Vale tem desafio de reduzir mortes

setembro amarelo

Vale tem desafio de reduzir mortes

Região tem taxas maiores que as do estado e do país. No mês de setembro, municípios reforçam ações de saúde mental para prevenir novas ocorrências

Vale tem desafio de reduzir mortes

É um fenômeno histórico e sem explicações simples. Há anos, o Vale do Taquari apresenta alguns dos mais altos índices de suicídio do país.

Nos primeiros sete meses de 2020, a região teve 36 mortes por suicídio. Especialistas apontam que geralmente há subnotificação nos casos, muito em função do tabu que ronda o tema.

Para transformar essa realidade, municípios aprimoram programas de saúde mental. Em setembro, mês marcado internacionalmente por campanhas de valorização da vida, se intensificam as ações que oferecem atendimento a quem está em situação de sofrimento e buscam conscientizar a população em geral.

Atenção aos sinais

O psiquiatra Rafael Moreno destaca a importância de se manter atenção a indícios de comportamentos suicidas. “As pessoas tendem a acreditar que quem ameaça não se mata. Mas, em geral, as pessoas que falam que vão se matar têm de duas a três vezes mais chance de tentar o suicídio”, afirma.

Moreno pondera que os sintomas muitas vezes são inespecíficos e difíceis de serem identificados, mas há comportamentos que devem ser observados.

O psiquiatra defende a importância de se buscar atendimento médico. “Saúde mental não é diferente de qualquer outra área. Problemas de saúde têm de ser tratados com um profissional. Não precisa chegar no fundo do poço para procurar ajuda”, defende.

Treinamento para reduzir mortes

Imigrante é o município com maior taxa da região este ano. De janeiro e julho, foram duas ocorrências e houve uma terceira morte esta semana, ainda não contabilizada pela 16ª CRS. Desde 2010, o município nunca havia registrado mais de um suicídio em um mesmo ano.

Entre as iniciativas de prevenção, a psicóloga da atenção básica Camila Vian destaca a capacitação de agentes comunitárias de saúde. “Elas fazem as visitas domiciliares, então são elas que têm contato mais próximo com famílias e suas necessidades”, avalia. A atividade deve ocorrer no mês de setembro, ainda sem data prevista.

Casos voltam a crescer

Após um pico de nove suicídios em 2015, o município de Arroio do Meio teve uma redução até chegar a dois casos em 2019. Este ano, no entanto, foram cinco ocorrências de janeiro ao fim de julho.

O município inaugurou, no início do ano, a Casa Branca, espaço que concentra os serviços de saúde mental. As oficinas terapêuticas estão ocorrendo com atividades à distância, em função do distanciamento social. Os atendimentos seguem, ainda que reduzidos.

Atendimento a distância em Estrela

Para não deixar os munícipes desassistidos, o município desenvolveu um sistema de teleatendimento.
O serviço funciona de segunda a quinta-feira das 8h às 16h e nas sextas-feiras, das 8h ao meio dia.
A população do município pode ligar para o número 99519 8784 e ser atendida pelas psicólogas da atenção básica e da Estratégia de Saúde da Família.

“A pessoa pensa em suicídio quando não vê alternativa e não consegue falar sobre seu sofrimento. Esse serviço é uma forma de as pessoas poderem falar sobre suas preocupações e incertezas neste momento”, afirma a psicóloga e coordenadora do Caps, Roberta Schwingel.

Agentes do Caps visitam usuários

Em Encantado, as ações do setembro amarelo iniciaram ontem, com visitas presenciais aos usuários do Caps. Uma dupla de profissionais entrega folders com orientações e materiais com atividades das oficinas para fazerem em casa.

Na manhã da próxima sexta-feira, 11, profissionais do centro estarão na esquina da Rua Júlio de Castilhos com a Padre Anchieta orientando a comunidade sobre o assunto e como procurar ajuda.


Municípios sem casos desde o início de 2019

• Canudos do Vale
• Coqueiro Baixo
• Dois Lajeados
• Doutor Ricardo
• Pouso Novo
• Putinga
• Relvado
• São José do Herval
• São Valentim do Sul
• Travesseiro
• Westfalia
* Até o fim de julho de 2020
Fonte: 16ª CRS

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