Maria Cesaria Souza, 48, moradora do bairro Centenário de Lajeado, não é médica, enfermeira ou técnica de enfermagem. Mesmo assim, seu trabalho é fundamental e está na linha de frente na luta contra a covid-19 no Hospital Bruno Born.
Ela e mais 75 profissionais são os responsáveis pela limpeza, higienização e organização dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde ficam internadas pessoas diagnosticadas pelo coronavírus.
Maria trabalha no HBB há mais de um ano e integra a equipe de limpeza da UTI Covid desde o início da pandemia, quando chegaram os primeiros internados. “Quando recebi esse convite, existia um medo muito grande com a contaminação e pelo trabalho cuidadoso que a função exige. Mas continuo até hoje”, diz.
A rotina dentro do HBB inicia às 7h e segue até as 19h. Antes de entrar no local de trabalho, começa o processo de proteção individual com uma série de equipamentos. Além do uniforme, são usadas luvas, botas, touca, máscara e protetor facial. “Este processo é repetido várias vezes ao dia, sempre ao entrar e sair dos leitos. Banhos também são constantes dentro da UTI”, explica.
Agora em tempos de pandemia, Maria cumpre 12 horas de trabalho no hospital, seguidas de 36 horas de folga.
“É um serviço diferente. Foi necessária uma adaptação de toda a equipe com o trabalho, com os equipamentos de proteção e, principalmente, lidar com o medo da contaminação. Afinal, temos o dever de dar segurança a todos os funcionários e pacientes. Hoje percebo que estamos mais seguros aqui do que em qualquer outro lugar”, destaca Maria.
Entre os fatos mais marcantes no ambiente hospitalar, Maria recorda do dia em que recebeu o convite de Line Vargas Ferrão para compor a equipe de limpeza da UTI covid. “Eu realmente achei que não seria capaz de enfrentar este desafio. Cheguei até a chorar, mas encarei este desafio”, lembra Maria.
Reconhecimento da equipe
Para quem está há mais de 7 anos no HBB, o momento é desafiador.
É assim que a coordenadora da Hotelaria, Line Vargas Ferrão, define a pandemia da covid-19. De acordo com ela, as medidas de segurança no ambiente hospitalar foram adotadas desde cedo, com treinamentos e orientações com todos os funcionários, desde a limpeza até a enfermagem.
Line lembra que 13 contratações emergenciais foram realizadas, além da compra dos EPIs. “Escolher as pessoas para trabalhar no setor covid foi um dos momentos mais difíceis”.
A coordenadora relata que, no início da pandemia, muitos profissionais tiveram o receio de estarem na linha de frente, porém hoje tudo isso já foi superado. Line acredita que a pandemia trouxe mais entrosamento para toda a equipe hospitalar. “Todos percebem a importância da higienização e dos profissionais responsáveis por ela”.
No HBB, Line reforça que a higienização passou a envolver toda a equipe. “Foi algo novo para todos”. Segundo ela, o serviço dos profissionais de limpeza foi mais valorizado. “O mais gratificante é poder ouvir áudios de pacientes recuperados e o retorno positivo de outros colegas da área da saúde. Todos sabem o quanto o trabalho de quem está na linha de frente é importante, indiferente da função desempenhada. A pandemia mostra que estamos todos no mesmo barco”, define.