A Univates desenvolveu, em parceria com outras universidades, um projeto de criação de um serviço de atendimento em saúde mental via telefone e internet. O projeto Vale a Vida foi aprovado em edital voltado a ações de combate à covid-19, que integra o programa Inova RS, da Secretaria Estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia.
O valor solicitado foi de R$ 144,7 mil. A iniciativa conta ainda com contrapartida de outras organizações envolvidas, chegando a um investimento total de R$ 222 mil. O objetivo é atender até 600 pacientes, que terão quatro consultas cada e seguirão em acompanhamento por 10 meses.
Após a aprovação, o projeto ainda precisa cumprir um trâmite até a liberação dos recursos. Coordenador do Vale a Vida e da Pós Graduação em Ciências Médicas da Univates, o professor Flávio Shansis estima que o programa entre em atividade no fim de 2020.
“Apesar de ter sido aprovado, não recebemos a verba ainda. A gente imagina que isso possa ocorrer em outubro. Depois desse período, teremos seleção e treinamento dos profissionais. Imaginamos que deva começar entre novembro e dezembro, não antes disso”, projeta.
A iniciativa capitaneada pela Univates conta ainda com a participação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e Universidade Estadual do RS (Uergs). Integram a equipe ainda profissionais das Secretarias de Saúde de Lajeado e de Santa Cruz do Sul, além das empresas Solis, Tekann Tecnologia da Informação e Tummi Aplicativos Desenvolvimento.
Atendimento virtual
O atendimento será aberto à população em geral. Os indivíduos com queixas de sofrimento psíquico que vivem nas regiões dos Vales do Taquari e Rio Pardo poderão entrar em contato com a plataforma digital.
A partir do primeiro contato, as pessoas avaliadas por telepsiquiatria que forem diagnosticadas com alto e médio risco de suicídio serão encaminhadas para atendimento presencial.
Os pacientes com baixo risco receberão um dos quatro tipos de teleatendimento disponíveis: telepsicoeducação isolada, telepsicoeducação com vídeos de suporte, telepsicoterapia breve cognitivo-comportamental ou telepsicoterapia breve interpessoal.
O fluxograma de atendimento remoto é baseado em um protocolo de teleatendimento disponibilizado pelo Ministério da Saúde para profissionais da saúde em tempos de pandemia, o TelePsi.
Preocupação com o pós-pandemia
Historicamente, as regiões dos Vales do Taquari e Rio Pardo apresentam índices de suicídio considerados altos. Esta foi uma das razões que levou à criação do projeto. O objetivo é que a iniciativa tenha efeito preventivo.
“Em uma região, como é a dos Vales do Taquari e Rio Pardo, onde a prevalência de suicídio é mais alta que no Brasil, isso pode acontecer especialmente no pós-pandemia. Então, o estudo busca atender e ter uma ação preventiva sobre o risco de suicídio”, afirma.