“Essa pandemia deixa claro como é importante o espaço da escola”

Abre Aspas

“Essa pandemia deixa claro como é importante o espaço da escola”

Valderis Piccinini é professora faz 28 anos. Atua tanto com alunos das séries iniciais, que estão sendo alfabetizados, quanto com aqueles que serão futuros professores, no curso normal (magistério) do Colégio Castelo Branco. Vive todos os dias no exercício da teoria e da prática. Pela distância exigida neste momento, realça a importância da escola para a formação das crianças e dos jovens

“Essa pandemia deixa claro como é importante o espaço da escola”
Vale do Taquari

• Como foi entrar pela primeira vez em uma sala de aula?

Todo dia é uma novidade. Claro que no início eu tinha muito mais insegurança. Mas esse sentimento se repete a cada início de ano letivo. A cada recomeço é um novo aprendizado. Nenhum ano é igual ao outro.

Trabalhamos com pessoas e elas nunca são as mesmas. O aluno que estava comigo no ano passado, hoje é outro. Ele amadureceu. Então o trabalho nunca é o mesmo. Na essência sim, de ajudar na formação dessa criança e desse jovem, mas a interlocução, a proximidade do dia a dia, é sempre uma realidade diferente.

• Passadas quase três décadas como professora, quais as principais diferenças de quando começou para hoje?

Foram muitas as transformações. A sociedade era outra, a relação com o conhecimento também. O valor que se dava ao ensino. Hoje o aluno tem um acesso muito fácil à tecnologia, com muita informação a todo o tempo.

No passado a construção do conhecimento dependia de pesquisa nos livros, de idas às bibliotecas, leitura e perguntas. Hoje basta um clique. Porém, mesmo com tanta facilidade, percebo que os estudantes têm mais dificuldade em filtrar as informações.

Ao mesmo tempo em que é fácil descobrir algum assunto, há perda de qualidade no sentido da construção do conhecimento. Do pensar por si. Vejo que é preciso crescer neste sentido, de tornar o acesso a tecnologia mais produtivo.

• Como fazer para que esse conhecimento se torne sabedoria?

Fazendo com que o jovem crie e que produza. Acredito muito nisso. Temos de lançar desafios. Isso tem de começar na Educação Infantil, para já criarem um pouco de autonomia. Para mim, os adolescentes, os jovens, precisam pensar, produzir, criar. Ter experimento sobre a autoria e não só reproduzir o que leram ou pesquisaram na internet.

• Como é essa experiência de ensinar para alunos no início da vida estudantil e para futuros professores?

Todas as turmas que tive nos anos iniciais sempre foram uma inspiração para meu trabalho na formação de professores. Muitas vezes estou no Castelinho, com aulas no magistério, e o que vivo com as crianças está comigo. Vivo de verdade a experiência entre teoria e prática. Pois a partir disso, procuro levar a realidade da alfabetização para os futuros professores. Para mim, é um privilégio.

• E essa distância das turmas. Como é ensinar com aula remota?

Um grande desafio. Algo que nestes 28 anos de profissão jamais imaginei que iria passar. Disso tudo, temos a certeza que sempre aprendemos. Eu aprendo com as aulas remotas para o curso normal (magistério) e também no planejamento das atividades para os pequenos. Essa pandemia deixa claro, para alunos e professores, como é importante o espaço da escola.

Claro que tentamos fazer da melhor forma possível, mas não há substituição para estar dentro da sala de aula, de interagir, do olho no olho. A proximidade facilita a leitura de como o aluno absorve o conhecimento. Podemos fazer intervenções pontuais nos casos de dificuldade sobre algo. Penso que é assim que crescemos.

Acompanhe
nossas
redes sociais