Após quase 30 anos, Codevat muda de endereço

Futuro do Conselho

Após quase 30 anos, Codevat muda de endereço

Formada em 91, secretaria do Codevat deixa a Univates e vai para Estrela. Assembleia em setembro também define data da próxima eleição. Economista Cintia Agostini confirma saída da presidência após quase oito anos à frente da entidade

Após quase 30 anos, Codevat muda de endereço
Comissão pró-duplicação da BR surgiu de debates dentro do Codevat. Foto de 2011 mostra ato em defesa de melhores condições na rodovia. Foto: Arquivo A Hora
Vale do Taquari

A pandemia trouxe incerteza quanto ao futuro do Conselho de Desenvolvimento Regional (Codevat). A secretaria da entidade fica na Univates desde a fundação, em 1991.

Devido à necessidade de redução de despesas, a reitoria decidiu pela transferência da estrutura, que irá ocupar uma sala no prédio da Antiga Polar em Estrela, onde funciona a Associação dos Municípios (Amvat).

“A Univates tinha interesse em manter o Codevat. Os conselhos de desenvolvimento, historicamente, surgiram dentro das universidades. Mas veio a pandemia”, diz a presidente, Cintia Agostini.

Muitos custos precisaram ser revistos frente ao impacto no orçamento da instituição de ensino, e o conselho entrou na lista de “cortes”. Por ano, o governo estadual repassa R$ 20 mil por ano para custeio do conselho. As demais despesas ficam por conta da Univates.

Com essa primeira decisão do novo endereço, também surge à dúvida quanto aos nomes da nova diretoria do conselho. A eleição deveria ter sido em março. Com os impactos da covid-19, não foi possível eleger os líderes do Codevat.

No dia 2 de setembro, os integrantes da organização se reúnem para estabelecer os próximos passos da entidade. Entre os temas, o principal é a postergação do mandato da atual diretoria até dezembro.

O que se sabe ao certo é que a economista Cintia Agostini deixa a presidência após quase oito anos à frente do conselho. O Codevat congrega líderes locais das áreas política, econômica, social e cultural de 36 municípios do Vale do Taquari, com atuação em assuntos estratégicos do Vale do Taquari.

Raio-X da região

O Codevat é um dos primeiros conselhos organizados do estado. Foi fundado em novembro de 1991. Em todos esses anos, em apenas duas ocasiões não foi presidido por nomes do quadro da Univates. Durante o período de transição, na década de 90, com o prefeito de Estrela Leonildo José Mariani. Depois entre 2011 e 2012, com o prefeito de Fazenda Vilanova José Cenci.

O conselho teve importante contribuição em diversas estratégias locais. Em entrevista anterior, o próprio reitor da Univates, Ney Lazzari, afirmou que a formação do Codevat foi fundamental para estabelecer a ideia de região no Vale do Taquari, por conseguir interpretar as potencialidades e carências das diferentes cidades.
Órgão de caráter consultivo foi o berço de diversas entidades locais. Como a própria Amvat, também a Associação dos Municípios de Turismo (Amturvales) e a Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT).

A atuação em defesa de diversos temas regionais pode ser percebido em documentos como o planejamento estratégico regional, da organização da Consulta Popular e na defesa de melhorias na infraestrutura regional, em especial do modal rodoviário, de abastecimento da energia elétrica, dos estudos sobre o saneamento básico e da qualidade nos serviços de telefonia.


ENTREVISTA

Cintia Agostini, presidente do Codevat
• Necessidade de formar mais lideranças. Esse é um dos aspectos para a saída de Cintia Agostini da presidência  do Codevat. Para ela, não se pode personificar a atuação dentro do conselho.

Foto: Arquivo A Hora

Quais os motivos da sua saída da presidência do conselho?
Cintia Agostini – São dois motivos. A questão institucional, de reduzir a participação da universidade devido à necessidade de reduzir custos. A outra é com relação a minha dedicação para outros assuntos, mais para o parque tecnológico da Univates. Eu sou coordenadora do Tecnovates e tenho de aumentar meu envolvimento. Mas a ideia é fazer isso de uma forma organizada, com um processo de transição. Não é imediato.

• A saída da Univates não enfraquece o Codevat?
Cintia – Sempre trabalhamos de forma participativa. Eu acredito que é assim que vamos construir e avançar. Dentro da Univates, temos a ideia de continuar participando. Quem sabe eu até formando uma chapa de situação, mas na vice-presidência.
Vínhamos desde o ano passado conversando sobre a necessidade de termos mais líderes. Sei do trabalho que faço e sei que não podemos personificar. É preciso dar espaço para outras pessoas. Afinal estamos falando de um conselho. Eu sempre tive suporte na entidade e acredtio no coletivo e na participação. Renovar é parte do processo.
Estamos falando de conselho, tem de ter vários atores. Sempre tive suporte. E tem de construir, ficar eterno. Acredito coletivo e participação. Tem de renovar. Isso é parte do processo.

• Qual deve ser o perfil do futuro presidente?
Cintia – Tem de ser alguém com a visão do todo. Consiga olhar as necessidades do ponto de vista empresarial, mas também sobre os serviços de saúde, sobre a produção rural, a educação, a infraestrutura e outros temas.
Não sabemos como será a próxima eleição, se a situação terá uma chapa de oposição. Dentro da diretoria avaliamos alguns nomes.

• Quais nomes?
Cintia – No momento não é oportuno apontar para um ou outro. O que precisamos mesmo é de alguém que pense a região como um todo. Talvez de abrir para líderes de outros municípios, não só de Lajeado. Mas isso não quer dizer que alguém daqui não possa ser o próximo presidente. Esse assunto está em construção. Se tiver essa visão macro, não importa de onde esse nome seja.

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