O litoral norte gaúcho, tão procurado por veranistas nas épocas mais quentes no ano, também desperta a atenção do meio empresarial. A construção de um porto marítimo em Arroio do Sal ainda é um projeto, mas já conta com investidores e a expectativa é que comece a sair do papel em 2021.
A ideia da construção de um novo porto surgiu há cerca de dois anos e anima o Vale do Taquari, sobretudo pela competitividade e pelo surgimento de um novo corredor de exportação, mais próximo da região. Os dois caminhos de Lajeado até Arroio do Sal possuem uma distância bem menor do que a viagem até Rio Grande.
Segundo o presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC-VT), Ivandro da Rosa, hoje não há outra opção para exportar produtos por via marítima no estado. Algumas empresas optam até por mandar sua produção até Santa Catarina para fugir dos valores praticados no Porto de Rio Grande.
“Hoje você é obrigado a se condicionar a essas taxas propostas no Porto de Rio Grande. A BRF, por exemplo, está exportando por Santa Catarina. Agora, com esse possível porto em Arroio do Sal, teríamos uma segunda opção, que pode resultar na diminuição do custo final do nosso produto”, avalia Rosa.
Redução nos custos
Hoje, o Porto de Rio Grande é utilizado para exportar parte da produção do Vale do Taquari, principalmente os produtos do agro, que possuem grande relevância econômica para a região.
“Sai muita coisa por ali, muito farelo também. E também se importam muitos insumos utilizados por nossas empresas e indústrias. Mas o preço de cabotagem lá é um dos mais altos do Brasil. Por isso algumas empresas optam por exportar em Santa Catarina, mesmo que a viagem seja mais demorada”, ressalta Rosa.
Gerente de exportações da Docile, Cristian Ahlert ressalta que a empresa possui uma forte parceria com o Porto de Rio Grande, mas concorda que a construção de um novo terminal tende a aumentar a competitividade, reduzindo os custos de operação.
“Somos muito bem atendidos em Rio Grande, mas é sempre bom um local diferente para o segmento. Além disso, a questão da distância pode baratear o custo”, comenta. Hoje, 25% da produção da empresa é exportada para o exterior pelo Porto, chegando a 60 países.
Porto de Rio Grande / Crédito: Divulgação
“O RS só tem a ganhar”
Vice-reitor da Univates e professor do curso de Logística, Carlos Cyrne considera que a construção de mais um porto marítimo traria ganhos para a região e, sobretudo, para o estado, com a redução nos custos das importações.
“Um novo porto traria uma maior flexibilidade para os exportadores. Há também ganhos ambientais e de segurança, pois com menor movimentação dos caminhões, temos redução de emissões e da ocorrência de acidentes de trânsito. Se confirmando o investimento, o Vale e todo o RS só tem a ganhar”, afirma.
Para o presidente da CIC, junto com a construção de um novo porto, é necessário diversificar os modais de transporte. “A opção de mais um porto é muito interessante e torcemos para que saia, mas também é preciso investir no transporte ferroviário”, opina Rosa.
Saiba mais
• Com um custo inicial previsto em R$ 3,5 bilhões, o Porto Litoral Norte S/A é considerado um dos maiores investimentos da história recente do RS;
• A construção do terminal de uso privado se dará com o aporte de empresas russas e o início das obras está previsto para janeiro. A projeção é que 25 mil empregos diretos e indiretos sejam gerados com o novo porto;
• O pier principal terá 1,2 mil metros e profundidade de 30 metros, permitindo que os maiores navios do mundo atraquem no local;
• Arroio do Sal foi escolhida ano passado após um estudo realizado pela Marinha. Torres, que também estava no páreo e chegou a ser anunciada como sede do investimento, foi descartada. A demanda foi encapada por lideranças políticas, como o senador Luis Carlos Heinze (PP);
• A distância do local escolhido, em Arroio Seco, até o Centro de Arroio do Sal é de 13 quilômetros.
