A família da vovó festeira de Canudos do Vale não deixou passar despercebido o aniversário de Bertolina Naher. Na segunda-feira, 31 de agosto, completou 102 anos. “Ela achou que não teria comemoração. Mas preparamos uma pequena confraternização com direito a bolo para registrar essa data tão importante”, comenta o neto Marciano Naher, 36.
Bertolina, alegre e muito bem disposta, tem uma vida saudável, boa memória e muitas histórias para contar. “O segredo é querer o bem e ajudar as pessoas. Já passei muitas dificuldades, mas nunca deixei de ajudar”, afirma.
“Sempre gostei muito de festas. Tenho guardado as velas dos bolos de aniversário.” Em tempos de pandemia, apesar da saudade de ter toda a família reunida e gostar de visitas, Bertolina compreende que o momento é de cuidados.
Em 2018, ano que completou o centenário, Bertolina realizou um grande sonho, conduzir um dos netos ao altar. A vovó festeira acompanhou Gustavo Rodrigo Wink na cerimônia do casamento com Aline Orsolin, realizada em Estrela.
Nascida em 31 de agosto de 1918, é conhecida por Peda. Mantém uma alimentação natural, com produtos cultivados na roça. “Não gosto dessas coisas industrializadas, prefiro o feijão, arroz e saladas”, revela.
Bertolina mora com a filha, de 80 anos, e com um dos netos – são oito no total, oito bisnetos e um tataraneto.
A filha, Regina Naher Schmitt, se impressiona com a vitalidade da mãe. “O segredo deve estar nos chás. Tem amplo conhecimento nas ervas e plantas medicinais”, conta.
Uma das atividades preferidas de Bertolina é cuidar do jardim. “Ela é uma pessoa forte, não deixa de fazer aquilo que gosta por causa da idade, exemplo para muitos”, conta a filha Regina.
“Ela adora ler jornal”
Uma pessoa divertida e que gosta muito de conversar. E que adora ler jornais para se manter bem informada. Assim é descrita Hilda Maria Castro, moradora de Santa Clara do Sul. Ela entrou para o clube das centenárias em 2018.
Hilda fez de tudo na vida. Nascida em Picada Augusta, hoje Cruzeiro do Sul. “Ela foi cabeleireira, dona de casa, costureira, tricoteira. E até os 95 anos gostava de capinar o dia inteiro”, lembra a filha Vera Lúcia Castro, 68, que reside com ela. Se reveza nos cuidados da mãe com uma das irmãs.
Uma das fundadoras da Pastoral de Santa Clara do Sul, Hilda teve atuação destacada como voluntária no Clube de Mães. Sua habilidade com o crochê e o tricô se destacavam nos encontros. Por isso, chegou a ser instrutora de cursos e confeccionou vestidos de casamentos e batizados.
Segundo Vera, Hilda costuma acordar às 8h. “Ela vai para o banho, depois toma um café. Ela se senta no sofá e gosta de ler jornal. Acaba lendo duas vezes, por causa da memória. Mas gosta de se manter informada”, comenta.
A audição, também prejudicada devido à idade avançada, não a impede de assistir TV. “Ela fica imaginando o que eles estão falando. Sai cada coisa”, brinca a filha. Hilda tem uma alimentação variada, de acordo com a Vera. “Come de tudo e é muito boa de garfo. E não toma remédio algum. Nunca tem dor de cabeça”.
Hilda comemora 102 anos em dezembro. E Vera espera que, até lá, a situação da covid-19 esteja sob controle na região. “Em todo aniversário dela, reunimos a família. Ela gosta bastante. E estranha que não estamos nos reunindo mais. Ainda não tomou conhecimento do que é a doença”, explica.
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Centenária em Imigrante
A última segunda-feira, 31, foi especial para a Comunidade das Irmãs, em Daltro Filho, interior de Imigrante. A Irmã Jesuína Maria, que reside no local há cerca de 20 anos, entrou para o clube das centenárias do Vale do Taquari.
Um dia antes, no domingo, uma missa especial foi celebrada para comemorar a data, na capela da comunidade. Foi um momento tão relevante que houve transmissão pela internet, por meio da página das Irmãs Franciscanas Aparecida (CIFA) no Facebook.
Nascida Ilomendes Sobreiro Santana, no distrito de Boca do Monte (Santa Maria), Irmã Jesuína Maria viu sua vida transformar aos 27 anos, quando começou a trabalhar no Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. Em seguida, iniciou sua trajetória na Congregação das Irmãs Franciscanas, fazendo sua formação.
Entre os momentos mais marcantes de sua trajetória, está o recebimento da benção apostólica do Papa João Paulo II, quando ela celebrada Bodas de Prata de Profissão Religiosa, em 1º de janeiro de 1979.
Irmã Jesuína exerceu missão apostólica de diversas maneiras, com trabalhos caseiros e também diretamente em serviços pastorais. Além de Porto Alegre, trabalhou em Osório e Soledade, até chegar a Imigrante. Dedica seu tempo para oração, cozinha e cuida do pomar e das aves.
ENTREVISTA
“Somente 25% do envelhecimento é determinado pela genética”
Mariana Tocchetto Pritsch, Médica geriatra e assessora de Atenção à Saúde da Unimed/VTRP
• Mariana aborda os cuidados com pessoas centenárias.
• Que fatores contribuem para uma pessoa chegar aos 100 anos de vida?
Sabe-se que somente 25% do envelhecimento é determinado pela genética; os outros 75% são resultados dos hábitos que cultivamos durante toda a nossa vida e das escolhas que fizemos. Um estilo de vida saudável através de uma alimentação com equilíbrio e de qualidade, além de manter o corpo e mente ativos são os segredos para se chegar aos 100 anos de vida de forma mais prazerosa, feliz e qualificada. Acolhimento/apoio familiar e espiritualidade também são fundamentais.
• Quais hábitos uma pessoa centenária deve adotar?
Ter uma alimentação saudável, rica em fonte de cálcio e vitamina D para evitar a osteoporose, é fundamental. A atividade física é muito importante para os idosos, pois melhora o condicionamento físico, ajuda a fortalecer os músculos, auxilia a caminhar melhor, diminui o risco de quedas e facilita os movimentos dos braços, pernas e tronco. Cuidar da saúde mental também é importante, bem como permanecer algum tempo no sol, já que a vitamina D ajuda na fixação do cálcio e melhora o ânimo. E a casa tem que ser segura e livre de riscos de queda.
