Preço do leite é o melhor em 14 anos

Economia Rural

Preço do leite é o melhor em 14 anos

Aumento do consumo e alta do dólar elevaram o preço ao produtor. No entanto, custos de produção também estão mais altos

Preço do leite é o melhor em 14 anos
Conforme o produtor Hilário Fell, o momento não é de euforia, visto que os custos de produção também aumentaram de forma significativa. Foto: Gabriel Santos
Vale do Taquari

A alta no dólar, a baixa nas importações e a pandemia impactam o setor lácteo. Em agosto, o preço de referência pago pelas indústrias alcançou a marca de R$ 1,50. Esta é a maior cotação desde 2007.

Em janeiro, o preço médio estava em R$ 1,10. Na comparação com agosto de 2019, o aumento é de 33,6%. Os números são do Conselho Paritário Produtores / Indústria de Leite (Conseleite-RS).

Para o presidente do Sindicado das Indústrias de Laticínios do Estado (Sindilat), Alexandre Guerra, uma série de variáveis elevou o preço pago ao produtor e no mercado consumidor.

“Os planos emergenciais anunciados pelo Governo Federal deu mais renda aos necessitados. Em nível nacional foram injetados mais de R$ 30 bilhões na economia. Pessoas que antes não consumiam passaram a comprar mais produtos”, comenta.

Custo de produção

A mudança de hábitos no consumo interno e o aumento do dólar, que segurou a importação, também ajudaram o setor. Porém, muitos produtores já sentiram nos últimos meses o aumento no custo de produção.

A família de Hilário Fell, 66, trabalha com o setor leiteiro há mais de 45 anos. O produtor de Novo Paraíso, interior de Estrela, vê a elevação no preço como animadora ao setor, que por muito tempo sofreu com a queda no preço e desvalorização. “No último mês recebemos R$ 2,05. Foi o melhor preço da história”.

Mesmo com o cenário alentador, Fell não mostra euforia em razão do aumento no custo de produção. Segundo ele, farelos de soja e milho tiveram uma elevação de 30%. “No ano passado, o quilo da casca de algodão estava em R$ 0,72, hoje está em R$ 1,25”, explica.

Compensar os investimentos

Para manter a competitividade, Fell nos últimos anos decidiu investir em tecnologia para elevar a produção. A propriedade conta com o sistema robotizado de ordenha e limpeza do galpão, além de todo o maquinário necessário para o cultivo de 60 hectares de terra. O plantel conta com 200 vacas em lactação.

A família Fell é uma das 450 produtoras do município de Estrela, o maior produtor leiteiro do Vale do Taquari. Na cidade, o plantel conta com mais de 6 mil vacas em lactação e uma produção que deve bater os 40 milhões em 2020.

Para o secretário de Agricultura José Adão Braum, o aumento compensa os investimentos realizados pelos produtores para se manter na atividade. Em Estrela,muitos produtores já contam com o sistema robotizado de ordenha. “Por muitos anos o agricultor trabalhou no prejuízo. A expectativa é que a elevação continue, é momento de respirar mais aliviado”.

A adequação às normativas impostas pelo Governo nos últimos anos tornou o produto mais competitivo e atrativo. Na contramão, muitos não conseguiram se adequar e desistiram da atividade.

Um balanço da Emater-RS do ano passado dá a dimensão destes movimentos. De 2015 para 2019, cerca de 33,5 mil produtores deixaram a atividade no Rio Grande do Sul.

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