“Narrador é emoção, inspiração e transpiração”

Abre Aspas

“Narrador é emoção, inspiração e transpiração”

Natural de Chapada, Luciano Silva e Silva, 43, trabalha faz 22 anos como narrador esportivo. Segundo ele, para desempenhar a função, é necessário sentir o frio na barriga ao pegar o microfone

“Narrador é emoção, inspiração e transpiração”
Vale do Taquari

Quem ou o que levou você a ser narrador esportivo?

Desde criança tinha o sonho de trabalhar em rádio, principalmente narrar futebol. Muitas vezes deixava de jogar com os amigos do bairro onde morava para ficar do lado do campo brincando de narrar.

Algum fato em especifico, ou alguém te influenciou a isso?

Sempre gostei de falar em público, na sala de aula, horas cívicas e isso acredito que influenciou o gosto pelo microfone. Mesmo antes de começar a trabalhar no rádio, ia nas partidas em que a rádio transmitia e ficava observando os narradores da época.

Onde você narrou sua primeira partida?

Foi na minha terra natal, pela Rádio Simpatia-AM, em um municipal de futsal. Na noite teve quatro decisões, feminino, master, veteranos e livre. Durante a semana meu diretor José Paulo Ledur (in memorian) me chamou e disse: ‘chegou o momento, sexta-feira tu abre as transmissões e narra o primeiro jogo’. Foi um baque, mas me preparei e dali em diante comecei a narrar.

Tem como definir a emoção que você sentiu?

Foi muito emocionante, pois a partir daquele momento em que abri a jornada, não estava apenas realizando um sonho, mas provando que poderia sim ser possível me tornar um narrador.

Algum narrador te inspira?

Desde a infância acompanhei vários narradores da minha cidade e região. Quando comecei na Rádio Simpatia, em 1997, ouvia muito os narradores da Gaúcha, pois entrávamos em cadeia com eles e me inspirava muito no Marco Antônio Pereira.

Em meio a tantas narrações, qual o jogo mais marcante para você?

Fica difícil escolher um apenas um em quase 23 anos de trabalho, mas teve dois que me marcaram. Em 2006, a equipe de Chapada foi vice-campeã do Gauchão Série Prata de futsal. Como havia ganho o jogo da ida, teve que disputar o título em Pelotas diante a UCPEL. Fomos sábado de manhã, transmitimos à noite e ficamos lá para a grande decisão domingo pela parte da tarde. Ficamos no alojamento de uma equipe de futsal de lá. Dormimos na concentração deles, embaixo da arquibancada, pois não se tinha muitas condições para pagar hotel naquela época.

O outro foi entre 2014 e 2015, na época estava na Emoção FM, de Arroio do Meio. Tive o prazer de acompanhar a fase boa de títulos do Lajeadense, onde narrei cinco das seis decisões da equipe Lajeadense. Nesse período pude realizar um sonho de criança que era transmitir um jogo de um estádio oficial. Narrei na Arena do Grêmio, Grêmio x Lajeadense. Foi de arrepiar.

Como você avalia as condições para trabalhar nos campos amadores pelo Vale do Taquari?

Avalio de uma forma positiva. Apesar de alguns locais deixarem a desejar em estrutura, principalmente cabine, mas no mais estão bem. Dá saudade da receptividade, calor humano, sem contar com os brindes que a equipe esportiva sempre ganhava.

Pra quem quer iniciar na locução, qual o grande conselho que você dá?

O conselho é: que se você não sentir um friozinho na barriga ao pegar o microfone e não se deixar levar pela emoção, não tente ser narrador. Narrador é emoção, inspiração e transpiração ao mesmo tempo, tem que sentir o jogo e principalmente colocar-se no lado de quem está ouvindo.

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