Igreja reativa alto-falantes para levar missa aos fiéis

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Igreja reativa alto-falantes para levar missa aos fiéis

Mesmo em tempos digitais, a Paróquia Santa Inês reativa alto-falantes da Igreja Matriz para transmitir celebrações na área urbana de Mato Leitão

Igreja reativa alto-falantes para levar missa aos fiéis
Som dos auto-falantes da torre da Igreja Matriz chega a um raio de 2 km, afirma o pároco Carlos André Mueller. Créditos: Fábio Kuhn
Vale do Taquari

As 18h de sábados se tornou horário sagrado em Mato Leitão. É neste momento que inicia a tradicional missa que, em tempos de pandemia, passou a ser transmitida por quatro alto-falantes instalados no alto da torre da Igreja Matriz da Paróquia Santa Inês.

O alcance das celebrações religiosas depende muito das condições do vento e propagação do som. Entretanto, conforme o pároco Carlos André Mueller, 54, fiéis que residem a cerca de dois quilômetros afirmam acompanhar o áudio de casa. “Pega praticamente todas as casa que estão no centro”, comenta o padre.

Instalado por volta dos anos 70, os alto-falantes funcionaram por anos na paróquia e eram utilizado até para divulgação de utilidade pública. Com o passar do tempo, novas tecnologias diminuíram a utilidade do sistema de som. Ultimamente, estava em desuso pela ociosidade das peças.

A reativação ocorreu em março, quando o regente do coral, João Kroth, concertou os equipamentos. A primeira missa com retorno dos alto-falantes foi realizada em 18 de abril – uma semana após a Páscoa.

Mesmo durante a pandemia, Mueller relata que as missas presenciais continuaram sendo realizadas, entretanto com a restrição de acesso a no máximo 50 pessoas por celebração. O uso do sistema de som faz com que muitos fiéis prefiram acompanhar a missa na segurança de casa.

Missa para outras religiões

Mato Leitão possui cerca de 4,5 mil habitantes, a maioria de religião católica. Presidente da paróquia, Eunice Heuser, percebe a aceitação da comunidade com o novo formato das celebrações. “As pessoas acompanham no jardim de suas casas, abrem as janelas ou vão nas calçadas. É muito gratificante de se ver”, aponta. Atualmente, a missa é transmitida até a benção. O ofertório e comunhão são restritos ao público interno.

Entretanto Eunice conta que parte da comunidade católica já pede a transmissão da missa na integra.
Até fiéis de outras religiões começaram a acompanhar a mensagem de fé, destaca Eunice. “Conversamos com vários grupos. Todos estão gostando”, percebe ao analisar os mais de quatro meses de transmissão via auto-falantes.

Além do sistema de som, o padre Mueller cita que os cristãos de Mato Leitão costumam se conectar com a igreja pelas lives divulgadas nas redes da Diocese de Santa Cruz do Sul ou pela Igreja Matriz São Sebastião Martir, de Venâncio Aires.

“A Torre que Fala”

Um dos padres que ficou lembrado pelo uso do sistema de som foi Miguel Ody. Em sua passagem pela paróquia (1976 a 1988), criou um programa chamado “A Torre que Fala”. Todos os sábados ao meio-dia, o religioso transmitia mensagens de fé e utilizava o canal para repassar informações da comunidade.

Desde a possibilidade de falta de água na rede comunitária até convites para assistir jogos do Fluminense de Mato Leitão. Tudo era anunciado por Ody. “Como na época não havia telefone, esse era o jeito de se comunicar”, relembra Eunice.

Outros padres também utilizaram o equipamento para avisos de falecimento e em celebrações especiais como o Corpus Christi.

Após a pandemia, a manutenção dos auto-falantes ainda é incógnita. “Estamos vivendo um momento que se trabalha dessa forma, passando esse capítulo vira outro momento e iremos avaliar qual a melhor forma de se fazer as celebrações”, pontua Mueller.

Já Eunice informa que a comunidade analisará com “muito carinho” a continuidade dos auto-falantes para o futuro.

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