Os crimes de estelionato aumentaram em 46% nas principais cidades do Vale do Taquari neste ano. De janeiro a julho, Lajeado, Estrela, Arroio do Meio, Encantado e Taquari tiveram acréscimo em relação ao mesmo período de 2019. A exceção é Teutônia, que registrou queda de 6% neste tipo de delito.
Em Lajeado, em 2020, já foram registrados 251 golpes contra 138 no ano passado, representando um aumento de 81,8%. Outro destaque é Arroio do Meio, com acréscimo de 78,9% no número de registros.
O delegado regional da 19ª Delegacia Regional de Polícia de Interior (19ª DRPI), José Romaci Reis, afirma que o aumento dos estelionatos está relacionado ao período de isolamento social provocado pela pandemia e que a maioria dos crimes ocorrem pela internet. Segundo ele, são comandados por organizações criminosas.
Demora na identificação
O delegado comenta que há certa dificuldade para identificar os criminosos. “Verificamos que, por sua maioria, os comandos ocorrem de dentro dos presídios para golpistas que estão fora. Após identificados, eles não chegam a ficar presos por muito tempo, pois crime de estelionato não tem violência”, explica.
Ainda de acordo com o delegado, também existe uma demora para solução dos crimes, pois todas ações da polícia dependem de ordem judicial, considerando as quebras de sigilo de companhias telefônicas.
Casos no estado
Conforme os números da Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP), de janeiro a julho de 2020, o estado registrou 28.961 crimes de estelionato. Já em 2019, o acumulado do ano foi de 25.203, representando um aumento de 14,9% até o momento. Em comparação com o mesmo período do ano passado, o acréscimo foi de 93,11%.
Principais golpes
A clonagem do WhatsApp é um dos golpes mais comuns atualmente. O criminoso induz a vítima a fornecer um código que chegará via SMS sob pretexto de efetivar alguma compra ou promoção, por exemplo. Se a vítima repassa a senha, o bandido invade o WhatsApp com o número da pessoa e passa a ter acesso a seus contatos. Dessa forma, solicita dinheiro ou o pagamento de algum boleto bancário para os amigos da vítima, com a promessa de que no dia seguinte ressarcirá a quantia.
Outra modalidade de estelionato que está em alta é conhecida como o “golpe dos nudes”, que também se enquadra no crime de extorsão. Conforme o delegado, o delito se caracteriza pela criação de perfis falsos em redes sociais. O criminoso se passa por mulher e ataca homens de meia idade. O mesmo golpe ainda pode contar com a participação de falsos policiais, juízes ou delegados, que entram em contato com a vítima, também por contas falsas, exigindo dinheiro para arquivar um suposto inquérito.
Como prevenir?
A orientação do delegado para evitar golpes de estelionatos pela internet é a prevenção. “Devemos desconfiar de tudo, evitar enviar dados bancários ou fotos íntimas, suspeitar de pessoas que solicitarem dinheiro e buscar sempre se certificar daquilo que é solicitado”, reforça.