Produtores contam perdas após geada

Economia Regional

Produtores contam perdas após geada

Condição climática afeta o desenvolvimento de plantas

Produtores contam perdas após geada
Vale do Taquari

As belas paisagens proporcionadas pela formação de geada são motivo de preocupação para o produtor rural. Após veranico de julho e do início de agosto, temperaturas negativas surpreenderam os trabalhadores do campo. No amanhecer de sexta-feira, 21, a mínima em Boqueirão do Leão foi de -4°C.

Plantas no início da germinação podem sofrer atraso no desenvolvimento. Conforme a técnica da Emater/RS-Ascar, Celita Peterson a estimativa é que 20% do milho gaúcho já foi plantado. “Na região alta, como é o caso de Boqueirão do Leão, o plantio ocorre a partir de setembro, mas algumas lavouras foram antecipadas”, comenta.

Conforme Celita, a geada pode representar perdas na safra de grãos se não houver o replantio. “Depende muito da condição da planta, considerando umidade e tempo de plantio. Mas em alguns casos queima a brotação e provoca falhas na lavoura”, explica.

O cenário não é diferente na cultura do tabaco. “Alguns produtores plantaram de forma precipitada, pois ainda estamos no inverno e não podemos descartar fatores climáticos como ocorreram esta semana”, aponta a técnica do escritório da Emater de Boqueirão do Leão.

Com a lavoura atingida pela geada, o produtor rural Mário Almeida, 62, ainda não sabe o tamanho do prejuízo. A camada branca de gelo cobriu área com 13 mil pés de tabaco. “Fiz o plantio faz 11 dias, as mudas estavam bonitas e fez calor naquela semana”, revela o agricultor.

Almeida vai aguardar alguns dias para ver a reação das plantas. “Não adianta eu replantar agora, pois ainda preciso ver o quanto foi afetado”, revela. Só para substituir as mudas, o agricultor estima despesa na faixa de R$ 1,5 mil.

Lavouras de trigo

De acordo com o engenheiro agrônomo, extensionista da Emater de Estrela, Alvaro Figueira Trierweiler a geada registrada no último dia 21 afetou diretamente a produção do trigo.

“As plantas estavam no período de floração e enchimento de grãos. Na próxima safra poderemos ter uma queda na produtividade que pode chegar aos 50% dependendo da propriedade”, explica.

Um dos maiores problemas, conforme Figueira é com a cultura do trigo, variando muito de região. Uma das alternativas para os produtores é recorrer ao seguro agrícola, por se tratar de uma cultura sensível.

Na linha Arroio do Ouro, o produtor Fernando Mallmann, 36, teme maiores perdas com a última geada. “Este ano é atípico. Minha lavoura já foi atingida pela enchente, estiagem e agora pelo frio histórico.”

Ao todo, 16 hectares de trigo foram destinados para a cultura. O plantio ocorreu em 1º de junho. Com o frio severo previsto para o final de semana, toda a produção será comprometida. “Agora era uma fase crucial para a planta. O frio chegou e atrapalhou a formação dos grãos”, descreve.

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