Famílias ocupam espaços públicos para construir moradias

Lajeado

Famílias ocupam espaços públicos para construir moradias

Moradores alegam falta de comunicação com o poder público para regularização de lotes e afirmam não ter outro local para construir

Famílias ocupam espaços públicos para construir moradias
Desempregado Luiz Adenilson de Jesus está no Jardim do Cedro há um mês. Foto: Gabriel Santos
Lajeado

“Não tenho aonde ir. A minha opção era construir aqui no Jardim do Cedro ou morar embaixo da ponte”. O desabafo é do morador Luiz Adenilson de Jesus, 42, que está separado e desempregado desde abril e não encontrou um lugar para morar.

Assim como Jesus, outras dez famílias se encontram em situação irregular no bairro Jardim do Cedro, ocupando terrenos próximos ao condomínio Novos Tempo I, entre as ruas Elir Léo Bohrer e outra denominada como R.A., que pertencem à prefeitura de Lajeado.

Jesus iniciou a construção de uma moradia faz um mês. A pandemia e o desemprego foram os principais motivos para morar em um novo endereço. Antes disso, o local já era usado por ele para o plantio de algumas verduras há mais de três anos. “Cheguei a procurar ajuda do Cras, pedi o auxílio emergencial mas não recebi nada. O maior medo é que cheguem e tirem as famílias daqui”, descreve.

Demais moradores também cobram mais assistência do poder público para a regularização dos lotes e saneamento, tendo em vista que a rede de água, esgoto e energia elétrica são improvisadas e irregulares.

Sem emprego e renda, a dona de casa Lisete Rocha, 42, era moradora do bairro Floresta e também optou em residir no Jardim do Cedro. Segundo ela, máquinas da prefeitura já tentaram derrubar as residências em outras oportunidades, e o setor de fiscalização notificou os moradores alertando para a desocupação da área.

Mais invasões

Não é de hoje que áreas públicas em Lajeado são invadidas por famílias. Casos semelhantes costumam se repetir nos bairros Morro 25 e Santo Antônio. De acordo com a procuradora do município, Laura Sudbrack, as famílias já foram notificadas a deixarem os locais irregulares.

Em caso de desrespeito à lei, caberá ao poder público ingressar com a reintegração de posse local em 15 dias ou aguardar a decisão judicial para a posse do terreno. O mandado é cumprido com a presença de oficiais de Justiça. “Prezamos muito pelo diálogo entre as partes. Mas a lei não permite que as pessoas invadam terrenos de outras. É lei”, detalha Laura.

De acordo com a procuradora, várias denuncias chegam até a prefeitura pela ouvidoria. “Depois disso, fizemos um levantamento, visitamos as residências e emitimos as notificações”.

Pessoas de fora

A invasão de terrenos públicos não tem relação com a enchente de julho. Pelo menos é o que acredita Laura. Para ela, o principal motivo estaria relacionado com a vinda de pessoas de outros municípios que buscam em Lajeado novas oportunidades de emprego e condições de vida. Muitos até acabam vendendo os terrenos irregulares.

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