Destravar o Porto exige esforço regional, afirmam especialistas

potencial logístico

Destravar o Porto exige esforço regional, afirmam especialistas

Debate abordou os desafios para transformar o complexo de Estrela em centro logístico que una os modais hidro, ferro e rodoviário

Destravar o Porto exige esforço regional, afirmam especialistas
Debate sobre o futuro e as oportunidades com a municipalização do Porto de Estrela ocorreu na tarde de ontem e foi transmitido pela Rádio A Hora 102.9. Foto: Fábio Kuhn

Como transformar o porto de Estrela em um polo logístico foi tema do programa Debates A Hora/Política Cidadã. Com a cessão do complexo para Estrela, o município e Vale do Taquari têm a oportunidade de transformar o transporte rodo-hidro-ferroviário.

Na avaliação dos especialistas, primeiro passo após a municipalização do porto é realizar um projeto de viabilidade técnico, econômico e ambiental. “Temos que ter uma equipe técnica para definir isso. Hoje não sabemos se é viável esse vultuoso investimento e não será apenas o município que irá fazê-lo”, aponta o presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, Paulo Menzel.

Na avaliação de Menzel, o projeto deverá definir qual dos modais de transporte poderão ser integrados ao planejado centro logístico. “Hoje não temos um porto, temos uma área com um rio que passa encostado e uma ferrovia que necessita de reformas”, ressalta.

Menzel aponta o repasse da estrutura à iniciativa privada como a melhor opção. Como funcionará essa privatização dependerá do que apontar o projeto, avalia.

Unir a região

Um encontro com intervenientes (transportadores, universidade e prefeitos) é necessário para entender quais os interesses da comunidade regional com o porto, aponta Menzel. Para ele, essa reunião deve ocorrer o mais rápido possível.

A opinião é compartilhada pelo conselheiro da Federasul, Oreno Ardêmio Heineck. Defende que o porto tem potencial para reformular a logística dos municípios de toda a região. “Essa articulação regional tem que acontecer e pode alavancar o Vale do Taquari para um novo ciclo virtuoso”, prevê.

Organizar um núcleo regional para embasar as decisões é sugestão de Heineck. Isso também evitaria que os debates do porto fossem apenas tratadas de forma política, acrescenta.

Viabilidade econômica

O diretor da Scala Logística, Valmor Scapini, citou a importância de tratar com as empresas do ramo de transporte a viabilidade de um complexo que une três modais rodoviários. “Não adianta oferecer transporte de cargas com navio se o caminhão se torna mais barato”, argumenta.

Scapini cita ainda que o projeto precisa ser pensado para atender o empresariado de forma imediata. “Temos que envolver quem vai usar e ninguém quer usar daqui há dez anos. A logística é um setor dinâmico e rápido”, aponta.

Para o vice-reitor e professor do curso de Logística da Univates, Carlos Cyrne, é importante projetar a viabilidade da exploração do porto. “Além das variáveis econômicas, técnicas e ambientais, tem que colocar a variável política”, ao defender um plano “que seja perene a quem vier governar”.

Cyrne defende uma estratégia integrada, que considere a agilidade do transporte e potencialize a exploração da malha rodoviária junto à abertura do canal hidroviário. “Nós temos que saber aproveitar muito bem essa oportunidade, depois de tanta ‘peleia’ para que a gente pudesse trazer para cá”.


Saiba mais

• O governo de Estrela assinou na semana passada o termo de cessão do porto, após quase oito anos de processo de municipalização. Com isso, tanto a área de 40 hectares quanto os prédios passam ao município.

• Atualmente, os modais de transporte estão parados. Os trilhos entre Estrela e Colinas estão danificados. Já o transporte por embarcações acabou entre 2015 e 2016 quando a única empresa que ainda realizava o serviço desistiu da operação entre Estrela e Rio Grande.

• Em função das eleições, a negociação com a iniciativa privada está impedida neste ano. Em um primeiro momento, o porto será usado por setores da Secretaria de Obras de Estrela.

 

Acompanhe
nossas
redes sociais