os períodos de plantão presencial;

• 70% dos entrevistados disseram que a escola não tem espaço físico adequado para manter o distanciamento entre alunos.

Quadro funcional

• 81% das direções declararam que a escola não tem número adequado de profissionais de limpeza para a higienização necessária quando há atividades presenciais;

• 40,5% das direções informaram que faltam professores.

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