Lesões barram carreira promissora

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Lesões barram carreira promissora

Natural de Franca, interior de São Paulo, Tales Cabeceira era uma das principais apostas do Grêmio na categoria de base. Os problemas musculares encurtaram a carreira. Hoje, depois de atuar pelo Lajeadense, adotou Lajeado para viver

Lesões barram carreira promissora
Tales foi revelado pelo Grêmio - Crédito: Arquivo Pessoal
Lajeado

Nos últimos anos vimos vários exemplos de jogadores dados como promessas nas categorias de base, que por motivos distintos acabam não vingando e não alcançando o sucesso que era esperado. Esse foi o caso de Tales Cabeceira.

Natural de Franca, interior de São Paulo, o jogador era tido como uma das principais promessas do Grêmio, mas uma lesão durante a Copa São Paulo de Futebol Júnior o tirou do futebol por seis meses. No período que ficou fora surgiram outros atletas e o nome de Cabeceira acabou esquecido. “Eu era considerado uma promessa para estourar no profissional, mas não aconteceu e eu entrei na lista dos atletas que tinham tudo para ser grandes jogadores e não viraram.”

No tricolor ficou até os 21 anos. Na base jogou com atletas que viraram referência no Brasil e no mundo, como Ronaldinho Gaúcho, Tinga e Bolívar.

Depois do Grêmio passou por vários times, entre eles Novo Hamburgo, La Equidad (Colômbia), Francana (São Paulo), Chapecoense (Santa Catarina), São Gabriel (Rio Grande do Sul) até chegar no Paranavaí e ter sucesso na carreira.

Título paranaense

Durante os 15 anos de carreira, Cabeceira teve vários momentos bons, mas o que ficou marcado na memória foi o título do Campeonato Paranaense, conquistado pelo Paranavaí, em 2007. Na semifinal fez um gol e deu uma assistência, classificando o time para a final. Na decisão contra o Paraná, o Paranavaí venceu o primeiro jogo – gol de Cabeceira. Na partida de volta, empate sem gols e título. “A cidade parou, foi dois dias de festa. Jogamos sete jogos contra os times da capital, ganhamos quatro partidas e empatamos três. Ganhava pouco financeiramente, mas deu tudo certo, foi um ano muito legal, muito bacana.”

A passagem pelo Náutico

Depois da belíssima campanha com o Paranavaí, Cabeceira chegou no Náutico como reforço para a Série A. A estreia foi contra o Cruzeiro e que rendeu uma história curiosa. “Nos treinos, ficava treinando falta e o Roberto Fernandes, meu treinador na época, brincou que queria ver o aproveitamento no jogo. Na minha estreia pelo time, deu uma falta logo no primeiro minuto de jogo, peguei a bola e fiz o gol. Pensei hoje vai dar, quando vi tava 4 x 1 para o Cruzeiro. Levei três horas para sair do estádio aquele dia (risos).”

No ano seguinte um jogo contra o Goiás o tirou do clube. Após um erro de marcação, Paulo Baier abriu o placar para os visitantes. Na saída do meio-campo, os companheiros tocaram a bola para Cabeceira que ouviu as vaias dos torcedores que lotavam o estádio. “No intervalo o técnico veio e me disse: ‘acho que tenho que te tirar né?’. Eu disse para ele: ‘não professor, tu deveria ter me tirado já na primeira vaia. (risos)’.” No primeiro treinamento pós jogo, a direção foi conversar com o jogador e sugeriu para buscar uma outra equipe.

Experiência longe do Brasil

Depois que deixou o Náutico, Cabeceira foi ter uma experiência fora do país e foi atuar na China. No continente asiático, comenta que foi um experiência muito legal e era um local onde gostaria de ter ficado mais do que os nove meses que permaneceu no país. A saída do atleta foi atrelada a troca de diretor. O que estava queria permanecer com o atleta, mas como saiu, os que ficaram mandaram Cabeceira esperar. O medo de ficar sem time, obrigou o jogador a retornar para o Brasil. “Até brinco que abri as portas para os brasileiros na China. Depois que sai de lá começaram com os salários exorbitantes no futebol chinês.”

Chegada ao Lajeadense

O Lajeadense foi o último clube na carreira do jogador. A chegada no alviazul foi intermediada por Luis Fernando, gerente de futebol, e Ricardo Mello, empresário. Segundo Cabeceira, o clube precisava de um volante canhoto. A proposta veio ao encontro do que o atleta procurava. Com família e casa no Rio Grande do Sul, recusou uma proposta de renovação do Noroeste para retornar ao sul. “Fui muito feliz e estou aqui até hoje. Adotei a cidade para morar. Isso me fez ficar na cidade, fiz muitos amigos, muita história legal pra contar, trabalho em um clube muito bacana. ”

A passagem foi curta por causa das lesões, foram três em dois anos. Depois seguiu na parte administrativa do clube, onde participou dos anos de glória do Lajeadense. “O que eu vivi no Lajeadense foi muito legal e não será apagado.”

Futuro

O atleta não se arrepende pelo rumo que a carreira levou. Segundo ele, o fato de ter muitos amigos e ter conhecido várias cidades do Brasil e do mundo preenchem a lacuna que o futebol profissional não completou. “Não me arrependo de nada, poderia ter ido mais longe, agradeço a Deus por todas as oportunidades que tive.”

Afastado do futebol profissional, o ex-jogador comenta que está muito feliz com o trabalho desenvolvido no CTC, mas não descarta retornar retornar à algum clube no futuro. Lembra que quando deixou o Lajeadense recebeu propostas de outras equipes, mas não aceitou. “Hoje meu desafio é fazer o trabalho no CTC, trabalhar para ao associado e fazer o meu melhor aqui. Quero aproveitar as oportunidades que tenho e crescer ainda mais como pessoa.”

Ficha técnica

Nome: Tales Cabeceira

Idade: 38

Natural de: Franca-SP

Reside em: Lajeado

Posição: Volante

Times por onde passou: Grêmio (POA-RS), Envigado FC (Colômbia), Novo Hamburgo (Novo Hamburgo-RS), Francana (Franca-SP), Chapecoense (Chapecó-SC), Juventude (Caxias do Sul-RS), São Gabriel (São Gabriel-RS), Londrina (Londrina-PR), Rio Negro (Manaus-AM), Paranavaí (Paranavaí-PR) Náutico, Changsha Ginde (China), ABC (Natal-RN), Noroeste (Bauru-SP), Sertãozinho (Ribeirão Preto-SP) e Lajeadense (Lajeado-RS);

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